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Pesquisador descobre espécie de aranha vegetariana

14 out 2009 - 08h48
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Em estudos de campo conduzidos no México dois anos atrás, Christopher Meehan, então aluno na Universidade Villanova, dedicou seu tempo a observar uma aranha saltadora que vivia em uma acácia. A planta também abrigava grande número de formigas, já que acácias e formigas oferecem um exemplo conhecido de mutualismo - os insetos oferecem proteção à planta e em troca a acácia produz pontas de folhas saborosas com as quais as formigas podem se alimentar.

Meehan compreendeu que a aranha estava provavelmente caçando em busca de um jantar. "Fiquei esperando que ela tomasse uma formiga como presa", ele disse. Em lugar disso, para sua surpresa, a aranha, da espécie Bagheera kiplingi, manobrava para passar pelas formigas e preferia se alimentar das pontas de folhas.

Meehan, hoje na Universidade do Arizona, descobriu o primeiro exemplo de uma aranha em larga medida vegetariana. Ele e Eric Olson, da Universidade Brandeis, que observou comportamento semelhante entre a B. kiplingi na Costa Rica, publicaram um estudo sobre o assunto na revista Current Biology.

Algumas aranhas ocasionalmente se alimentam de pólen ou néctar, mas apenas como suplemento para sua dieta típica formada por insetos. Por meio de observações e análises isotrópicas, os pesquisadores observaram que a B. kiplingi prefere folhas a formigas, como alimento - especialmente no México, onde cerca de 90% da dieta do animal consistia de tecidos vegetais.

As aranhas caçam sua presa vegetal de maneira ativa. "Cada episódio de alimentação traz novos obstáculos", disse Meehan. "A aranha contempla um alvo, e ocasionalmente recua e volta a observar. Depois, usar diversas manobras acrobáticas para passar pelas formigas".

Meehan diz que o comportamento era um exemplo de exploração de mutualismo por terceiros organismos. "Está bem estabelecido que a interdependência entre as formigas e acácias permitiu o surgimento das folhas saborosas", disse. "E agora a única aranha herbívora conhecida depende dessa interdependência".

Tradução: Paulo Migliacci ME

The New York Times
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