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Estudo: maior acidez do mar dissolve concha de criaturas marinhas

26 nov 2012 - 08h29
(atualizado às 11h11)
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Lesmas-do-mar que vivem na Antártida estão sendo afetadas pelo alto nível de acidez das águas marinhas, segundo uma nova pesquisa científica. Uma equipe internacional de cientistas descobriu que a concha das lesmas está sendo corroída pela água do mar.

Funcionários do Departamento de Áreas Protegidas da Vida Selvagem das Filipinas mostram centenas de tartarugas marinhas empalhadas
Funcionários do Departamento de Áreas Protegidas da Vida Selvagem das Filipinas mostram centenas de tartarugas marinhas empalhadas
Foto: AFP

Segundo especialistas, a descoberta é importante para se determinar o impacto da acidificação do oceano na vida marinha. Os resultados foram publicados na revista científica Nature Geoscience.

Ecossistemas

As lesmas-do-mar são importantes na cadeia dos alimentos dos oceanos. Além disso, elas são um bom indicador de quão saudável está o ecossistema. "Eles são um item importante para diversos predadores - como plânctons maiores, peixes, pássaros, baleias", diz Geraint Tarling, que é coautor do estudo e diretor de Ecossistemas Oceânicos da entidade britânica de pesquisas British Antarctic Survey.

O estudo foi um projeto de pesquisadores da BAS, da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), a US Woods Hole Oceanographic Institution e da faculdade de ciências ambientais da Universidade de East Anglia.

A acidificação do oceano ocorre devido à queima de combustíveis fósseis. Parte do dióxido de carbono que está na atmosfera é absorvido pelo oceano. Esse processo altera a composição química da água, que fica mais ácida.

Os dados foram coletados em uma expedição do barco Southern Ocean, em 2008. Os cientistas analisaram o que acontece quando a água marinha do fundo é empurrada para a superfície por ventos.

Essa água é mais ácida e acaba corroendo a aragonita - a substância que forma as conchas das lesmas-do-mar. "As lesmas-do-mar não necessariamente morrem por conta da corrosão nas suas conchas, mas isso as deixa mais vulneráveis a predadores e a infecções, o que tem consequências no resto da cadeia de alimentação."

Tarling disse que o estudo ainda é um piloto para outras pesquisas que virão, mas que ele já forneceu dados importantes sobre como o ecossistema reagirá a mudanças futuras no oceano. "Foram necessários vários anos para que desenvolvêssemos uma técnica sensível o suficiente para que analisássemos o exterior das conchas, com auxílio de microscópios de alta potência, já que as conchas são muito finas e os padrões de dissolução são muito súteis", afirmou o pesquisador.

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