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Morre cientista pioneiro nas pesquisas sobre argilas brasileiras

9 jan 2012 - 09h18
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Pioneiro nas pesquisas sobre argilas brasileiras, Pérsio de Souza Santos contribuiu para o avanço da indústria cerâmica no País. O pesquisador e professor titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) morreu no dia 1º de janeiro, aos 83 anos, em decorrência de um infarto. Souza Santos era membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). As informações são da Agência Fapesp.

Nascido em 1º de março de 1928 em Rio Claro, no interior de São Paulo, Souza Santos graduou-se em engenharia química em 1951 pela Poli-USP, ingressando em seguida no Instituto Butantan. Obteve o título de mestre em biofísica pela Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, em 1956, e os de doutor e livre-docente, respectivamente em 1959 e 1961, na Escola Politécnica da USP.

Em 1956, assumiu a chefia da Seção de Cerâmica da antiga Divisão de Química e Engenharia Química e atual Agrupamento de Tecnologia Inorgânica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que tinha como um dos objetivos identificar e avaliar a qualidade de minérios não metálicos brasileiros como argilas, feldspatos, talcos, calcitas e zirconitas, para utilização como matérias-primas pelas indústrias cerâmicas e químicas do Brasil.

A partir de 1962, tornou-se professor titular de química industrial nos Departamento de Engenharia Química e de Engenharia Metalúrgica e de Materiais na Poli-USP, sendo responsável por muitos anos por um grupo de química industrial. Como professor, orientou 24 dissertações de mestrado e 23 teses de doutorado sobre matérias-primas minerais brasileiras. Publicou mais de 300 trabalhos científicos em revistas nacionais e internacionais e foi pioneiro nas pesquisas sobre argilas no Brasil, formando gerações de pesquisadores na área.

Foi presidente da Comissão de Tecnologia do CNPq no período de 1968 a 1977, da Associação Brasileira de Cerâmica por duas vezes entre os anos de 1970 e 1980, da qual era conselheiro emérito, e vice-presidente de materiais da Sociedade Brasileira de Microscopia Eletrônica.

Realizou pós-doutorado nos Estados Unidos no período de 1990 a 1992 na Universidade do Estado de Nova Jersey, nos Estados Unidos, com quem mantinha colaborações de pesquisa, além de outras instituições como a English China Clays, na Inglaterra, e a Universidade de Salta, na Argentina. Ganhou o prêmio Heinrich Rheinboldt, do Sindicato dos Químicos do Estado de São Paulo, em 1975, o Francisco de Salles V. de Azevedo, da Associação Brasileira de Cerâmica, em 1979, e recebeu uma homenagem da SBPC, em 1976, e do Instituto Tecnológico de Pernambuco, em 1997, por sua contribuição científica.

"Ele foi um grande pioneiro e propulsor de pesquisas em várias áreas imprescindíveis, principalmente em tecnologia de argilas, na qual as pesquisas no Brasil não eram tão profundas até então. Depois, avançou para a área de cerâmicas", disse Vahan Agopyan, pró-reitor de Pós-Graduação e membro do Conselho Superior da Fapesp.

Agopyan lembra que Souza Santos era um cientista bastante meticuloso, que zelava pela precisão dos dados em suas pesquisas, e era avesso a cargos administrativos, para os quais foi diversas vezes convidado e nomeado e recusou porque queria continuar realizando pesquisa. "O amor dele pela pesquisa era marcante. Mesmo aposentado, há quase 15 anos, ele vinha periodicamente ao laboratório que criou e coordenou na Universidade de São Paulo", disse Agopyan.

Fonte: Terra
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