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Estudo: terapia genética pode ser usada contra depressão

21 out 2010 - 10h22
(atualizado às 15h05)
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A terapia genética pode ser uma potente arma contra as depressões graves que não respondam a nenhum tratamento existente, segundo um estudo realizado com ratos e que se baseou em dados clínicos humanos.

O teste consistiu em restaurar um gene que ativa uma proteína numa parte minúscula do cérebro (o núcleo accumbens) eliminando em ratos de laboratório os sintomas de depressão, afirmam os autores do estudo publicado na revista médica americana Science Translational Medicine.

"Dados estes resultados, dispomos potencialmente de uma nova terapia para atacar o que achamos que é uma das causas profundas da depressão entre humanos", explicou o dr. Michael Kaplitt, coautor do estudo e professor de cirurgia neurológica da faculdade de medicina da Universidade de Cornell, Nova York.

"As terapias atuais contra a depressão só tratam dos sintomas, não das causas profundas da doença", precisa Kaplitt em um comunicado.

"Apesar de os antidepressivos darem bons resultados entre vários pacientes, aqueles que sofrem de depressão avançada e que não respondem a esses medicamentos devem - é o que esperamos - beneficiar-se de nosso novo enfoque", acrescentou.

Esta pesquisa demonstrou que a proteína p11 nesta única zona do cérebro é essencial para fazer sentir o prazer e o sentimento de satisfação, geralmente ausentes entre os depressivos.

Esta região do cérebro foi inicialmente estudada em pesquisas sobre os costumes.

As análises post-mortem revelaram que as pessoas que padecem de depressões grave tinham níveis de proteína p11 muito baixos na zona do cérebro em questão, comparativamente com os das pessoas normais.

Apesar dos autores deste estudo acharem que a depressão é uma doença complexa, na qual inúmeras regiões do cérebro e de circuitos neurais estão envolvidas, eles destacam que à luz dos resultados obtidos o fato de restaurar a produção da proteína p11 poderá alterar de maneira significativa o curso de uma depressão entre humanos.

"Sem a proteína p11, os neurônios, as células do sistema nervoso, podem produzir todos os receptores de serotonina de que necessitam, mas estes não serão transportados à superfície dessas células", indicou o dr. Kaplitt.

A serotonina é uma substância que transmite o fluxo nervoso entre os neurônios, assim como entre os neurônios e um músculo.

Kaplitt inseriu o gene que produz a proteína p11 no núcleo accumbens do cérebro de ratos empregando um vírus como vetor, uma técnica que já havia ensaiado com êxito para um tratamento genético de pacientes afetados com Mal de Parkinson em um estudo clínico de fase 1, cujos resultados foram publicados na revista médica britânica The Lancet em 2007.

js/cn

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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