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Cientistas: é cedo para confirmar partícula mais veloz que a luz

23 set 2011 - 13h49
(atualizado às 14h30)
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O coordenador do experimento Opera, o italiano Gualtiero Pisent, admitiu nesta sexta-feira a existência de "medições intrigantes" nos testes realizados para conhecer a velocidade que os neutrinos, um tipo de partícula subatômica, podem alcançar.

Pisent abriu na sede do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern) um seminário para apresentar os resultados do Opera, um experimento que observa um feixe de neutrino enviado do Cern, em Genebra, ao laboratório de Gran Sasso, na Itália, que se encontra a 730 km de distância um do outro.

O seminário foi rodeado de grande expectativa depois que circularam informações de que os responsáveis do Opera tinham constatado a existência de neutrinos que viajaram a uma velocidade de 20 nanossegundos superior à velocidade da luz.

O Cern pediu cautela e ressaltou que são necessárias novas pesquisas e medições independentes para corroborar ou descartar esta possibilidade, cuja confirmação jogaria por terra um dos fundamentos básicos da Física.

"Considerando as possíveis consequências do resultado, são necessárias medições independentes antes de refutá-lo ou estabelecê-lo de maneira firme", assinalou em comunicado o laboratório de física mais importante do mundo.

O Cern ressaltou que a possibilidade da velocidade do neutrino ser mais rápida que a da luz "não concorda com as leis da natureza", consideradas atualmente como certas, mas reconheceu que a ciência avança "derrubando os paradigmas estabelecidos".

Esta é a razão, acrescentou o Cern em sua nota, pela qual se realizaram muitas pesquisas de prováveis "desvios" da Teoria da Relatividade de Einstein, que justamente se sustenta em que a da luz é a máxima velocidade cósmica.

"As fortes limitações que surgem destas observações fazem com que seja improvável interpretar as medidas do (experimento) Opera como uma modificação da teoria de Einstein", destacou o Cern, que insistiu na necessidade de "buscar novas medidas".

"Após vários meses de estudos e de cruzar informações, não encontramos nenhum efeito instrumental que pudesse explicar o resultado da medida descoberta", disse o porta-voz do Opera, Antonio Ereditato, citado no comunicado.

O diretor da pesquisa do Cern, Sergio Bertolucci, reconheceu que se a descoberta for confirmada "mudaria nossa perspectiva da Física, mas precisamos estar seguros de que não há outras explicações mais mundanas".

Somente o CMS (sigla em inglês para solenoide compacto de múons) pesa 12,5 mil toneladas
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Foto: Cern / Divulgação
EFE   
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