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Nobel de medicina, Sir Andrew Huxley completaria 95 anos hoje

22 nov 2012 - 07h53
(atualizado às 07h57)
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"Um dos maiores cientistas e administradores de universidade do nosso tempo", é assim que o jornal britânico The Guardian define Sir Andrew Fielding Huxley, que completaria 95 anos nesta quinta-feira. De uma família de nomes famosos na ciência e na cultura, este cientista foi agraciado com o prêmio Nobel de medicina em 1963 ao lado do também britânico Sir Alan Hodgkin e do australiano Sir John Eccles por revelar o funcionamento do mecanismo dos impulsos nervosos.

Era neto de Thomas Henry Huxley, biólogo do século XIX e um dos grandes nomes da área que na época foi virada de cabeça para baixo por Charles Darwin. Andrew era ainda meio-irmão do escritor Aldous Huxley - talvez o nome mais famoso da família.

Andrew Huxley foi professor do Trinity College, de Cambridge, e presidente da Royal Society. A partir de dois microscópios que existiam em sua casa quando ele era criança, o cientista ficou fascinado com a microscopia e logo descobriu seu talento para criar objetos mecânicos de diversos tipos.

A partir de 1939, colabora com Hodgkin - de quem era estudante de pós-graduação - em estudos sobre a natureza dos impulsos nervosos. Nessa época, havia um debate sobre como os sinais dos neurônios eram gerados e transmitidos através de filamentos e sinapses (as conexões com pequenos espaços entre os "braços" dessas células). Crescia a aceitação de que os sinais entre essas junções eram transmitidos quimicamente, mas como eles passavam pelo filamento era um mistério.

Uma das hipóteses é que seria um estímulo elétrico produzido por íons de sódio - tese refutada por Hodgkin em Cambridge. O problema para esse tipo de pesquisa é que um estímulo elétrico em um neurônio dura apenas uma fração de um milésimo de segundo, o que tornava impossíveis experimentos e observações na época.

Outra problema foi o início da Segunda Guerra Mundial. Hodgin foi encaminhado para trabalhar na pesquisa com radares, e Huxley acabou no comando antiaéreo e trabalhava desde estudos sobre cirurgias a radares e outros equipamentos.

Apesar de separados, os dois não perderam contato. Em sua autobiografia, Hodgkin conta como teve dificuldade no desenvolvimento de um novo tipo de radar antiaéreo e relatou o problema para Huxley. Este rapidamente fez alguns desenhos, pegou emprestado um torno mecânico e resolveu os problemas do professor.

Essa capacidade de desenvolver novos equipamentos levou Huxley e Hodgkin a criar, ao longo de seis anos, as ferramentas necessárias para estudar os impulsos dos neurônios. Eles mostraram que os sinais eram produzidos não apenas no núcleo do filamento, mas também na membrana externa pela produção em cascata de dois tipos de íons. A descoberta e a detalhada explicação matemática do processo renderam aos dois o Nobel.

O trabalho foi completado em 1952, quando Huxley dava aulas em Cambridge e já se questionava sobre outro processo fisiológico: como os músculos se contraem? Como era comum nos temas que chamavam a atenção do cientista, essa pesquisa precisava de um novo tipo de equipamento para observar o funcionamento das fibras musculares. Huxley não resistiu e começou a criar um novo tipo de microscópio só para levar adiante o estudo - na verdade, outros pesquisadores também desenvolviam o microscópio de interferência e o equipamento já havia sido proposto havia mais de 50 anos. Huxley frequentemente usou esse exemplo para argumentar sobre o quão rapidamente valiosas ideias tecnológicas e científicas podem ser esquecidas se ficarem incompletas ou inexploradas.

Além de Cambridge, Huxley deu aulas em outra prestigiada universidade britânica, a College London. Ele foi presidente da Royal Society entre 1980 e 1985.

Sir Andrew Fielding Huxley morreu em maio de 2012, aos 94 anos. A morte foi anunciada pelo Trinity College, da Universidade de Cambridge, do qual ele foi diretor entre 1984 e 1990.

Com informações do The Guardian e do The New York Times..

Fonte: Terra
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