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Missão explora 'continente de plástico', com 3,4 milhões de km²

16 abr 2012 - 15h07
(atualizado às 16h01)
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Guiada por satélites, uma escuna francesa da década de 1930 vai, em breve, partir ao encontro do "7º continente" - uma gigantesca placa de lixo plástico que flutua no oceano Pacífico, seis vezes maior do que a França.

"Chocado pelos detritos encontrados no mar" durante sua participação numa competição de remo, em 2009, o explorador Patrick Deixonne decidiu realizar esta expedição científica para alertar o mundo sobre a "catástrofe ecológica" em curso, no nordeste do Pacífico.

Esta placa de lixo "fica em águas pouco usadas pela marinha mercante e o turismo, e a comunidade internacional não se preocupa por enquanto", disse ele. Membro da Sociedade de Exploradores franceses (SEF), que patrocina a aventura, e fundador da Ocean Scientific Logistic (OSL), com sede em Caiena, na Guiana Francesa (América do Sul), Deixonne afirmou à AFP querer "ser os olhos dos franceses e dos europeus para este fenômeno".

Ex-bombeiro do Centro Espacial de Kourou e conhecedor da floresta guianense, Patrick Deixonne, 47 anos, define-se como um "explorador de uma nova geração que deve documentar os grandes problemas ambientais, porque a informação é a chave da mudança".

A missão "7º Continente" sairá no dia 2 de maio de San Diego (Estados Unidos) a bordo da L'Elan, uma escuna de dois mastros construída em 1938, para um mês de navegação e um périplo de 2,5 mil milhas náuticas (4.630 km) entre a Califórnia e o Havaí, onde o explorador Charles Moore descobriu, por acaso, em 1997, esta incrível massa de resíduos plásticos.

Até o momento, à exceção da passagem da missão Tara-Océans pela região, para proteger o plâncton, apenas duas expedições americanas a estudaram, em 2006 e 2009. O lixo se acumula a ponto de encontrar correntes marítimas fortes que se deslocam sob o efeito da rotação da Terra, segundo o princípio da força de Coriolis, e formam um imenso vórtice denominado "Vortex de Gyre".

A força centrípeda aspira lentamente o lixo para o centro dessa espiral que poderá se tornar então uma das maiores do planeta: 22.200 km de circunferência e cerca de 3,4 milhões de km², segundo o Centro Nacional de Estudos Espaciais (Cnes) que patrocina o projeto.

"Estima-se em várias dezenas de milhões de toneladas a quantidade de detritos nos cinco pontos do globo", explica Georges Grépin, biologista e assessor científico da OSL Ocean Scientific Logistic. Outros cientistas marinhos já encontraram fragmentos de plástico em todas as amostras de água do oceano obtidas na perna inicial da travessia do Projeto 5 Gyres (Giros), o primeiro estudo global sobre poluição marinha por plástico.

São "essencialmente microdetritos de plástico decomposto em suspensão sobre 30 m de profundidade. Não é verdadeiramente um continente sobre o qual pode-se caminhar, no sentido próprio", precisou. A escuna será guiada por dois satélites da Nasa - Aqua e Terra - para se dirigir aos locais onde a concentração de resíduos é a mais forte para medir sua densidade.

Um captador, elaborado por alunos de engenharia, será testado numa boia à deriva. Deverá permitir distinguir na água os plásticos dos plânctons e outras partículas vivas, depois cartografar as zonas poluídas com imagens por satélite, pela primeira vez no mundo.

Também serão soltas, durante o percurso, outras 12 boias de estudos científicos pertencentes à agência americana Administração Nacional dos Oceanos e Atmosfera (NOAA, na sigla em inglês), ao programa de estudo dos oceanos da Unesco e ao projeto juventude Argonáutica, para permitir a milhares de estudantes no mundo realizar um estudo das correntes marítimas. Para saber mais sobre a expedição, basta acompanhá-la diretamente no site: http://www.septiemecontinent.com.

Em 20 de abril de 2010, uma explosão na plataforma Deepwater Horizon, da empresa British Petroleum (BP), no Golfo do México, impactou na vida marinha, nos habitats costeiros e na vida de pessoas que vivem em comunidades litorâneas
Em 20 de abril de 2010, uma explosão na plataforma Deepwater Horizon, da empresa British Petroleum (BP), no Golfo do México, impactou na vida marinha, nos habitats costeiros e na vida de pessoas que vivem em comunidades litorâneas
Foto: Getty Images
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