Astrônomos fazem observação espacial mais precisa da história
18 jul2012 - 12h46
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Uma equipe internacional de astrônomos observou o coração de um quasar distante com uma precisão sem precedentes, dois milhões de vezes melhor que a da visão humana. De acordo com o Observatório Europeu do Sul (ESO), as observações, obtidas ao se ligar pela primeira vez o telescópio Atacama Pathfinder Experiment (Apex) com dois outros situados em continentes diferentes, são "um passo crucial em direção ao objetivo científico do projeto Telescópio de Horizonte de Eventos", que é obter imagens de buracos negros de grande massa situados no centro das galáxias.
Os astrônomos ligaram o Apex, no Chile, com os americanos Submillimeter Array (SMA), no Hawaii, e o Submillimeter Telescope (SMT), no Arizona. Deste modo, conseguiram fazer a observação direta mais precisa até hoje do centro de uma galáxia distante, o quasar brilhante 3C 279, que contém um buraco negro de elevada massa - cerca de um bilhão de vezes a do Sol - e encontra-se tão distante da Terra que a sua radiação demorou mais de 5 bilhões de anos para chegar até nós.
Os telescópios foram ligados usando a técnica conhecida como Interferometria de Linha de Base Muito Longa (VLBI, sigla do inglês Very Long Baseline Interferometry). Telescópios maiores obtêm observações mais precisas e a interferometria permite que vários telescópios trabalhem como um só, tão grande quanto à distância entre eles. Para as observações do quasar, os três telescópios criaram um interferômetro com as distâncias intercontinentais de 9.447 km do Chile ao Hawaii, 7.174 km do Chile ao Arizona e 4.627 km do Arizona ao Hawaii.
As observações foram feitas em ondas de rádio, em um comprimento de onda de 1,3 milímetros. Esta é a primeira vez que observações em um comprimento de onda tão curto foram feitas utilizando distâncias tão grandes. As observações atingiram uma precisão, ou resolução angular, de 28 microssegundos de arco - valor 8 bilhões de vezes menor que um grau angular. Com este valor é possível distinguir detalhes dois milhões de vezes mais precisos do que o conseguido pelo olho humano. As observações foram tão precisas que se observaram escalas menores que um ano-luz ao longo do quasar - o que é um feito extraordinário tendo em conta um objeto que se encontra a vários bilhões de anos-luz de distância.
Estas observações representam um passo importante no sentido de obter imagens de buracos negros de elevada massa e das regiões que os rodeiam. No futuro, pensa-se ligar entre si ainda mais telescópios, de modo a criar o chamado Telescópio de Horizonte de Eventos, capaz de obter imagens da sombra do buraco negro de elevada massa que se situa no centro da nossa Via Láctea, assim como de outros situados em galáxias próximas. A sombra - uma região escura vista em contraste com um fundo mais brilhante - é causada pela curvatura da luz devido ao buraco negro e seria a primeira evidência observacional direta da existência do horizonte de eventos de um buraco negro, a fronteira a partir da qual nem mesmo a luz consegue escapar.
Júpiter deixa o rastro mais brilhante, cruzando atrás da torre da igreja e se dirigindo para o horizonte. Veja a seguir outras incríveis imagens do espaço registradas do solo - e sem telescópio
Foto: Mark Humpage/Caters / BBC Brasil
Esta imagem, de Yuri Beletsky, foi registrada fora de um telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), no Chile. Ela foi eleita a imagem do ano de 2010 do Wikimedia Commons. O laser que é disparado pelo telescópio serve para a criação de uma "estrela" artificial, usada para corrigir as distorções causada pela atmosfera nos registros astronômicos
Foto: ESO/Y. Beletsky / Divulgação
Juan Mabromata fotografou a Via Láctea sobre Balgowan durante a Copa do Mundo de 2010
Foto: AFP
A Via Láctea pode ser vista sobre o Monte Paranal, onde ficam telescópios do ESO, no Chile
Foto: B. Fugate (FASORtronics)/ESO / Divulgação
Além da Via Láctea, esta imagem mostra o planeta Júpiter e a estrela Antares brilhando no centro da fotografia
Foto: ESO/Y. Beletsky / Divulgação
Durante a Hora do Planeta - quando cidades apagam as luzes para chamar a atenção para as emissões de CO2 -, Ian Waldie conseguiu fotografar as estrelas no céu de Sydney
Foto: Getty Images
As três "estrelas" brilhantes são na verdade a Lua (dir.) e os planetas Vênus (centro) e Júpiter em conjunção
Foto: ESO/Y. Beletsky / Divulgação
Novamente em Paranal, no centro desta imagem pode ser visto o centro da Via Láctea
Foto: ESO/Y. Beletsky / Divulgação
O fotógrafo Dmitry Kostyukov registrou esta imagem no Afeganistão quando acompanhava soldados americanos
Foto: AFP
Kostyukov cobria os 10 anos da guerra do Afeganistão, completados em 2011
Foto: AFP
Fotógrafo aproveita eclipse total da Lua para registrar a noite em Paranal
Foto: ESO/Y. Beletsky / Divulgação
A fotografia de longa exposição registra o movimento de rotação da Terra a partir de um local na altura da linha do Equador em um dia de equinócio de 2010. A fotografia combina fenômenos diurnos e noturnos e registra o céu dos hemisférios norte e sul.
Foto: Juan Carlos Casado/ROG / Divulgação
Vista parcial da Via Láctea com a sombra de palmeiras na costa da Mangaia, uma das ilhas Cook na Oceania. A imagem é uma combinação de nove fotografias com exposição de 30 segundos cada. A umidade do ar criou a difusão e os efeitos de cores nas estrelas.
Foto: Tung Tezel/ROG / Divulgação
O fotógrafo registrou a aurora boreal sobre a cidade de Halrik, na Escócia. Por ser uma imagem de longa exposição, aparece na foto um rastro de estrelas em rotação. O fotógrafo fez o registro a partir da porta dos fundos da loja em que trabalha.
Foto: Stewart Watt/ROG / Divulgação
Pinheiro é visto à frente da Via Láctea enquanto um meteoro atravessa o céu. O efeito de luz na árvore em primeiro plano foi causado acidentalmente quando o fotógrafo estava arrumando seu equipamento. Esta foto venceu o concurso Fotógrafo Astronômico 2010 - do Real Observatório Britânico - na categoria "Terra e Espaço"
Foto: Tom Love / Divulgação
Imagem mostra lua cheia atrás do Templo de Poseidon, na Grécia, em 26 de junho de 2010. O fotógrafo demorou 15 meses para conseguir medir o tempo e a distância exata para conseguir a foto com essa precisão. Ayiomamitis foi segundo colocado na categoria "Terra e Espaço"
Foto: Anthony Ayiomamitis / Divulgação
Dan Kitwood fotografou a Lua cheia em Londres em 30 de janeiro de 2010
Foto: Getty Images
A região do Paranal é considerada uma das melhores do mundo para observação astronômica
Foto: ESO/Y. Beletsky / Divulgação
O edifício Flatiron, em Nova York, é fotografado ao lado da Lua durante eclipse em 21 de dezembro de 2010
Foto: Getty Images
Ethan Miller registrou a noite de Lake Mead, no Estado americano de Nevada. A estrelas riscam o céu enquanto um meteoro pode ser visto
Foto: Getty Images
O pequeno risco próximo ao centro da imagem é um meteoro cruzando o céu de Grazalema, na Espanha, em 13 de agosto de 2010
Foto: AFP
Foto da Via Láctea em Saint-Martin-de-Queyrières (França) ganhou prêmio de astrofotografia Nuits des étoiles ("noite das estrelas")
Foto: AFP
Pedra cruza os céus durante chuva de meteoros. A imagem foi tirada em Nevada, nos Estados Unidos, em dezembro de 2010
Foto: Getty Images
Meteoro é registrado durante a chuva de meteoros Perseidas de 2007, em Rhyolite, no Estado americano de Nevada
Foto: Getty Images
O fotógrafo Uriel Sinai registrou a aurora boreal no céu da Groenlândia
Foto: Getty Images
O cometa McNaught é registrado no céu do monte Paranal, no Chile, em janeiro de 2007
Foto: ESO / Divulgação
A Via Láctea é vista no Cerro Armazones, no Chile
Foto: ESO/S. Brunier / Divulgação
Estrelas podem ser vistas acima de dois telescópios auxiliares do Telescópio Muito Grande (VLT, na sigla em inglês), do ESO
Foto: H.Heyer/ESO / Divulgação
No alto da imagem os planetas Mercúrio e Vênus podem ser vistos em conjunção
Foto: ESO/Y. Beletsky / Divulgação
O Paranal fica no deserto do Atacama, no Chile, a 2,6 mil m de altitude. A região é extremamente seca e escura, o que proporciona ótimas condições para observação de estrelas