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Nasa: descobertas de sonda lunar vão de pegadas a "riachos"

7 jul 2010 - 08h38
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A sonda Orbital de Reconhecimento Lunar (LRO, na sigla em inglês) completou no dia 23 de junho um ano na órbita do nosso satélite natural. Para comemorar, a Nasa - a agência espacial americana - elegeu as dez observações "mais legais" do equipamento. Os registros vão de "riachos" lunares aos primeiros passos do homem na Lua.

O lado distante da Lua: sempre se referiu de maneira errada a essa face como "lado negro da Lua", mas ela recebe tanta luz quanto a outra face. A LRO está registrando muitos dados dessa metade, ela descobriu, por exemplo, que ela tem as maiores crateras do sistema solar
O lado distante da Lua: sempre se referiu de maneira errada a essa face como "lado negro da Lua", mas ela recebe tanta luz quanto a outra face. A LRO está registrando muitos dados dessa metade, ela descobriu, por exemplo, que ela tem as maiores crateras do sistema solar
Foto: Divulgação

O lugar mais frio do sistema solar

No ano passado, a sonda encontrou um lugar na Lua, no fundo da cratera Hermite, onde a temperatura chega a -248°C. Segundo os astrônomos, esse é o local mais frio conhecido no Sistema Solar. Para se ter uma ideia, os cientistas estimam que a superfície do ex-planeta Plutão chegue a -184°C. Outros locais extremamente frios foram encontrados no fundo de crateras no polo sul do satélite natural.

Os primeiros passos de astronautas

Em 20 de julho de 1969, os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin entraram para a história ao dar os primeiros passos na Lua. Eles passaram cerca de duas horas e meia para tiras fotografias e realizar alguns experimentos científicos, antes de retornar ao módulo e iniciar o retorno à Terra. A sonda da Nasa conseguiu registrar imagens do local do pouso da Apollo 11, inclusive de parte do módulo que ficou na Lua, rastros deixados pelos astronautas e outros equipamentos deixados para trás.

As marcas da Apollo 14

A Apollo 14 tinha como uma das missões coletar amostras da borda da cratera Cone. Contudo, após 1,4 mil m de caminhada em direção à cratera, o controle da missão notou que Alan Shepard e Edgar Mitchell estavam com batimentos cardíacos muito acelerados devido ao desgaste. Além disso, a agenda apertada da missão fez com que a Nasa determinasse que os astronautas retornassem, desistindo da empreitada. A LRO encontrou o local de pouso e os rastros da Apollo 14 e descobriu que os astronautas precisavam caminhar apenas mais 30 m para chegar à borda da cratera.

Sonda russa perdida

A sonda robótica russa Lunokhod 1 percorreu cerca de 10 km da superfície lunar em 1970. Cerca de 10 meses depois, em 1971, os cientistas da Rússia perderam contato com a sonda e tentaram encontrá-la lançando lasers em seus espelhos refletores - que retornam o laser na mesma direção. Cerca de 40 anos depois, em março, a LRO conseguiu encontrar a sonda desaparecida. Testes com laser confirmaram que era o equipamento russo e que seus espelhos refletores ainda funcionavam perfeitamente, com cinco vezes mais precisão que os do Lunokhod 2, que foram utilizados durante anos por cientistas em experimentos. A Lunokhod 1 estava a quilômetros de distância de onde a equipe de busca dos anos 70 acreditava.

O lado negro da Lua ou o lado distante da Lua

A ação da gravidade da Terra fez com que a rotação da Lua diminuísse tanto que ela sempre mostra apenas uma face ao nosso planeta. Segundo a Nasa, se referiu de maneira errada à face "escondida" de "lado negro", mas o correto é chamá-la de "lado distante" da Lua, já que ela recebe tanta luz do Sol quanto a face próxima. A agência afirma que a LRO está registrando muitos dados dessa metade do satélite natural, ela descobriu, por exemplo, que ela tem mais crateras e algumas dos lugares mais interessantes da Lua, como as maiores crateras do sistema solar.

Contagem de crateras e pedras

Segundo a Nasa, a câmera do LRO tem uma resolução 10 vezes maior que qualquer outra sonda ou nave que se aproximou da Lua. Essa capacidade levou ao registro de detalhes nunca vistos anteriormente, principalmente de crateras e pedras lunares, algumas com apenas alguns metros de diâmetro. Os cientistas estudaram os tamanhos, formas e distribuição para comparar as regiões da Lua e também compará-las com lugares como a Terra e Marte. Os astrônomos afirmam que esse tipo de estudo ajuda a entender a história natural do sistema solar. O projeto Moon Zoo (www.moonzoo.org) ainda permite que qualquer pessoa contribua com esse trabalho ao ajudar na contagem de crateras e rochas.

Montanhas

Enquanto na Terra as montanhas levam milhões de anos para serem formadas - através de uma lento e gradual processo de colisão de placas tectônicas -, na lua mesmo o mais alto monte se forma em minutos. A diferença é que no nosso satélite natural a geografia é mais afetada por asteroides e cometas que se chocam contra a superfície e formam picos que rivalizam em tamanhos com os do nosso planeta. Durante testes de câmera no ano passado, a LRO pôde registrar a superfície lunar por outro ângulo. Imagens da cratera Cabeus, por exemplo, mostram o terreno montanhoso do satélite natural. Além disso, a sonda pôde registrar o momento do impacto da missão LCROSS, que foi enviada à cratera. A LRO foi posicionada de uma maneira que conseguiu registrar tanto a nuvem de gás quanto o calor gerados pelo impacto.

"Riachos"

Os "riachos" são longas e estreitas depressões na superfície lunar que se assemelham, no seu formato, aos rios na Terra. Algumas são retas, outras são curvas e até sinuosas. Eles são visíveis às imagens de radar, que também podem ser registradas pela LRO. Os cientistas ainda tentam entender como essas estruturas se formaram no nosso satélite natural. Uma das hipóteses é de que eles tenham se formado por rios de magma. Os astrônomos acreditam que as observações da sonda ajudarão a compreender melhor os "riachos".

Fossos lunares

A LRO está registrando as mais detalhadas imagens de pelo menos dois fossos lunares - gigantescos buracos na superfície lunar. As observações levaram a Nasa a acreditar que esses buracos foram criados pela ação de tubos de magma, possivelmente aliados ao impacto de um meteorito. Segundo a Nasa, um dos fossos, o Marius Hills, tem 65 m de diâmetro e profundidade estimada entre 80 e 88 m, o suficiente para engolir a Casa Branca completamente.

Áreas constantemente iluminadas pelo Sol

Um dos principais objetivos da LRO é pesquisar a iluminação solar na Lua, que tanto fornece calor como é uma fonte de energia. Com os registros da sonda, os astrônomos conseguiram criar um mapa detalhada da iluminação, descobrindo que algumas áreas que chegam a ficar 243 dias recebendo luz do Sol e nunca tem um período de total escuridão maior que 24 horas.

Fonte: Redação Terra
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