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Após morte de família, macaca recebe tratamento contra depressão

3 ago 2012 - 05h30
(atualizado às 09h11)
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Após perder seus familiares, uma macaca do Parque Ecológico Urbano Rio Cuarto, na província argentina de Córdoba, está recebendo tratamento especial contra a depressão. A macaca Loli (diminutivo de Dolores), que tem dez anos,, está sendo atendida com doses diárias de antidepressivos, além de alimentação adequada, aquecimento na sua habitação e companhia de especialistas e de voluntários em tempo integral.

Loli, de uma espécie conhecidos no Brasil como guariba ou bugio (Alouatta caraya), típica da América do Sul e da América Central, estava à beira da morte quando veterinários perceberam que seu silêncio e falta de apetite poderiam estar ligados a problemas psicológicos e não físicos. Eles pediram ajuda a psicólogos e psiquiatras que recomendaram o tratamento contra a depressão.

Seus três irmãos tinham tido os mesmos sintomas antes de morrerem logo após o falecimento das que seriam equivalentes a mãe e a avó do grupo."Os macacos realmente se parecem com os humanos", disse o diretor do Parque, Daniel Paoloni. Ele e a coordenadora do local, Miriam Rodríguez, disseram à BBC Brasil que o tratamento requer muita "atenção e paciência" já que é preciso "conversar muito" com a macaca para que ela não se sinta sozinha. "Tem sempre alguém pra conversar com Loli, para animá-la", disse Rodríguez.

Nos últimos dias, a macaca tem dado sinais de melhoras, segundo Paoloni e Rodríguez. "Ela está cada vez melhor. Voltou a ter brilho no olhar", disse Rodríguez. Loli não abandonou, porém, um cobertor que costuma usar nas costas. "É como uma pessoa triste que precisa de casaco, de mais calor. E foi também por isso que levamos um aquecedor para a casa dela", disse Paoloni.

Os responsáveis pelo parque já começaram a fazer planos para a vida pessoal da macaca. "Agora que ela está melhorando estamos pensando que o ideal será ela ter um companheiro e construir sua própria família. Assim sua vida seguirá adiante", disse Rodríguez.

Perdas

As perdas familiares de Loli começaram em 2010. As duas fêmeas mais velhas, consideradas avó e mãe do "grupo familiar" de seu bando, morreram de velhice. A primeira em 2010 e a segunda no ano passado. Em seguida, os três macacos machos, que eram jovens como Loli, começaram a dar sinais de "desinteresse pela vida", afirmou Rodríguez.

"Eles fechavam a boca e não havia como estimulá-los a comer. Não saíam de casa e ficavam em silêncio. Foi muito difícil", disse. Os animais tiveram que ser alimentados com soro e ficaram dias na clinica que funciona dentro do parque.

"Mas morreram de tristeza. Não suportaram as perdas das macacas mais velhas, que eram as referências, as matriarcas do grupo", afirmou.Rodríguez e Paoloni contaram que os macacos foram submetidos a vários exames para descobrir as causas de sua falta de alegria e apetite. "Mas todos os exames, como sangue por exemplo, davam que eles estavam muito bem de saúde. O problema é que se negaram a viver", disse Miriam.

Além dos exames médicos, os especialistas do zoológico realizaram análises da água e do solo para tentar detectar se havia alguma espécie de vírus ou outro problema que poderia estar afetando o comportamento dos animais. Mas todos os exames deram negativos.

O parque fica em uma região montanhosa, possui cerca de trezentas espécies, a maioria aves, e concentra animais que foram vítimas de tráfico ilegal, maus tratos ou estão ameaçados de extinção.

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Foto: BBC Brasil
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