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Redução de estômago pode resultar em bebês com problemas de saúde

21 jul 2012 - 17h35
(atualizado às 17h49)
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Bebês de mulheres que ficaram grávidas depois de terem feito redução de estômago nasceram com baixo peso e apresentaram problemas respiratórios ou pulmonares, infecções e até a necessidade de reanimação na sala de parto logo após o nascimento, apontou uma pesquisa realizada em Santos.

A pesquisa indica que a cirurgia bariátrica pode ter sido responsável pela maior vulnerabilidade nutricional das gestantes e que isso pode ter provocado reflexos nos fetos, afetando até a amamentação. De acordo com os dados, 74% das mulheres engravidaram após um ano da cirurgia e 28,5% em menos de um ano. Do total de entrevistadas, 68,6% amamentaram os filhos por um período inferior a seis meses, com 43% realizando o aleitamento materno por apenas dois meses.

O estudo foi feito pela Secretaria de Estado da Saúde em parceria com a Universidade Católica de Santos com 35 mulheres entre 24 anos e 39 anos, que ficaram grávidas depois de terem feito cirurgia bariátrica. Do total, 88,6% delas tiveram parto por cesárea, 50% nasceram com baixo peso e 14% tiveram problemas respiratórios ou pulmonares.

A pesquisadora e nutricionista da Divisão de Doenças Não Transmissíveis do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria, África Isabel de la Cruz Perez, explicou que na cirurgia de redução de estômago, além de o paciente ter o tamanho do órgão diminuído, o que restringe a quantidade de alimento que pode ser ingerido diariamente, geralmente é feito um desvio de algumas partes do intestino, onde os nutrientes são absorvidos.

"O cirurgião desvia o trajeto normal do alimento para ele não passar pelo duodeno. Por isso há um prejuízo grande da absorção. Ela come pouco e o pouco que come não é absorvido. Assim ela vai passar a usar as reservas corporais que tem e, por isso, emagrece rápido. Isso é muito nocivo para a saúde. Agora imagine isso para uma pessoa que está em idade fértil e vai gerar uma criança."

Segundo ela, outras pesquisas também já indicaram a possível influência da cirurgia bariátrica no nascimento prematuro e no baixo peso dos bebês. Além disso, existe também outra conseqüência, como a reprogramação fetal. Nesse caso, o feto está em um ambiente no qual percebe que há poucos nutrientes e interpreta isso como um ambiente hostil. Assim, o feto se reprograma para acreditar que quando sair do meio uterino estará também em um local com essa deficiência de nutrientes.

"O que acontece é que esse bebê não é amamentado direito. Acaba recebendo leite de vaca e por causa da reprogramação fetal isso resulta em uma hiperalimentação, que pode levar à obesidade na fase adulta e a vários problemas cardiocirculatórios. Isso está sendo atribuído à reprogramação fetal".

África ressaltou a importância de o paciente ter um bom acompanhamento médico tanto antes quanto depois da cirurgia, com nutricionista e psicólogo. "Assim ela pode evitar as consequências maléficas da cirurgia, porque elas também existem e é sobre isso que as pessoas precisam ser alertadas."

Para a nutricionista o ideal é que a pessoa se esforce para não engordar a ponto de ser necessário fazer a redução de estômago. "O ideal é ter uma alimentação adequada e fazer exercícios físicos para se manter dentro do peso indicado para a altura."

Agência Brasil Agência Brasil
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