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Brasil pode se tornar membro oficial do CERN, diz agência

23 out 2012 - 14h03
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A Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) recebeu, no dia 18 de outubro, a visita de uma comitiva do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN, na sigla em inglês). A visita fez parte de uma missão ao Brasil de representantes do centro europeu de pesquisa em física de partículas elementares, sediado na Suíça, para avaliar se o país tem condições de se tornar membro associado da instituição, que é responsável pela construção do maior acelerador de partículas do mundo - o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) -, onde foram descobertos nos últimos meses indícios da existência do bóson de Higgs.

Até hoje, 20 países europeus são oficialmente membros do CERN, que foi fundado em 1954. Além deles, mais 40 países que não são membros oficiais, incluindo o Brasil, têm pesquisadores participando dos experimentos realizados na instituição, que requerem instrumentos grandes e caros e a colaboração de inúmeros pesquisadores.

A partir de 2010, em função da redução da contribuição de seus países-membros, causada pela crise econômica europeia, a organização passou a aceitar como membros associados países não europeus. O Brasil e a Rússia, entre outras nações, demonstraram interesse em fazer parte do grupo.

Para se tornar membro associado, os representantes do CERN avaliam se a comunidade de físicos, além de universidades, instituições de pesquisa e empresas do país têm condições de se beneficiar das atividades relacionadas à física de partículas realizadas na instituição e das tecnologias associadas e geradas a partir delas. "Pudemos ver na visita ao Brasil que há interesse do país em se beneficiar tanto das pesquisas na área de física de partículas como das tecnologias associadas ao nosso trabalho no CERN", disse José Salicio Diaz, coordenador das relações do CERN com os países da América Latina.

"As agências de fomento à pesquisa com as quais tivemos reuniões também demonstraram muito interesse em investir recursos para apoiar o desenvolvimento de tecnologias que estamos interessados em buscar no Brasil e que podem beneficiar toda a indústria do país", avaliou Diaz. De acordo com ele, se for aceito como membro oficial do CERN, o Brasil terá que contribuir com uma taxa anual, que depende de seu PIB, no orçamento da instituição, que foi de 1,165 bilhão de francos suíços em 2011.

Em contrapartida, as indústrias brasileiras poderão se habilitar para participar dos contratos que a instituição oferece para o fornecimento de tecnologias para as atualizações do LHC e para os experimentos realizados na instituição. Além disso, o país também poderá participar dos programas de pós-doutorado, treinamento para engenheiros e períodos sabáticos oferecidos pelo CERN e ser membro do conselho da instituição.

Como membro oficial do centro de pesquisa, o Brasil ainda terá poder de voto nos comitês de colaborações, que decidem como serão realizados e financiados os experimentos e as análises dos dados gerados por eles. "Há um grande leque de oportunidades oferecido pelo CERN que até agora o Brasil não tem e que poderá passar a ter a partir do momento em que se tornar membro associado", disse Diaz.

Participação brasileira no CERN

Segundo Diaz, o Brasil tem uma longa tradição de colaboração e atualmente é o país da América Latina que possui o maior número de pesquisadores participando de experimentos no CERN.

Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), por exemplo, participa por meio de um Projeto Temático apoiado pela Fapesp da colaboração Compact Muon Solenoid (CMS, na sigla em inglês) - que foi uma das responsáveis pela descoberta dos indícios da existência do bóson de Higgs, ao lado da colaboração A Toroidal LHC Apparatus (Atlas), e reúne mais de três mil cientistas, de 40 nacionalidades diferentes e provenientes de mais de 180 universidades e instituições de pesquisa no mundo.

Os pesquisadores da Unesp integram o Centro de Pesquisa e Análise de São Paulo (Sprace, na sigla em inglês), criado em 2003. O Sprace teve participação ativa no experimento DZero do Fermilab, nos Estados Unidos, que operou até setembro de 2011 e já publicou mais de 130 trabalhos científicos resultados de pesquisas com a colaboração CMS.

O cluster do Sprace também faz parte do Worldwide Computing Grid do LHC (WLCG) e, por meio de recursos concedidos pela FAPESP, agregou mais 64 nós de processamento e aumentou sua capacidade de armazenamento para 1 Petabyte.

Além do grupo de pesquisadores da Unesp, coordenado pelo professor Sérgio Novaes, cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) também participam da colaboração ALICE do CERN, que reúne mais de 1,2 mil cientistas de 36 países e 132 instituições de pesquisa diferentes. "No Brasil, os grupos de físicos mais importantes estão, particularmente, nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro", disse Diaz.

Missão no Brasil

Em sua passagem pelo Brasil, a delegação do CERN visitou universidades, instituições de pesquisa e empresas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas e Brasília. Algumas das informações que os participantes da missão coletaram foram sobre o panorama da Física de alta energia no país e os mecanismos de financiamento às pesquisas na área existentes no país.

Com base nas observações feitas, o grupo que participou da viagem elaborará um relatório que será submetido ao Conselho da instituição, composto por 20 membros, que decidirá se o Brasil deverá ou não ser aceito como novo membro da entidade. "A principal mensagem que demos para os grupos de físicos brasileiros com quem nos encontramos durante a visita ao Brasil é que eles não devem se concentrar somente nos problemas de física de partículas, mas também olhar ao seu redor na tentativa de ver que engenharias podem utilizar para lhes auxiliar. Porque isso pode possibilitar que determinadas engenharias e indústrias do país se beneficiem dos desenvolvimentos nessa área", avaliou Diaz.

Com informações da Agência Fapesp

Fonte: Terra
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