PUBLICIDADE

Homens da Caverna eram pensadores avançados, diz estudo

8 nov 2012 - 11h38
(atualizado às 12h17)
Compartilhar

Um grupo de paleontólogos afirmou ter descoberto pequenas lâminas numa caverna da África do Sul que comprovam que o homem arcaico era um pensador avançado e que faziam instrumentos de pedras há 71 mil anos antes do que se achava até agora.

As descobertas sugerem que os nossos primeiros antepassados da África tinham uma capacidade maior para o pensamento complexo e a produção de armas deu a eles uma vantagem em termos de instinto evolucionários sobre o homem de Neanderthal, segundo os autores de um estudo publicado na revista Nature.

Os cientistas concordam que nossa linhagem apareceu na África há mais de 100 mil anos, mas há muito debate sobre quando a personalidade cultural e cognitiva do Homo sapiens começou a se assemelhar com a do homem moderno.

As pequenas lâminas achadas na África do Sul teoricamente teriam sido manufaturadas entre 65. mil e 60 mil anos. Agora, uma equipe de cientistas descobriu lâminas muito mais antigas, chamadas microlíticas e produzidas através de lascas de pedra aquecidas, em uma caverna perto da Baía de Mossel, litoral sul da África do Sul.

"Nossa pesquisa mostra que a tecnologia microlítica se originou na África do Sul, evoluiu durante um longo período de tempo (cerca de 11 mil anos) e tinha um complexo tratamento com calor", afirmam os autores do estudo.

"Tecnologias avançadas na África eram antigas e duradouras", explicaram, acrescentando que a longa ausência de artefatos instrumentais no registro paleontológico é explicada por um número relativamente pequeno de sítios escavados até o momento, e não por uma inexistência de conhecimento tecnológico do homem primitivo.

A descoberta evidencia que o antepassado do homem moderno na África do Sul tinha a habilidade de fazer artefatos complexos e ensinar seus companheiros a como fazê-los. Isso permitiria que eles produzissem instrumentos como flechas capazes de atingir maiores distâncias que as lanças manuais.

"As armas do tipo projéteis microlíticos ampliaram a capacidade de sucesso na caça, reduziram o risco de ferimentos dos caçadores e estenderam o raio de violência letal interpessoal", afirma a equipe. "Também conferiram vantagens substanciais ao homens da época quando deixaram a África e encontram representantes do homem de Neanderthal equipado apenas com lanças manuais".

O homem de Neanderthal viveu em partes da Europa e partes da Ásia por cerca de 300 mil, mas desapareceu há 40 mil anos.

Comentando o estudo, a antropóloga Sally McBrearty, da Universidade de Connecticut, afirmou que, ao fazer essas armas, os humanos arcaicos teriam usado lascas de pedras cuidadosamente selecionadas por sua textura e com uso do calor para poder trabalhar com elas mais facilmente. Eles teriam moldado as lâminas em formas geométricas, provavelmente para o uso de flechas atiradas de arcos.

Isso, por outro lado, implicaria que aqueles homens teria que coletar outros materiais como madeira, fibras, penas, osso e tendões por um período de dias, semanas ou meses, o que teria sido interrompido por outras tarefas mais urgentes. "A habilidade de preservar e manipular operações e imagens de objetos na memória, e depois executar procedimentos posteriormente, é um componente essencial da mente moderna", escreveu McBrearty.

Um pescador de Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul, encontrou preso a sua rede de pesca na Lagoa Mirim, um fóssil de uma preguiça gigante que viveu na região há cerca de 10 mil anos
Um pescador de Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul, encontrou preso a sua rede de pesca na Lagoa Mirim, um fóssil de uma preguiça gigante que viveu na região há cerca de 10 mil anos
Foto: Guacira Santos / Divulgação
AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade