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Em conferência, cientistas falam em fim da epidemia de aids

27 jul 2012 - 20h47
(atualizado às 23h21)
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A 19ª Conferência Internacional sobre a Aids terminou nesta sexta-feira em Washington com a mensagem que o fim da epidemia é possível com compromisso político, financeiro e científico, além de com um renovado otimismo sobre o desenvolvimento de uma cura para a doença.

O médico ugandense Elly Katabira, presidente da conferência e da Sociedade Internacional da Aids (IAS, na sigla em inglês), pediu para se manter o "esforço" na luta contra a doença, para a qual ainda não há uma vacina ou uma cura, mas sim ferramentas e recursos "com o potencial de salvar milhões de vidas".

A conferência reuniu durante seis dias na capital americana, que tem uma taxa de infectados com o HIV superior à de países africanos como Gana e Libéria, cerca de 24 mil pessoas de 183 nações.< No ato de encerramento, o ex-presidente americano Bill Clinton disse que é possível, embora não seja fácil, conseguir o acesso universal ao tratamento contra o HIV e eliminar a transmissão do vírus de mãe para filho até 2015.

Clinton destacou que atualmente se beneficiam do tratamento contra o HIV cerca de 8 milhões de pessoas no mundo todo e que na África, onde esteve recentemente, viu "um progresso incrível" e sobretudo "vontade" para eliminar a transmissão do vírus de mãe para filho.

Além disso, o ex-presidente (1993-2001) elogiou o fato de que agora os países mais afetados pela aids forneçam mais da metade do financiamento para lutar contra a doença e enfatizou que, inclusive nestes "tempos difíceis", é fundamental que tanto os governos como os doadores particulares continuam investindo.

Em 2011 havia 34,2 milhões de pessoas que viviam com o HIV no mundo, o número mais alto registrado até o momento devido ao prolongamento da média de vida conseguida graças aos tratamentos antirretrovirais, segundo a agência das Nações Unidas contra a Aids (Unaids).

Para os especialistas que participaram da conferência a descoberta de uma cura para a aids é um desafio possível, mas ainda distante, após anos de grandes lucros. A pesquisa enfrenta agora dois grandes desafios: a vacina preventiva e novas estratégias para curar a infecção para que os tratamentos com antirretrovirais sejam limitados e possam ser retirados sem que o vírus volte a se manifestar.

Segundo explicou á Efe o médico e professor da Universidade da Califórnia em San Francisco Steven Deeks, o problema é que o vírus está escondido nas células infectadas e os remédios atuais não podem atacá-lo, portanto é preciso "identificar fármacos que obriguem o vírus a sair de sua letargia para poder aniquilá-lo".

Quanto à esperada vacina, após 20 anos de tentativas fracassadas, foram feitos "avanços reais" nos últimos dois anos e "não há dúvida que estamos nos aproximando, embora não tenho certeza do quão longe estamos de consegui-la", assegurou Deeks.

Por enquanto há um único caso no mundo de cura, o do americano Timothy Ray Brown, que se submeteu a um complicado tratamento que incluiu um transplante de medula para tratar uma leucemia mieloide aguda que sofria com células selecionadas.

Entre os grupos mais atingidos pela doença estão os hispânicos nos EUA, com altas taxas de infecção e vítimas do estigma social que lhes impede de buscar cuidado médico e participar de estudos clínicos. Esse mesmo estigma persegue as mulheres portadoras do HIV, o que diminui suas possibilidades de trabalho, estudo e tratamentos, segundo afirmaram várias especialistas na conferência.

Em geral as mulheres, e em particular as de minorias nos EUA e as que vivem em países de baixa renda e poucos meios, registraram altas taxas de infecção com o HIV em anos recentes, contagiadas por casais que abusam delas, usam drogas ou mantêm relações homossexuais.

Em 2011, os jovens de entre 15 e 24 anos representavam 40% das novas infecções pelo HIV em adultos e os casos em mulheres dessa idade são o dobro dos registrados entre os homens, de acordo com a agência das Nações Unidas contra a Aids (Unaids).

Pela conferência passaram estrelas como o cantor e compositor britânico Elton John, que em um discurso muito aplaudido pediu para substituir o "estigma" e a "vergonha" pela "compaixão" no combate à doença.

EFE   
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