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Estudo espanhol vincula exposição a pesticidas com Parkinson

30 nov 2012 - 16h24
(atualizado às 18h13)
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Um grupo de cientistas em torno do espanhol Francisco Pan-Montojo confirmou a relação direta entre a exposição crônica a pesticidas, o mal de Parkinson e a proteína envolvida na progressão da doença, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira pela revista Scientific Reports.

"Por dizê-lo assim, descobrimos o mecanismo com o qual os pesticidas induzem a propagação e o início do mal de Parkinson em ratos", explica o neurocientista à agência Efe.

Neste artigo, os especialistas confirmam sua hipótese de que "a exposição crônica a pesticidas atuando no intestino, sem necessidade de passar para o sangue, inicia o mal de Parkinson que é transmitido através dos nervos que conectam o intestino ao cérebro, até afetar a substância negra".

A substância negra é uma faixa de cada lado do mesencéfalo responsável pela produção de dopamina no cérebro. "Esse é o momento no qual começam os sintomas motores (tremor, alteração da postura e outros) que são característicos da doença".

"Além disso, identificamos a proteína que, passando de um neurônio para o seguinte, poderia ser o responsável por esta propagação", assegura à Efe.

Em um estudo publicado na revista científica Plos One em 2010 foi demonstrado que "a patologia existia, mas não por que existia". Agora, os cientistas conseguiram determinar que "os pesticidas é que aumentam a secreção de (proteína) alfa-sinucleína, uma alfa-sinucleína que é normalmente modificada por parte dos neurônios entéricos".

Segundo o cientista espanhol, "essa alfa-sinucleína que sai das células pode ser tomada pelo neurônio que está conectado com esta célula, com este neurônio do sistema nervoso do intestino".

O haver identificado o envolvimento da alfa-sinucleína no mal de Parkinson representa "mais um passo para dar mais protagonismo a essa proteína".

"O que descobrimos é que ela é modificada nestas células de forma anômala, começa a ser secretada para fora da célula, e então é transportada até a seguinte célula, que é a que conecta com o sistema nervoso central", explica Pan-Montojo.

A descoberta pode contribuir para "desenvolver melhores testes in vitro para se ver a efetividade de determinados fármacos, prevenir que a doença progrida, projetar remédios que inibam a alfa-sinucleína de se agregar e de sofrer má-formação como acontece quando está exposta a pesticidas".

"Acho que é mais um passo para que os políticos e a sociedade sejam conscientes dos problemas que os pesticidas causam", ressaltou. Segundo o cientista, "talvez seja o momento de tentar utilizar pesticidas que não induzam estes problemas nas células entéricas, ou seja, nas células do intestino, para que os neurônios do intestino não secretem essa substância".

"Durante os últimos meses foi demonstrado que a alfa-sinucleína sai das células e que pode se transportar nas células, e isso demonstrava o que se via, que a doença progredia", segundo o especialista.

"Agora, o fato de os pesticidas iniciarem essa primeira saída da alfa-sinucleína das células, dos neurônios, e que depois seja transportada para a seguinte e que isso não modifica o neurônio ao qual chega etc. Isso é a primeira vez que se vê", ressalta Pan-Montojo.

O grupo de cientistas observou em ratos que ao se extirpar um dos nervos vagos - o simpático, que está conectado à medula espinhal - se atrasa o surgimento do Parkinson.

EFE   
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