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Estudo descobre como o cérebro paralisa os músculos durante sono

17 jul 2012 - 18h12
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Dois sistemas químicos do cérebro atuam juntos para paralisar os músculos esqueléticos durante o REM (sigla em inglês para movimento rápido dos olhos, momento do sono quando os sonhos que costumamos lembrar ocorrem). A descoberta pode ajudar os cientistas a entender melhor distúrbios do sono como narcolepsia e o distúrbio de comportamento do sono REM. O estudo foi divulgado nesta terça-feira no Journal of Neuroscience.

Durante o REM, os músculos dos olhos e da respiração continuam a mover, mas a maioria dos demais fica parada, certamente para evitar ferimentos, já que é um sono muito profundo. Pesquisadores da Universidade de Toronto descobriram que os neurotransmissores ácido gama-aminobutírico (gaba, na sigla em inglês) e glicina causaram a paralisação em ratos ao "desligar" as células especializadas do cérebro que permitem aos músculos serem ativos. Até agora, cientistas acreditavam que apenas a segunda substância tinha papel nessa paralisação.

"O estudo é relevante para qualquer um que (...) foi chutado por um parceiro na cama, ou conhece alguém com narcolepsia", diz Dennis J. McGinty, pesquisador da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), que não está envolvido com o estudo canadense. "Ao identificar os neurotransmissores e receptores envolvidos na paralisia relacionada ao sono, este estudo indica uma possibilidade de alvos moleculares para o desenvolvimento de tratamentos para desordens motoras relacionadas com o sono, que podem frequentemente ser debilitantes", diz o neurocientista.

Os pesquisadores bloquearam os receptores da glicina no cérebro dos ratos, mas a paralisação do REM continuou a ocorrer. Foi somente quando eles bloquearam o receptor do gaba é que ela cessou e os animais tiveram uma grande atividade muscular, quando não deveriam ter quase nenhuma, o que indica que os dois neurotransmissores atuam em conjunto.

O estudo pode ser especialmente útil na pesquisa do distúrbio de comportamento do sono REM, que faz as pessoas a se moverem durante seus sonhos e pode causar ferimentos aos pacientes e outras pessoas ao redor. Estudos também indicam que 80% das pessoas com o problema desenvolvem alguma doença neurodegenerativa, como o mal de Parkinson. "O distúrbio de comportamento do sono REM pode ser um indicativo dessas doenças, e curá-lo pode prevenir ou até impedir o seu desenvolvimento", diz o pesquisador John H. Peever, um dos líderes do estudo.

Fonte: Terra
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