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DNA de crustáceo ajudará a compreender efeitos da poluição

3 fev 2011 - 17h19
(atualizado às 18h51)
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A dáfnia, um tipo de crustáceo aquático minúsculo e translúcido que se reproduz por via assexuada e vive em lagos e lagoas tem mais genes do que qualquer outra criatura e alguns deles, desconhecidos em outras espécies, podem ser adaptações a desequilíbrios ambientais, afirmaram os cientistas que conseguiram sequenciar o genoma do animal.

Também conhecido como pulga d'água, o crustáceo cujo nome científico é Daphnia pulex, inspirado na ninfa da mitologia grega que se transforma em árvore para escapar do apaixonado Apolo, tem 31 mil genes, enquanto os seres humanos têm cerca de 23 mil, destacou o estudo, publicado na revista científica americana Science.

Frequentemente estudada por cientistas interessados em compreender os efeitos da poluição e das mudanças climáticas em outras espécies, a quase microscópica dáfnia é o primeiro crustáceo a ter seu genoma decodificado. Mas só porque esta criatura - considerada um biomarcador dos mares do mundo - tem mais genes não significa necessariamente que sejam singulares, explicou o chefe do projeto, John Colbourne.

"O alto número de genes da dáfnia deve-se, em grande parte, a que seus genes se multiplicam, criando cópias a uma taxa mais elevada do que outras espécies", disse Colbourne, diretor de estudos genéticos do Centro de Genoma e Bioinformática da Universidade de Indiana em Bloomington. A dáfnia tem um número mais elevado de genes inéditos, bem como grande parte dos mesmos genes encontrados em humanos e na maioria dos insetos e crustáceos conhecidos até agora pelos cientistas.

"Mais de um terço dos genes da dáfnia não estão registrados em qualquer outro organismo. Em outras palavras, são completamente novos para a ciência", declarou Don Gilbert, coautor e pesquisador do Departamento de Biologia da universidade americana. Segundo o estudo, "estes genes únicos e antes desconhecidos estão implicados na resposta ao meio ambiente".

James Klaunig, professor de saúde ambiental da Universidade de Indiana, disse que o código genético da dáfnia ajudará os cientistas a estudar os efeitos da poluição ambiental em humanos. "A pesquisa genética nas respostas dos animais ao estresse (no meio ambiente) tem implicações importantes para estimar os riscos ambientais aos humanos", explicou Klaunig. "A dáfnia é dotada de um apurado sensor aquático, uma versão mais moderna e avançada daqueles canários utilizados nas minas para detectar vazamentos", acrescentou.

"Com o conhecimento deste código genético, os efeitos possíveis dos agentes ambientais em processos celulares ou moleculares podem ser analisados e vinculados a processos similares em humanos", disse. A pulga d'água pode ser encontrada em toda a América do Norte, na Europa e na Austrália.

O Consórcio do Genoma da Dáfnia, chefiado pelo departamento de Genética e Bioinformática da Universidade de Indiana em Bloomington e pelo Departamento americano de Energia em conjunto com o Instituto Genoma, incluiu mais de 450 cientistas em todo o mundo.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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