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Cientistas encontram 'botão cerebral' para curar jet lag

4 out 2013 - 07h34
(atualizado às 07h52)
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Uma pesquisa feita por cientistas japoneses dá um passo na direção da busca de um remédio que possa ajustar rapidamente o relógio biológico do corpo para evitar o jet lag e as dores do trabalho por turnos alternados. A equipe de pesquisadores da Universidade de Kyoto descobriu o que seria uma espécie de "botão de religar" o relógio biológico dentro do cérebro.

O estudo, publicado na na publicação científica Science, mostrou que esse botão poderia ser usado para mudar o relógio biológico para um novo fuso horário em apenas um dia. Especialistas disseram que os pesquisadores estão próximos a uma solução na busca para uma cura do jet lag.

Há relógios pelo corpo e um "relógio mestre" no cérebro, colocando o corpo em sintonia com o mundo ao redor dele para fazer as pessoas dormirem à noite. Qualquer pessoa que tenha trabalhado em diferentes turnos ou voos de longa distância já experimentou ter o sono interrompido e padrões de fome de um corpo que está fora de sintonia com o nascer e o pôr do sol.

O relógio usa a luz como ajuda para manter a noção do tempo, mas ele é teimoso e só se ajusta lentamente. A regra aproximada é que o corpo leva um dia inteiro para se acostumar com cada faixa de fuso horário que o viajante cruza. Isso significa que seria necessária, por exemplo, toda uma semana para que o corpo se adapte ao relógio após um voo de Londres para Pequim.

Solte-se

A equipe no Japão descobriu uma forma de tornar o "relógio mestre" de uma forma um pouco mais flexível. Um grupo de 10 mil células cerebrais - que juntas são do tamanho de um grão de arroz - se falam constantemente para manter um estrito controle sobre o tempo.

Os cientistas descobriram que interferindo com os receptores do hormônio vasopressina, essencialmente uma espécie de "ouvido" das células do cérebro, que as permite ficar em contato com as vizinhas, deixam que o relógio mude rapidamente.

Ratos modificados geneticamente que não tinham receptores de vasopressina conseguiram ajustar seus relógios biológicos depois de uma diferença de oito horas no período de um dia - enquanto ratos normais demoraram seis dias. Resultados semelhantes foram então obtidos por camundongos normais tratados com um remédio.

Notável

Os autores da pesquisa concluíram: "Estudos mostraram que jet lag crônico e turnos de trabalho rotativos podem aumentar o risco individual de desenvolver hipertensão, obesidade e outras desordens metabólicas".

"Nossos resultados identificam a vasopressina, sinalizando como um possível alvo terapêutico para lidar com o desalinhamento do rítmo circadiano (relógio biológico)".

Michal Hasting, um pesquisador de relógio biológico do Conselho de Pesquisa Médica, disse à BBC: "É um estudo notável, é realmente excitante para a nossa área. Houve muitas falsas promessas para a cura do jet lag, mas creio que agora eles estão próximos de encontrar o tesouro".

Porém ele alertou que os receptores de vasopressina também estão pesadamente envolvidos com a função renal. Então qualquer droga precisa ser cuidadosamente desenvolvida para atingir o relógio biológico sem prejudicar os rins.

Hastings disse ainda que com o desenvolvimento de uma sociedade com atividades 24 horas por dia, um remédio capaz de ajustar o relógio biológico pode, em teoria, melhorar a saúde de trabalhadores de turnos rotativos.

"A evidência epidemiológica que temos agora mostra que se um trabalhador passou sua vida fazendo turnos rotativos, tem maior risco de contrair certos tipos de câncer, doença cardiovascular ou síndromes metabólicas, como diabetes", diz.

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