Pulmão artificial funciona em ratos, mostra estudo americano
Pesquisadores dos EUA anunciaram na terça-feira que criaram um pulmão artificial primitivo, com o qual ratos respiraram por várias horas, e disseram que isso pode ser um passo rumo ao desenvolvimento de novos órgãos feitos a partir das células dos próprios pacientes.
O trabalho, relatado na revista Nature Medicine, é o segundo em um mês a ser divulgado por pesquisadores que buscam maneiras de regenerar pulmões a partir de células comuns.
No novo estudo, Harald Ott e seus colegas do Hospital Geral de Massachusetts e da Escola Médica de Harvard, em Boston, retiraram células dos pulmões dos ratos e as colocaram em um biorretator, junto com vários tipos de células pulmonares humanas, simulando a pressão interna do organismo para produzir um pulmão funcional e flexível.
As células se implantaram e desenvolveram os diferentes tecidos pulmonares, segundo a equipe de Ott. Transplantadas para ratos, tais células funcionaram por cerca de seis horas, ainda que de modo imperfeito.
Os pesquisadores pretendem agora repetir a experiência com células-tronco mais imaturas. Células-tronco são o "manual de instruções" do organismo, capaz de dar origem a qualquer tipo de tecido. Quanto mais imatura, maior a capacidade de diferenciação celular. Células-tronco embrionárias ou as chamadas células-tronco pluripotentes induzidas (geneticamente alteradas) seriam ideais para isso.
"Quase 25 milhões de pessoas vivem com doença pulmonar obstrutiva crônica, e aproximadamente 120 mil pacientes morrem de doença pulmonar em estágio terminal anualmente só nos Estados Unidos", escreveram os cientistas.
"O transplante pulmonar continua sendo o único tratamento definitivo para a doença pulmonar em estágio terminal. Como com outros órgãos, porém, a oferta de doadores de pulmão é limitada. Em 2005, apenas um em cada quatro pacientes que esperavam um pulmão foi submetido a transplante", acrescentaram eles, citando dados da Rede Unida de Compartilhamento de Órgãos.
No mês passado, uma equipe da Universidade Yale, de Connecticut, implantou tecido pulmonar modificado em ratos, o que permitiu que os roedores respirassem por cerca de duas horas.