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Conflito com camponeses põe ursos andinos em risco de extinção

16 jul 2012 - 10h19
(atualizado às 15h15)
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De acordo com especialistas, a expansão agrícola que reduz o habitat dos ursos andinos e a escassez de animais e frutos que servem como fonte de alimento, estão gerando, no Equador, um conflito entre camponeses e exemplares da espécie, que está ameaçada de extinção.

Estima-se que há entre 20 mil e 25 mil ursos andinos na Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Argentina e Equador, onde a espécie é conhecida como urso de óculos.

A principal ameaça, especialmente na Colômbia e no Equador, é a caça por parte dos camponeses em defesa de seu gado, que é atacado pelos ursos por falta de outras fontes de alimento, segundo o presidente da Fundação Urso Andino, Armando Castellanos.

"Eu disse que as pessoas estão pagando um castigo pelo o qual fizeram, pois agora é possível ver mais ursos em volta de suas casas porque a floresta foi destruída. Tiraram todas as árvores frutíferas da floresta", disse.

Os ursos andinos vivem em locais tranquilos e florestas tropicais, embora se adaptem bem a diferentes ecossistemas. A dieta dos ursos também é muito variada, já que comem desde carniça até animais vivos e frutos cultivados, explicou Castellanos.

Alguns machos grandes também atacam o gado e são responsáveis, por exemplo, pela morte de cerca de 200 cabeças, no período de dois anos, nas províncias equatorianas de Carchi e Imbabura.

"O povo pensa que todos os ursos comem gado", diz Castellanos, ressaltando que se fosse assim "não haveria nem uma vaca".

Segundo o especialista, os ursos são "bem tímidos" quando estão próximos a humanos e só tentam atacar alguém se seus filhotes estiverem em perigo. Castellanos disse que no Equador foram registrados "dois ou três" casos de ataques de ursos, justamente contra caçadores que feriram os animais.

Os ursos andinos são pretos com manchas brancas. Os machos podem pesar até 200 kg e de pé, medir 2,2 m de altura, enquanto as fêmeas são menores. Eles são conhecidos como ursos de óculos porque alguns possuem manchas brancas ao redor dos olhos.

Segundo Castellanos, o andino "é o único urso na América do Sul. Não existem mais ursos na região".

Castellanos está empenhado em dar palestras sobre os ursos para camponeses. "É preciso entendê-los", ressaltou.

Como possíveis soluções para o conflito, o especialista menciona um bom manejo dos gramados e também do gado, já que vacas pastam em qualquer lugar e para os ursos que já provaram a carne do animal é como "dizer a uma criança que não toque no doce".

Tirar o urso do lugar onde o gado é atacado também não é a solução, já que, segundo Castellanos, um animal retorna ao local mesmo se for afastado por mais de mil quilômetros.

Matar o urso também não resolve o conflito pois "esse mesmo espaço é ocupado rapidamente por outro urso que está esperando pela oportunidade", explicou Castellanos, dizendo que a única solução é que os camponeses aprendam a conviver com eles.

O especialista sugere também o reflorestamento como solução. "Quando sobem às árvores para comer, abrem (espaços) e entra luz, e as outras plantas que não podiam crescer começam a se desenvolver", comentou o biólogo, ao afirmar que o urso também "mantém a saúde da floresta".

No Equador, os ursos estão espalhados pelos Andes, embora os mais ameaçados se encontrem nas províncias de Pichincha, Imbabura e Carchi. EFE

sm/ff/ma

(foto)

EFE   
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