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Intervenção precoce para achar anomalias cerebrais ajuda paciente

22 ago 2012 - 13h13
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Pesquisadores do de Nova York, nos Estados Unidos, descobriram que treinamentos cognitivos preventivos - uma intervenção precoce para identificar deficiências neuropsiquiátricas - podem ajudar as funções do cérebro a se normalizarem com o passar do tempo. Os resultados do estudo, que foram publicados no jornal Neuron, prometem identificar uma série de danos cerebrais nos humanos, incluindo esquizofrenia.

A pesquisa, desenvolvida por cientistas do Centro de Ciência Neural da Universidade de Nova York (NYU, na sigla em inglês), do Centro Médico da Universidade do Estado de Nova York (SUNY, na sigla em inglês), do Centro Médico Langone da NYU e do Instituto de Pesquisa em Psiquiatria Nathan S. Kline, tinha como objetivo rastrear danos neuropsiquiátricos no cérebro, como a esquizofrenia, através de treinamento mental - como a execução de exercícios que ensinam pacientes a focar a atenção e recordar seletivamente informações importantes. Historicamente, esses métodos estão limitados devido ao nível avançado da condição dos pacientes que participaram dos testes.

Uma intervenção precoce, portanto, seria uma abordagem viável ao tratamento. Isso ocorre devido a dois fatos: um, que o cérebro segue se desenvolvendo e crescendo até mais ou menos os 20 anos de idade; e outro que a experiência pode ter um efeito poderoso na ligação de circuitos neurais. Juntando os dois fatos, poderia ser possível usar o treinamento mental para selar o potencial de desenvolvimento de um cérebro jovem para compensar circuitos anormais.

"Isso significa que temos uma janela de intervenção prévia em um sistema neural que está manifestando anormalidade funcional e se tornando imutável", explicou André Fenton, professor do Centro de Ciência Neural da NYU e um dos autores do estudo. "Se podemos detectar uma anomalia no cérebro cedo o bastante, podemos redirecionar a trajetória de desenvolvimento e treinar o cérebro mais jovem para resolver problemas que irão confrontar o cérebro adulto", afirma.

A equipe conduziu as pesquisas em ratos de laboratório em dois estágios diferentes da vida - na adolescência, ou 35 dias de vida, o que equivale a 13 anos na idade humana, e jovens adultos, com 60 dias de vida, o equivalente a 20 anos de idade em pessoas - período típico do surgimento dos sintomas da esquizofrenia. Foi examinado o nível comportamental e psicológico do cérebro dos ratos com funções cerebrais normais e daqueles que tinham danos cerebrais causados por lesões, que representavam os efeitos da condição de um esquizofrênico.

No experimento inicial, os ratos tinham que aprender a se equilibrar em um carrossel em formato de disco e evitar pisar em uma área que daria choque nas patas dos animais. No carrossel, os ratos recebiam duas pistas espaciais necessárias para evitar a área eletricamente carregada. O teste foi desenvolvido para imitar os desafios funcionais encarados por pacientes que sofrem de esquizofrenia - a inabilidade de distinguir informações relevantes ou não, por exemplo.

Resultados e conclusões

Os primeiros ratos adultos testados aprenderam rapidamente a diferenciar pistas que fossem relevantes ou não nos testes. No entanto, evitando a zona de choque, os ratos tiveram dificuldade em completar o percurso. Porém, com treinamento e repetições suficientes, os animais com 60 dias de idade aprenderam a lidar com o desafio, mas eram prejudicados se a tarefa fosse modificada para uma zona de choque diferente do carrossel. O teste imita o que normalmente acontece com pacientes esquizofrênicos: os medicamentos podem melhorar a cognição, mas não de uma forma geral.

No experimento seguinte, os pesquisadores testaram os treinamentos preventivos que, se feitos precocemente, poderiam ser um beneficio na vida adulta por diminuir a deficiência cognitiva controlada. Foram feitas duas experiências com os ratos "adolescentes": metade recebeu treinamento para usar informações relevantes e ignorar o que fosse irrelevante para evitar a zona de choque no carrossel; e a outra metade foi colocada no carrossel pelo mesmo período de tempo, sem nunca levar choque e, portanto, não passaram por um desafio explícito.

Quando eles alcançaram os 60 dias de vida, já na fase adulta, receberam uma variedade de tarefas, a começar com um teste em um labirinto em forma de "T". Os ratos, primeiramente, tiveram que aprender a ir para a esquerda ao invés de direita, para evitar a zona de choque. Inicialmente, todos os animais foram bem. Porém, quando o choque foi trocado para o lado esquerdo do labirinto, foi necessário o controle cognitivo para ignorar a então informação irrelevante de se direcionar para a esquerda. Os resultados mostraram que os ratos sem o treinamento cognitivo precoce foram prejudicados no momento de troca de zona de choque. Em contraste, os outros ratos testados, conseguiram correr para o lado correto com mais facilidade do que os ratos que não foram treinados. O mesmo modelo de resultado foi visto em testes subsequentes usando carrossel, confirmando que o treinamento preventivo na adolescência traz benefícios na vida adulta.

Além disso, os pesquisadores investigaram as funções elétricas do cérebro e observaram que o treinamento precoce também corrigiu a maneira com que o cérebro danificado estava operando. "Nossas descobertas mostram que se você focar o cérebro jovem em atingir uma determinada experiência, nós podemos treiná-lo para resolver problemas que podem aparecer na fase adulta", explicou Fenton.

Fonte: Terra
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