Estudo descarta miscigenação entre humanos e neandertais
14 ago2012 - 14h39
(atualizado às 15h28)
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Antropólogos contestaram teorias segundo as quais o Homo sapiens e os neandertais se miscigenaram, transmitido aos humanos atuais parte do legado genético de seus primos misteriosos. Os pesquisadores vão contra vários estudos divulgados ao longo dos últimos dois anos que sugerem um cruzamento entre o Homo sapiens e o hominídeo enigmático que viveu em regiões de Europa, Ásia Central e Oriente Médio por até 300 mil anos, mas desapareceu de 30 a 40 mil anos atrás.
As evidências provêm de fósseis de DNA, que demonstram que eurasiáticos e asiáticos médios partilham entre 2% e 4% de seu DNA com os neandertais, mas os africanos, quase nenhum. Mas um novo estudo feito por cientistas da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, diz que o DNA veio de um ancestral comum e não através de "hibridização" ou reprodução entre duas espécies de hominídeos.
Em publicação, na segunda-feira, no periódico americano Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), Andrea Manica e Anders Eriksson, do Grupo de Ecologia Evolutiva da universidade britânica, desenvolveram um modelo de computador para simular a odisseia genética. Ele começa com um ancestral comum dos neandertais e do Homo sapiens que viveu cerca de meio milhão de anos atrás em regiões de África e Europa.
Por volta de 300 mil a 350 mil anos atrás, a população europeia e a população africana deste hominídeo se separaram. Vivendo em isolamento genético, o ramo europeu evoluiu pouco a pouco até dar origem aos neandertais, enquanto o ramo africano acabou dando origem ao Homo sapiens, que se disseminou em ondas migratórias que deixaram a África cerca de 60 mil a 70 mil anos atrás.
Segundo a teoria, comunidades de Homo sapiens que estavam geneticamente mais próximas da Europa, possivelmente no Norte da África, preservaram uma parte relativamente maior de genes ancestrais. Eles também se tornaram os primeiros colonizadores da Eurásia durante a progressiva migração "Fora da África".
Isto poderia explicar porque os europeus e asiáticos modernos têm uma semelhança genética com os neandertais, mas os africanos, não."Nosso trabalho demonstra claramente que os padrões atualmente vistos no genoma do neandertal não são excepcionais e estão alinhados com nossas expectativas do que veríamos sem a hibridização", afirmou Manica em um comunicado.
"Assim, se qualquer hibridização ocorreu, é difícil provar conclusivamente que tenha ocorrido, deve ter sido mínima e muito menor do que as pessoas alegam agora", acrescentou. O que aconteceu com os neandertais é uma das grandes questões da antropologia.
A hibridização poderia responder a ela, ao menos parcialmente. Ao se miscigenarem com os humanos, os neandertais não teriam sido extintos pelo Homo sapiens ou pelas mudanças climáticas, como alguns argumentam. Ao contrário, os genes dos neandertais teriam se misturados no genoma da cepa dominante do Homo.
Em um estudo separado publicado na PNAS, cientistas chefiados por Svante Paabo do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, Alemanha, encontraram indícios que os neandertais e os Homo sapiens se separaram entre 400 mil e 800 mil anos atrás, mais cedo do que se imaginava.
A equipe também calculou que os humanos se separaram dos chimpanzés, nosso parente primata mais próximo, entre 7 e 8 milhões de anos, antes dos 6 a 7 milhões de anos atrás, segundo as estimativas mais comuns.
Em 2011, a paleontologia teve um ano cheio. Espécies novas foram descobertas em vários pontos do planeta. De um ser minúsculo - e completamente desconhecido - que teria dado origem às aranhas, ao maior dinossauro carnívoro do Brasil. Além disso, cientistas estudaram fósseis já conhecidos - e chegaram a conclusões impressionantes. Veja a seguir algumas das principais descobertas da paleontologia em 2011
Foto: AFP/Ulbra/Divulgação / AP
Em fevereiro, pesquisadores chineses informaram a descoberta do fóssil de um ser que viveu há 520 milhões de anos. O estranho animal de 6 cm de comprimento pode ser o mais antigo antepassado conhecido das aranhas.Leia mais
Foto: EFE
A Argentina mostrou em março uma nova espécie de dinossauro descoberta na Patagônia. A espécie até então desconhecida teria levado ao surgimento dos herbívoros gigantes. Leia mais
Foto: AFP
Pesquisadores da UFRJ anunciaram em março a descoberta de um dinossauro que teria até 14 m e 7 t, seria o maior desses carnívoros a existir no que hoje é o Brasil. Leia mais
Foto: Museu Nacional / Divulgação
Ainda no Brasil e também em março, pesquisadores descobriram no Rio Grande do Sul um herbívoro com dentes de sabre. Leia mais
Foto: Ufrgs / Divulgação
Nos Estados Unidos, cientistas da universidade de Harvard descobriram um fóssil de 315 milhões de anos que mostra em detalhes um inseto da época. Na verdade, o inseto não foi fossilizado, ele pousou na lama, deixando sua marca, e ela virou pedra. Leia mais
Foto: The New York Times
Na Alemanha, paleontólogos divulgaram em maio um fóssil de um lagarto que parece ser um estágio intermediário entre o lagarto comum e o lagarto sem pernas. Leia mais
Foto: Nicola Wong Ken / Divulgação
Em agosto, cientistas anunciaram nos Estados unidos a descoberta de um fóssil de 78 milhões de anos de um plessiossauro com um embrião no seu interior. A descoberta é a primeira evidência de que esse réptil marinho dava à luz suas crias, ao invés de pôr ovos. Leia mais
Foto: AP
A revista especializada Science divulgou em setembro imagens de estruturas primitivas que teriam levado ao surgimento das penas. As chamadas protopenas (ou "dinoplumas") ficaram conservadas em âmbar. Leia mais
Foto: AP
Em Paris, paleontólogos apresentaram em setembro uma espécie de primata que teria vivido há 20 milhões de anos. O ser, descoberto em Uganda, seria um "primo" distante da Hominidae (família que inclui o ser humano e o chimpanzé, por exemplo).Leia mais
Foto: AFP
Um estudo da Universidade de Alberta (Canadá) indica que o carnotaurus, dinossauro carnívoro que habitava a América do Sul, era muito mais mortífero do que se acreditava. A pesquisa detalhada dos fósseis descobriu estruturas que conferiam mais velocidade e força do que se imaginava.Leia mais
Foto: Julian Fong / Divulgação
No Rio Grande do Sul, pesquisadores anunciaram em novembro o resultado de uma pesquisa feita em um fóssil descoberto em 2004. Os cientistas deram à nova espécie o nome de Pampadromaeus barberenai e chegaram à conclusão que o dinossauro teria cerca de 228 milhões de anos e era coberto por penas. Leia mais
Foto: Gabriel de Mello/Ulbra / Divulgação
Novamente no Rio Grande do Sul, pesquisadores divulgaram em dezembro a descoberta de um herbívoro que teria cerca de 1 t e 2 m. Leia mais
Foto: Maieve Soares/Prefeitura de Candelária / Divulgação