Descoberta sugere que homem primitivo pertenceu a uma única espécie
Segundo a hipótese, as diferentes linhagens que alguns especialistas descreveram na África - como o Homo habilis e o Homo rudolfensis - foram apenas povos antigos da espécie Homo erectus
Muitos cientistas consideravam a possibilidade de que havia várias espécies humanas vivendo na Terra há 2 milhões de anos. No entanto, uma nova pesquisa sugere que isso pode não ser verdade. Cientistas trabalhando na Geórgia acreditam que fósseis humanos encontrados na África e na Eurásia podem ter sido parte da mesma espécie, reduzindo os "galhos" de nossa árvore genealógica
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Em artigo para a revista científica Science, a equipe diz que as espécies Homo habilis, Homo rudolfensis e Homo erectus são todos parte de uma linhagem única que evoluiu para o homem moderno. Uma equipe analisou o crânio mais completo já achado de um hominídeo. A descoberta foi feita em Dmanisi, na Geórgia
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O crânio possui dentes grandes, um rosto comprido e sugere que o cérebro era menor. Estas características são semelhantes às do Homo habilis. No entanto, outros traços também são exclusivos do Homo erectus
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O fóssil faz parte da coleção Dmanisi, de 1,8 milhão de anos, uma das mais antigas fora do continente africano. Esse grupo de humanos surgiu pouco depois que as espécies de Homo evoluíram dos australophitecus (da famosa "Lucy")
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O crânio foi descoberto há oito anos neste sítio de escavação, e desde então tem sido comparado a fósseis de outras espécies Homo achados na África de até 2,4 milhões de anos
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Um crânio assombrosamente bem preservado de 1,8 milhão de anos atrás oferece novas evidências de que o homem primitivo pertenceu a uma única espécie com um leque amplo de aparências diferentes, afirmaram cientistas em um estudo publicado esta quinta-feira na revista Science.
Com um cérebro minúsculo, com um terço do tamanho do humano moderno, fronte projetada e mandíbulas salientes como um símio, o crânio foi descoberto nos restos de uma cidade medieval nas montanhas de Dmanisi, Geórgia, destacaram. Trata-se de um dos cinco crânios de homens primitivos - quatro dos quais com mandíbulas - encontrados no sítio, localizado a cerca de 100 km da capital, Tbilisi, juntamente com ferramentas de pedra que sugerem o abate de animais, e os ossos de grandes felinos com dentes de sabre.
O principal autor do estudo, David Lordkipanidze, diretor do Museu Nacional Georgiano, descreveu o grupo como "a coleção mais rica e completa de restos incontestáveis de Homo primitivo encontrada".
Os crânios variam tanto na aparência que, em outras circunstâncias, teriam sido considerados de espécies diferentes, afirmou o coautor do estudo, Christoph Zollikofer, da Universidade de Zurique. "Contudo, sabemos que estes indivíduos vieram do mesmo local e viveram no mesmo período geológico. Então, a princípio, poderiam representar uma população de uma espécie única", afirmou.
Espécie única
Os cientistas compararam a variação em características dos crânios e descobriram que, embora suas mandíbula, fronte e formas do crânio fossem diferentes, seus traços pertenciam todos ao espectro do que se poderia esperar entre membros da mesma espécie.
"Os cinco indivíduos de Dmanisi são claramente diferentes entre eles, mas não mais diferentes do que quaisquer indivíduos humanos modernos ou cinco chimpanzés de uma população dada", afirmou Zollikofer. "Nós concluímos que a diversidade em uma espécie é mais regra que exceção", acrescentou.
Segundo esta hipótese, as diferentes linhagens que alguns especialistas descreveram na África - como o Homo habilis e o Homo rudolfensis - foram apenas povos antigos da espécie Homo erectus, com aparências diferentes entre si. Isto também sugere que os membros primitivos do gênero Homo, ao qual pertence o homem moderno, primeiro surgiram na África e logo se expandiram para a Ásia, apesar de seu cérebro de tamanho pequeno.
"Estamos emocionados com a conclusão a que chegamos. Também sustenta o que descobrimos", afirmou Milford Wolpoff, paleontólogo da Universidade de Michigan.
Wolpoff publicou um estudo no periódico Evolution no ano passado, no qual também se mediu uma variação estatística das características de fósseis primitivos de crânio na Geórgia e no leste da África, sugerindo uma única espécie e um processo ativo de cruzamento. "Todo mundo sabe hoje, você pode encontrar seu par em outro continente e é normal que as pessoas se casem com pessoas fora de seu grupo local, de outra religião, de outra cultura", disse Wolpoff à AFP.
"O que isto realmente ajuda a mostrar é que este tem sido o padrão humano na maior parte da nossa história, ao menos fora da África", acrescentou. "Não temos raças. Não temos subespécies diferentes. Mas é normal que os humanos variem e eles variaram no passado", continuou.
Conclusões "mal orientadas"
Mas nem todos os especialistas concordam. "Penso que as conclusões a que chegaram estão mal orientadas", afirmou Bernard Wood, diretor do programa de doutorado em paleobiologia de hominídeos da Universidade George Washington.
"O que temos é uma criatura da qual não tínhamos visto evidências antes", acrescentou, destacando a cabeça pequena no corpo com o tamanho de um ser humano. "Poderia ser algo novo e não entendo porque estão relutantes em pensar que deve ser algo novo", prosseguiu.
De fato, os cientistas batizaram a descoberta de Homo erectus ergaster georgicus, em um sinal de que o crânio é uma forma primitiva, porém recente de Homo erectus encontrado na Geórgia. O nome também destaca o status de espécie única do Homo georgicus, em vista da mandíbula que foi encontrada no ano 2000 juntamente com outros crânios pequenos e primitivos.
A coautora do estudo, Marcia Ponce de Leon, disse que o Crânio 5 está "perfeitamente preservado" e é "o crânio mais completo de um fóssil de adulto de um indivíduo Homo encontrado até agora".
A descoberta deu aos cientistas uma oportunidade única de medir variações em uma única população de Homo primitivo e "para fazer novas inferências na biologia evolutiva" dos nossos ancestrais, afirmou.
Arqueologia em setembro: lixo da realeza no Brasil vira "tesouro"
Anel de ouro com vidro engastado como se fosse uma pedra preciosa está entre as peças encontradas durante escavações no sítio arqueológico da Leopoldina, ao lado da antiga estação de trem homônima na zona norte do Rio de Janeiro. Em meio às obras da linha 4 do metrô, arqueólogos trabalham para revelar um grande tesouro arqueológico - que pode ser um dos maiores da história do Brasil
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Centenas de milhares de peças foram encontradas no despejo do século 19 no Rio de Janeiro
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Os arqueólogos fizeram a descoberta no início deste ano, quando se iniciaram no local obras relacionadas com a expansão do metrô. Devido a essas obras, que se prolongarão até 2016, os arqueólogos tiveram que interromper as escavações e terão que esperar três anos para voltar a abrir as fundações
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No acervo de peças encontradas estão restos de cosméticos franceses, água mineral importada da Inglaterra e um frasco de colônia com o curioso nome de "Anti-Catinga"
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Também há pratos e vasilhas de cerâmica, garrafas de licores e água, cachimbos com restos de tabaco, potes de porcelana com ungüentos e frascos com líquido em seu interior, que poderiam ser produtos medicinais, segundo os arqueólogos
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Uma pasta de dente - "para limpar e conservar os dentes e as gengivas" - está entre os itens descobertos. Os objetos achados são "basicamente lixo", mas têm "uma dimensão arqueológica muito grande", segundo o responsável pelas escavações, Cláudio Prado de Mello
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Peças de porcelana que remontam ao Rio de Janeiro dos séculos 17, 18 e 19 também foram encontradas - algumas ainda contendo perfumes e fórmulas medicinais
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Acredita-se que poderão ser recuperadas até um milhão de peças, no que poderia ser um dos maiores achados arqueológicos do Brasil
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Os arqueólogos catalogaram cerca de 200 mil objetos em bom estado de conservação em seis meses de trabalho
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Uma escova com alusão ao imperador Dom Pedro II é um dos itens que jogam luz sobre os costumes mais mundanos da elite da época da independência do Brasil
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Cachimbos que pertenceram aos colonizadores europeus ou aos escravos africanos também foram encontrados
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As escavações mais profundas desencavaram objetos até do século 17, entre eles, alguns de manufatura indígena, como um raspador de sílex e um cachimbo feito com um chifre
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Cientistas descobriram na Guatemala um centro industrial do período pré-clássico médio cedo (1000 a 800 anos a.C.)
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Vasos de cerâmica estão entre as peças descobertas pelos pesquisadores
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Epitáfio ajudou arqueólogos a identificar tumba de Shangguan Wan'er, política que viveu no século 7
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Shangguan Wan'er - que viveu entre 664 e 710, na dinastia Tang - era uma conselheira ligada à primeira imperatriz chinesa, Wu Zetian. Shangguan Wan'er se casou com o filho de Wu Zetian e, ao mesmo tempo, era amante do amante e do sobrinho da imperatriz
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O túmulo se encontra em estado ruim, o que pode indicar que sofreu uma destruição oficia organizada em grande escala
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O túmulo de Shangguan Wan'er foi encontrado perto do aeroporto de Xianyang, no norte da província de Shaanxi
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O marido de Shangguan Wan'er, o príncipe Li Xian, chegou a ser imperador durante um breve período antes de ser assassinado por sua primeira esposa, que se apoderou do trono e governou a China durante 43 anos, sob o nome de Tang Xuanzong
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Esculturas de cavaleiros estão entre as relíquias encontradas no túmulo dessa política do século 7, considerada uma das mulheres mais podersas da história clássica chinesa