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Estudo nos EUA descobre sistema de limpeza do cérebro

15 ago 2012 - 15h29
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Neurocientistas da Universidade de Rochester, na cidade de mesmo nome (no Estado americano de Nova York), descobriram um sistema capaz de limpar rapidamente o cérebro. A pesquisa foi divulgada nesta quarta-feira na revista especializada Science Translational Medicine, da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês).

Archie Dodd, 3 anos, teve que passar por uma cirurgia para retirar parte do crânio  e recortá-lo para que o cérebro pudesse crescer
Archie Dodd, 3 anos, teve que passar por uma cirurgia para retirar parte do crânio e recortá-lo para que o cérebro pudesse crescer
Foto: The Grosby Group

Segundo os pesquisadores, o sistema glymphatic, como nomearam, funciona com uma série de tubos que atua nos vasos sanguíneos do cérebro. O sistema atua de forma similar ao linfático, que drena a "sujeira" do sangue.

"A limpeza é de central importância para cada órgão, e se questiona há muito tempo sobre como o cérebro se livra de seu 'lixo'", diz a pesquisadora Maiken Nedergaard. "Este trabalho mostra que o cérebro limpa a si mesmo de uma maneira mais organizada e em escala muito maior do que se pensava anteriormente."

Os cientistas já sabiam que o fluido cerebrospinal (ou líquido cefalorraquidiano) é um importante ator na limpeza do tecido cerebral, pois leva embora a "sujeira" do órgão e carrega nutrientes para ele. O novo sistema faz esse líquido circular em todo o cérebro de maneira eficiente, através da convecção.

"É como se o cérebro tivesse dois caminhões de lixo, um lento do qual nós já sabíamos, e um rápido que acabamos de conhecer", diz Maiken. Enquanto o sistema anteriormente conhecido trabalhava em um fluxo, o novo funciona sob pressão para movimentar grandes volumes do fluido cerebrospinal pelo órgão todo o dia e carregar grandes volumes de "lixo".

Conforme o estudo, o sistema funciona como uma tubulação que rodeia os vasos sanguíneos. Os pesquisadores dizem que um tipo de neurônio chamado astrócito cria uma rede fora das artérias e veias - similar a quando árvores criam um "túnel verde" em uma rua. São essas células que movem o líquido cefalorraquidiano através do órgão.

Mas, com todos os recursos tecnológicos existentes, como os cientistas não tinham descoberto esse sistema até agora? Segundo os pesquisadores, o problema é que o fluxo só pode ser descoberto em um animal vivo - ratos, no caso. Para isso, os pesquisadores usaram uma técnica conhecida como microscopia de dois fótons, que permite visualizar o fluxo de fluidos em um animal vivo.

"É um sistema hidráulico", diz Maiken. "Quando você abre (o cérebro), você quebra as conexões e ele não pode ser estudado. Nós temos sorte de ter a tecnologia que nos permite observar o sistema intacto, para vê-lo em operação."

Jeffrey Iliff, principal autor do estudo, afirma que a pesquisa indica ainda que o sistema recém-descoberto é responsável por mais da metade da remoção da proteína beta-amiloide. Essa substância se acumula no cérebro de pacientes com Alzheimer. "Essencialmente, em todas as doenças neurodegenerativas, inclusive Alzheimer, proteínas se acumulam e eventualmente sufocam e matam redes de neurônios", diz Iliff.

"Se o sistema 'glymphatic' falha em limpar o cérebro, isso pode significar que, tanto como consequência do envelhecimento natural, ou como resposta a um dano, a sujeira começa a acumular no órgão. Pode ser isso que acontece com os depósitos amiloides do mal de Alzheimer", diz o pesquisador.

"Esperamos que essas descobertas tenham influência em muitas condições que envolvem o cérebro, como lesão cerebral traumática, mal de Alzheimer, derrame e mal de Parkinson", diz Maiken.

Fonte: Terra
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