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Organização desmente recorde de temperatura na Terra

13 set 2012 - 17h23
(atualizado às 19h41)
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Durante 90 anos, a comunidade científica considerou que os 58°C registrados no dia 13 de setembro de 1922 na Líbia fosse a temperatura mais alta da Terra, um dado que a Organização Meteorológica Mundial (OMM) desmentiu nesta quinta-feira após analisar vários documentos da época. A entidade rejeitou a validade da medição registrada em 1922 em El Aziza (a 40 km da capital Trípoli) e estabeleceu que a temperatura mais alta atingida na Terra foram os 56,7°C registrados em 10 de julho de 1913 no Vale da Morte, na Califórnia.

Um observador pouco experiente e "sem formação no uso dos instrumentos de medição", pode ter lido equivocadamente a temperatura que marcava o termômetro, uma falha que teria sido agravada pelo fato de a estação meteorológica ter sido instalada sobre uma base de asfalto, material que tende a aumentar a temperatura, segundo a OMM.

O membro do comitê de especialistas da organização Christopher Burt foi o primeiro a questionar a validade da temperatura recorde em uma postagem em seu blog, e a partir de então tentou provar a legitimidade do dado. "A estação meteorológica se mudou de lugar em três ocasiões. Em sua primeira localização (de 1913 a 1920), registrou uma temperatura máxima de 48ºC, enquanto na segunda (de 1920 a 1926), quando o termômetro se situou no topo de uma colina e sobre uma base de asfalto, chegou aos 58ºC", explicou Burt. "A leitura de 13 de setembro de 1922 é inconsistente com a das estações em locais próximos, já que nesse dia nenhuma delas registrou uma temperatura maior que 32 graus. Trata-se de uma enorme anormalidade", opinou o especialista da OMM.

Além disso, a OMM analisou também os registros manuais das temperaturas para encontrar um possível erro humano. "A medida de 58 graus está escrita com uma caligrafia diferente dos registros anteriores e parece que o responsável pelo registro não sabia em que coluna anotar as temperaturas", explicou Burt, ao sugerir que as anotações tivessem sido feitas por um "observador inexperiente".

Além disso, as medições escritas com esse tipo de letra na base de El Aziza sempre diferiam sete graus da média das estações vizinhas, o que sugere que o observador não sabia ler corretamente o termômetro. A medida correta nesse tipo de termômetro é a que marca o extremo inferior da barra magnética, e não o superior, que por sua espessura, daria uma diferença de sete graus a mais.Segundo a OMM, o observador pode ter tomado como referência o extremo superior e registrado os 57,8 graus, uma medida que na realidade seria de 50,8 graus. O especialista concluiu que a possibilidade de uma diferença de temperatura tão alta entre a estação de El Aziza e os seus arredores "é muito pequena".

EFE   
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