Estudo estabelece níveis mais precisos de degelo polar
29 nov2012 - 19h40
(atualizado às 21h33)
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O degelo das camadas polares aumentou o nível do mar em 11,1 mm nas duas últimas décadas, o que constitui a medida mais definitiva até agora do impacto das mudanças climáticas, anunciou nesta quinta-feira uma equipe internacional de cientistas.
Houve mais de 30 estimativas sobre o encolhimento das camadas de gelo polares. Mas estes números costumavam ser vagos, com variações muito amplas e estudos que se contradiziam, explicaram. O grupo de cientistas publicou a estimativa até agora mais precisa sobre os degelos polares desde 1992, que provocaram um aumento de 11,1 mm do nível dos mares ou 20% da elevação do nível das águas dos oceanos registrado desde então.
Cerca de dois terços dos degelos ocorreram na Groenlândia e no restante na Antártida, afirmaram estes cientistas, baseados em imagens de satélite da Nasa e da agência espacial europeia (ESA, na sigla em inglês). Esta última estimativa se situa dentro da escala estabelecida pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), no relatório publicado em 2007.
No entanto, destacaram os cientistas, as distâncias nesta escala eram tão grandes que na época era impossível determinar se a massa de gelo antártico estava derretendo ou se expandindo.
Três vezes mais perda de gelo
As estimativas divulgadas esta quinta-feira, muito mais precisas, confirmam que Antártida e Groenlândia, as duas maiores reservas de gelo do planeta, perderam massa desde 1992 por causa do aquecimento da superfície terrestre e que o degelo se acelerou. Os cientistas usaram desta vez dados de até dez satélites diferentes desde 1992, fazendo coincidir cuidadosamente os períodos de tempo e as localizações geográficas para realizar uma avaliação mais abrangente.
Em conjunto, Groenlândia e Antártida perdem hoje, em conjunto, três vezes mais gelo do que nos anos 1990, fazendo com que sua contribuição à elevação do nível dos mares tenha crescido de 0,27 para 0,95 mm ao ano.
"As mudanças na massa de gelo acumulada nos mantos gelados dos polos são são importante porque são a medida das mudanças no clima e afetam diretamente os níveis dos oceanos", afirmou Andrew Shepherd, da Universidade da Inglaterra.
O ritmo do degelo aumentou muito mais na Groenlândia, onde quintuplicou, destaca Erik Ivins, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa em Pasadena, Califórnia, um dos principais coautores deste estudo, a ser publicado na edição desta sexta-feira da revista americana Science.Ao contrário, as modificações da massa de gelo na Antártida foram menores. As perdas notáveis registradas no oeste do continente foram compensadas em parte por aumentos no leste.
No total, a elevação do nível dos mares foi de cerca de 3 mm ao ano, em média, nestas duas últimas décadas, o que se atribui em sua maior parte à expansão térmica da água.
"Agora devemos entender melhor a física das placas de gelo durante o período que acabamos de observar, com a finalidade de elaborar modelos capazes de prever, em maior grau, a elevação do nível dos oceanos até o fim do século", disse Erik Ivins.
Esta formação rochosa no Paque Estadual Vale do Fogo, no Estado de Nevada, nos EUA, é uma estranha estrutura natural "esculpida" pelo vento, cuja forma se assemelha a um elefante, daí seu nome, 'Elephant Rock Formation'
Foto: Steffen e Alexandra Sailer / Cater News / BBC Brasil
A chamada 'Champagne Pool' é uma fonte natural multicolorida na região de Waiotapu, da Nova Zelândia, uma área de intensa atividade geotérmica. A temperatura da superfície da fonte é de 74 graus Celsius e suas bolhas são produzidas a partir da liberação de dióxido de carbono. Na fonte existem ouro, prata, mercúrio, enxofre e arsênico
Foto: Steffen e Alexandra Sailer / Ardea/ Cater News / BBC Brasil
Os Pedregulhos Moreaki, da Nova Zelândia, são enormes estruturas rochosas que se formaram no fundo do oceano, mas que, após séculos de erosão, acabaram vindo à superfície. Eles se parecem com ovos de um réptil enorme ou com cascos de tartarugas gigantescas
Foto: Steffen e Alexandra Sailer / Ardea/ Cater News / BBC Brasil
O Lago Hiller, no oeste da Austrália, é lendário por suas águas rosadas. Cientistas ainda não chegaram a uma conclusão sobre os motivos do fenômeno, mas descarataram a hipótese de que isso seria causado por algas, que, quando em grandes concentrações, costumam provocar colorações exóticas em lagos e mares
Foto: Jean Paul Ferrero / Ardea / Cater News / BBC Brasil
Os picos Tufa, no Lago Mono, na cordilheira de Sierra Nevada, nos Estados Unidos, são uma bacia hidrológica fechada, o que significa que a água flui para dentro dela, mas não sai. O único meio da água deixar a bacia é por meio da evaporação
Foto: BBC Brasil
O Grande Lago Azul, em Belize, é uma vasta depressão submarina de 91,5 metros de comprimento e 124 metros de profundidade. O lago foi formado após diversas glaciações no período Quaternário, quando os níveis dos mares eram bem menores que os atuais
Foto: Kurt Amsler / Ardea / Cater News / BBC Brasil
Os peculiares picos do Parque Nacional de Nambung, no oeste da Austrália, são incríveis estruturas de calcário, algumas das quais chegam a medir cinco metros. Elas se formaram há aproximadamente 30 mil anos, após o mar ter recuado e deixado depósitos de conchas. Com o tempo, os ventos que atingem a região costeira, retiraram a areia das imediações deixando estes pilares expostos
Foto: Jean Paul Ferrero / Ardea / Cater News / BBC Brasil
A chamada 'Onda', situada no Estado americano de Utah, foi formada por rocha esculpida por inúmeros séculos de erosão. A estrutura fica em território indígena Navajo e é formada por arenito da Era Jurássica, há cerca de 190 milhões de anos
Foto: Steffen e Alexandra Sailer / Ardea / Caters News / BBC Brasil
Este lago situado numa cratera vulcânica foi formado há 150 anos, após o colapso do vulcão Monte Mazama. O lago fica no Crater Lake National Park, no Estado americano do Oregon
Foto: Francois Gohier / Ardea / Cater News / BBC Brasil
Esta gigantesca cratera fica no Parque Nacional Jaua-Sarisarinama, na Venezuela. Ela se formou a partir de uma depressão na superfície terrestre
Foto: Adrian Warren / Ardea / Cater News / BBC Brasil