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Grã-Bretanha testa vacina personalizada contra câncer no cérebro

O tratamento experimental envolve pacientes com glioblastoma, a forma mais agressiva de um tumor primário de cérebro

23 dez 2013 - 20h28
(atualizado às 20h30)
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Começaram os testes de uma vacina que se propõe a tratar uma forma agressiva do câncer de cérebro. O primeiro paciente europeu recebeu o tratamento no hospital King's College, em Londres. Robert Demeger, 62, foi diagnosticado da doença neste ano. A vacina é personalizada e foi desenvolvida para ensinar o sistema imunológico a lutar contra as células de um tumor.

O King's College faz parte de um grupo de mais de 50 hospitais - os outros estão nos Estados Unidos - que estão testando o tratamento. Demeger, um ator de televisão e teatro, teve que desistir de seu papel de Otelo, no aclamado Teatro Nacional, depois que começou a ter convulsões.

Otelo

Ele disse que chegou a ter um substituto, para o caso de se sentir mal no palco, mas não precisou usar esse recurso. "Eu fui diagnosticado com um tumor no cérebro e marcaram uma cirurgia em uma questão de dias". Porém, antes de sua operação ele foi convidado para ser o primeiro paciente na Europa a participar do experimento internacional.

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Vacina

Cirurgiões removeram o máximo possível de seu tumor - que foi depois levado a um laboratório onde foi incubado com células dendríticas (células imunológicas tiradas de seu sangue).

O objetivo foi ensinar as células a reconhecer o tumor. A vacina personalizada que resultou do processo foi injetada no braço dele, com a esperança de que aquelas células treinariam o sistema imunológico dele sobre como localizar e destruir o câncer.

Ele receberá dez doses da vacina nos próximos dois anos.

Keyoumars Ashkan, um neurocirurgião do King's College, está liderando a parte britânica da pesquisa. Ele diz que há uma grande necessidade de novos tratamentos para o câncer de cérebro.

Glioblastoma

"Mesmo que um tumor pareça igual em dois pacientes, na realidade ele varia muito. Por isso, a terapia padrão provavelmente não é a melhor. Há uma necessidade de fornecer tratamento individualizado baseado no tipo de câncer de cada paciente".

O tratamento envolve pacientes com glioblastoma, a forma mais agressiva de um tumor primário de cérebro, que afeta cerca de 1.500 pessoas por ano na Grã-Bretanha.

A média de sobrevivência desses pacientes é de 12 a 18 meses. Dois estudos anteriores menores da terapia DCVax, nos Estados Unidos, descobriram que o tratamento aumentava essa sobrevida para três anos, sem efeitos colaterais. Vinte pacientes participaram dos testes e dois deles estão vivos há mais de dez anos.

Ashkan ressaltou que a atual pesquisa, que envolverá 300 pacientes, é necessária para mostrar se o tratamento é realmente eficiente. Metade deles receberá a vacina real e os demais tomarão placebos.

"Até obtermos os resultados desta pesquisa não saberemos se a terapia deve ser oferecida a todos os pacientes", ele disse.

Demeger afirma que está encantado em fazer parte dessa pesquisa. "Qualquer coisa que me dê uma chance melhor, mas também por outros fatores, vale a pena participar disso".

Fala

A cirurgia para remover o câncer afetou sua fala, porque o tumor estava localizado próximo da parte do cérebro que lida com a linguagem. Assim Demeger, que tinha a voz como seu meio de vida, teve que reaprender a se comunicar.

"Eu adoraria voltar a atuar. Esse é o meu trabalho. Tenho trabalhado com um terapeuta da fala e com o chefe das vozes no National (Theatre). Não sei se poderei voltar aos palcos em semanas ou meses, mas estou esperançoso."

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