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Peixe-leão é encontrado na costa brasileira

23 abr 2015 - 21h39
(atualizado às 21h39)
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Um peixe-leão foi encontrado na costa brasileira, no ponto mais ao sul do Atlântico desde que surgiu no noroeste deste oceano, o que aumenta a preocupação sobre a disseminação desta espécie invasiva, informaram cientistas nesta quinta-feira.

Reconhecido por suas listras laranjas, marrons e negras, o peixe-leão é nativo do Indo-Pacífico, mas surgiu no noroeste do Atlântico nos anos 80, provavelmente jogado no oceano de um aquário.

Desde então, o peixe-leão - que não tem predadores na região - avançou para o norte até Massachusetts e desceu ao sul até o Caribe.

Seus espinhos venenosos afugentam os predadores enquanto o peixe-leão se alimenta de incontáveis peixes jovens, destruindo o ecossistema dos recifes.

Descrito esta semana na revista científica PLOS ONE, um Pterois volitans adulto, de cerca de 25 centímetros, foi detectado e morto por mergulhadores em Arraial do Cabo, em maio de 2014.

A análise genética do peixe encontrado revelou que ele procedia das águas do Caribe, e não de sua região de origem no Pacífico.

"Nosso achado em Arraial do Cabo, um recife subtropical a 5.500 km do Caribe, é surpreendente", destaca o estudo dirigido por Luiz Rocha, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, e por especialistas brasileiros.

"O DNA do peixe-leão brasileiro coincide com o dos exemplares do Pterois volitans encontrados no Caribe. É nossa opinião que o peixe-leão chegou ao Brasil pela dispersão natural da larva a partir do Caribe".

O peixe-leão não apenas pode resistir a longos períodos sem alimento, mas também consegue viver em águas distantes e profundas, explicou Elizabeth Underwood, coordenadora do programa sobre o peixe-leão da organização REEF, baseada na Flórida.

"Quando se reproduzem, liberam ovos e esperma dentro de uma corrente que pode levá-los a longas distâncias, o que tem permitido a esta espécie se dispersar tão rápido e distante", disse Underwood à AFP.

Apesar de ser um caso inédito no Brasil, os especialistas destacam que as autoridades devem adotar com urgência medidas para matar e evitar sua propagação no litoral brasileiro.

O pequeno tamanho das populações de recifes no Brasil torna a região ainda mais vulnerável ao peixe-leão e "sugere que sua invasão teria consequências ainda mais terríveis que no Caribe", destaca o estudo.

"É realmente importante implantar programas" para deter o peixe-leão, advertiu Underwood.

Apesar de ser um risco para os pescadores por seus espinhos venenosos, o peixe-leão é comestível, com uma carne branca, laminada e doce.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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