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Cientistas descobrem como enzima ligada ao câncer funciona

2 ago 2012 - 15h27
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Professores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, afirmam ter descoberto detalhes do funcionamento da telomerase e como possivelmente impedí-la de atuar. Essa enzima garante a longa vida das células-tronco, mas também pode estar ligada ao desenvolvimento de câncer e outras doenças. O estudo foi divulgado nesta quinta-feira e o artigo que explica a pesquisa será publicado na revista especializada Cell.

As células-tronco têm uma vida muito mais longa que as demais. Elas esperam até que sejam necessárias para reparar um tecido danificado ou perdido. E o segredo dessa longevidade é exatamente a telomerase. Ela recebe esse nome porque atua nos telômeros, as extremidades dos cromossomos, impedindo que estes se encurtem. Se a telomerase não está presente no cromossomo, a célula chega a um ponto em que para de se reproduzir e morre, exatamente quando os telômeros chegam a um tamanho mínimo.

O problema é que a telomerase também está presente nas células de câncer, o que significa que estas se multiplicam indefinidamente, sem morrer. "Se a telomerase é incapacitada de manter o final dos cromossomos, as células vão parar de se multiplicar", diz o professor de medicina Steven Artandi. "Isso pode ser vantajoso (no combate) às células do câncer, mas em células-tronco normais pode causar diversas disfunções e levar a doenças como fibrose pulmonar, anemia aplástica e uma condição genética chamada disqueratose congênita. Nós queremos entender como a telomerase funciona e desenvolver terapias para o câncer e essas outras doenças."

"Nós identificamos agora como a telomerase é recrutada para os telômeros através de uma interação com uma proteína chamada TPP1, que reveste as pontas dos cromossomos", diz Artandi. Eles ainda encontraram a região exata da proteína à qual a enzima se liga, chamada de dobra OB.

"Quando nós mutamos essa região na TPP1, nós bloqueamos a interação entre as duas e prevenimos a telomerase de ir aos telômeros. E quando interferimos com essas interações em células de câncer humanas, os telômeros começaram a se encurtar", diz o pesquisador.

Os pesquisadores usaram células de pacientes com fibrose pulmonar e descobriram que a telomerase, apesar de estar ativa, sofria uma mutação na região que se liga à TPP1, o que impedia sua ligação com a proteína. Como resultado, a enzima, apesar de ativa, não conseguia chegar onde deveria.

"Era impossível para até começar a entender esse mecanismo antes de nós sabermos como essas duas moléculas (a telomerase e a TPP1) interagiam. Mas agora que nós conseguimos compreender isso, nós podemos começar a pensar no desenvolvimento de inibidores - talvez na forma de peptídeos ou pequenas moléculas - que mimetizam essa disfunção. Isso pode ser muito útil em terapias contra o câncer", afirma o cientista.

Fonte: Terra
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