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Descoberto feromônio de predadores que causa medo em presas

17 mai 2010 - 13h25
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Um grupo de cientistas do Brasil e dos Estados Unidos descobriu um composto químico que é secretado por diversos predadores e causa medo em camundongos. Segundo os pesquisadores, no órgão vomeronasal, que fica no nariz e é capaz de captar os chamados feromônios, há neurônios específicos para detectar essas moléculas que induzem ao medo. Os cientistas afirmam que a pesquisa contribui para, no futuro, entendermos como as informações sensoriais são processadas no cérebro humano. As informações são da Agência Fapesp.

O canal <i>National Geographic</i> produziu um documentário no qual mostra como é o período de gestação das mães do mundo animal - inclusive algumas em que a mãe pouco participa. Esta ilustração gerada em computador mostra um feto de tubarão na metade dos 12 meses de gestação. O feto  de tubarão limão, assim como nos humanos, fica conectado à mãe por um cordão umbilical. Nesse período, o tubarãozinho já tem um olfato 10 mil vezes mais poderoso que o de um homem
O canal National Geographic produziu um documentário no qual mostra como é o período de gestação das mães do mundo animal - inclusive algumas em que a mãe pouco participa. Esta ilustração gerada em computador mostra um feto de tubarão na metade dos 12 meses de gestação. O feto de tubarão limão, assim como nos humanos, fica conectado à mãe por um cordão umbilical. Nesse período, o tubarãozinho já tem um olfato 10 mil vezes mais poderoso que o de um homem
Foto: National Geographic / Reprodução

Um artigo que descreve os resultados do estudo foi publicado na última edição da revista Cell. O texto é assinado pelo brasileiro Fabio Papes, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e pelos americanos Darren Logan e Lisa Stowers, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Scripps, dos Estados Unidos.

Pelos próximos três anos, Papes estudará quais são os receptores que detectam as moléculas do medo, de que maneira essa processo se transforma em atividade elétrica no cérebro e como tudo isso é interpretado para gerar o comportamento de medo. "A compreensão desse sistema poderá nos ajudar no futuro a controlar problemas como fobias, o estresse pós-traumático - que gera custos sociais muito grandes -, síndrome do pânico e esquizofrenia, por exemplo", disse à agência.

O cientista brasileiro afirma que o estudo de como os estímulos recebidos nos sistemas sensoriais da visão, da audição e do olfato são interpretados e respondidos - seja no comportamento ou na produção de hormônios - pode ajudar a tratar doenças mentais, neurodegenerativas e fobias que estão ligadas a esse mecanismo. "O sistema olfativo é um excelente modelo para o estudo dessa transformação, porque a ligação entre estímulo e comportamento é direta, independente do aprendizado e da memória. Os animais respondem de maneira inata a algumas moléculas", disse.

Ainda de acordo com a agência, estudos anteriores já havia relacionado o medo de presas com o odor do predador, sem qualquer visual com eles. Além disso, esse animais reagiam mesmo nunca tendo tido contato com um predador, o que indica que os camundongos têm genes que os preparam para detectar os odores específicos e reagir a eles.

A diferença no estudo do grupo foi identificar a importância do órgão volmeronasal nesse processo e identificar a substância responsável pelo medo. Para isso, eles preparam geneticamente camundongos nos quais o órgão não tinha nenhuma função. Além disso, eles testaram diversas substâncias até a um grupo chamado de Proteínas Majoritárias da Urina (MUP, na sigla em inglês), que são secretadas na urina, na saliva, no suor, e no sangue. Um experimento complementar, que utilizou a substância sintetizada, e, por isso, sem contaminação, comprovou o seu efeito.Os cientistas ainda descobriram que neurônios específicos atuavam na identificação do feromônio do medo. Para isso, eles utilizaram uma técnica chamada de cálcio intracelular, que faz com que, quando uma célula é ativada, o cálcio penetre em seu interior e se ligue a um corante fluorescente. Observando microscopicamente, os pesquisadores identificaram quais células eram ativadas.

Fonte: Redação Terra
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