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Plano ambiental 'resgata credibilidade' dos EUA, mas divide país

3 ago 2015 - 19h17
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Ao anunciar seu Plano de Energia Limpa nesta segunda-feira, o presidente americano, Barack Obama, disse que se tratava "do maior e mais importante passo que já demos" para combater o aquecimento global.

Plano de Obama quer fazer com que EUA chege a reunião sobre clima da ONU, em dezembro, com mais credibilidade
Plano de Obama quer fazer com que EUA chege a reunião sobre clima da ONU, em dezembro, com mais credibilidade
Foto: EPA

O plano – que pretende reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa nos Estados Unidos em um terço em 15 anos – deverá desencadear batalhas legais e retóricas no país.

"Somos a primeira geração a sentir os impactos das mudanças climáticas e a última capaz de fazer algo a respeito", afirmou. "Se não agirmos, ninguém agirá."

Segundo Obama, os Estados Unidos devem "mostrar o caminho" a outros países nesse campo.

"Estou convencido de que nenhum outro desafio impõe uma ameaça maior ao futuro do planeta."

O programa anunciado por Obama busca subsituir energias poluentes por fontes renováveis, como a eólica e a solar.

Opositores afirmam, no entanto, que o presidente declarou uma "guerra contra o carvão", hoje responsável por mais de um terço da geração energética do país e setor importante para a economia de alguns Estados americanos.

Alguns governadores já anunciaram que vão ignorar o plano ou o questionarão na Justiça.

Ação 'significativa'

A meta de Obama é cortar as emissões de carbono do setor energético em 32% até 2030, tendo como base os níveis de 2005.

O Plano de Energia Limpa é, até agora, a principal política de Obama para frear o aquecimento global.

Desde o ano passado, ele firmou com a China e outras nações metas de redução das emissões de carbono.

O tema também entrou na agenda da visita da presidente Dilma Rousseff a Washington em junho, quando os dois países anunciaram metas para ampliar o percentual de fontes renováveis na matriz energética.

Com os acordos, Obama espera chegar à próxima reunião da ONU sobre clima, em dezembro, em Paris, em posição fortalecida para negociar metas globais para a redução das emissões de carbono.

O plano recém-anunciado aumenta a credibilidade dos Estados Unidos nas negociações climáticas, diz o analista da BBC para o clima, Matt McGrath.

De acordo com McGrath, muitos países suspeitavam da postura dos Estados Unidos nessa área, já que Washington se recusou a ratificar o Protocolo de Kyoto, última tentativa global de reduzir as emissões de carbono.

"O novo plano do presidente chega num momento crucial para os preparativos para Paris", diz.

Para ele, o anúncio pode estimular outros países a divulgar suas metas de redução de emissões – até agora, só 49 nações as anunciaram.

O texto base que está em negociação na ONU tem mais de 80 páginas. Analistas dizem que, para que a reunião seja um sucesso, ele precisará ser reduzido.

Organizações ambientais receberam bem o plano, mas cobraram mais ações do governo americano para frear o aquecimento global.

"Essa é a ação mais significativa até agora do governo Obama, mas ainda não é suficiente para garantir o seu legado climático", disse a diretora executiva da ONG 350.org, May Boeve.

Em sua conta no Twitter, o Greenpeace afirmou que o Plano de Energia Limpa é um "passo adiante", mas cobrou o governo americano a frear a exploração de petróleo no Ártico.

'Catastrófico e irresponsável'

A oposição a Obama anunciou que se mobilizará contra o plano. Políticos conservadores americanos tradicionalmente questionam o impacto humano no aquecimento global.

O pré-candidato republicano à Presidência Marco Rubio disse que o programa seria "catastrófico". Outro candidato, Jeb Bush, o qualificou como "irresponsável".

Nos Estados de Utah, Wyoming, Missouri, Indiana, Kentucky e West Virginia, o carvão é responsável por mais de 80% da geração de eletricidade.

O plano de Obama dá a cada Estado metas de redução de carbono e exige que apresentem propostas ao governo federal sobre como atingirão os objetivos.

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