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Cientistas acham regiões do DNA que controlariam neurônios

20 nov 2012 - 20h03
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Um estudo divulgado nesta terça-feira na revista especializada Plos Biology identificou centenas de pequenas regiões do código genético que aparentemente regulam o funcionamento dos neurônios humanos. Essas características genéticas podem ser fundamentais na nossa diferenciação para outros primatas, mas também podem estar ligadas a doenças restritas aos humanos, como autismo e o mal de Alzheimer. A pesquisa envolveu cientistas dos Estados Unidos, Suíça e Rússia.

Descobrir as características do genoma que diferenciam humanos e os demais primatas é uma tarefa recente da ciência. O primeiro problema é o tamanho da tarefa: um genoma de um primata tem bilhões de pares de base (os blocos que constituem o DNA), e comparações entre humanos e chimpanzés, por exemplo, já mostraram cerca de 40 milhões de diferenças. Aí vem o segundo problema: os pesquisadores acreditam que a maior parte dessas diferenças não tem importância funcional e eles precisam identificar dentre esses milhões quais os que fazem o ser humano único.

O novo estudo decidiu não focar nas letras do DNA, e sim na "fonte" dessa escrita. O código genético é "embalado" em uma proteína para criar o que se chama de fibra de cromatina, e a maneira como ele é embrulhado reflete no estado regulatório da região do genoma (por exemplo, quando um gene é ativado ou desativado). Essa área da ciência é chamada de epigenética, pois estuda o epigenoma - os processos que controlam as expressões de genes.

Os pesquisadores isolaram pequenos fragmentos das fibras de cromatina coletadas de células do córtex frontal, uma região cerebral envolvida nas operações cognitivas complexas. Eles então analisaram os sinais químicos desses fragmentos que definem o estado regulatório (quando é ativada ou desativada) a cromatina. Os pesquisadores conseguiram identificar centenas de regiões do genoma com grandes diferenças na estrutura da cromatina de crianças e adultos humanos quando comparadas com chimpanzés e macacos.

"Muito sobre a biologia e as doenças humanas não pode ser deduzido simplesmente sequenciando o genoma. Mapear o epigenoma dos neurônios e outras células vai nos ajudar a entender melhor os funcionamentos internos do nosso cérebro e sua origem", diz Schahram Akbarian, da Universidade de Massachusetts.

O estudo dessas pequenas regiões do genoma também provê aos pesquisadores pistas de como o cérebro humano evoluiu. Enquanto algumas regiões permaneceram inalteradas, outras passaram por evoluções recentes, tendo uma sequência de DNA única para humanos e nossos "parentes" extintos, como os neandertais e denisovans.

Fonte: Terra
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