Estudos desmentem descoberta da Nasa sobre nova forma de vida
8 jul2012 - 21h27
(atualizado em 9/7/2012 às 17h00)
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Em dezembro de 2010, a agência espacial americana (a Nasa) causou apreensão ao anunciar a divulgação de um estudo com relação à busca de vida fora da Terra. O anúncio decepcionou muita gente que achava que os cientistas haviam descoberto seres em outros planetas ou luas. O estudo, divulgado por Felisa Wolfe-Simon na Nasa e publicado posteriormente na revista Science, dizia que havia sido descoberta uma nova forma de vida, uma bactéria que usaria arsênio no lugar de fósforo em sua composição. Agora, dois estudos indicam que a descoberta estava errada e a vida como conhecemos continua.
Todas as formas de vida conhecidas usam seis elementos básicos: oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, fósforo e enxofre. A bactéria, chamada de GFAJ-1, foi encontrada no lago Mono, na Califórnia, que é rico em arsênio, uma substância mortífera para a maioria dos seres vivos. Segundo os pesquisadores da Nasa, ela usaria esse arsênio para substituir o fósforo, já que sua composição é similar.
Uma nota divulgada pela Science no domingo afirma que outros dois estudos independentes analisaram as descobertas de Felisa. As novas pesquisas, ao contrário da original, indicam que a GFAJ-1 não pode substituir um elemento pelo outro para sobreviver.
Felisa e sua equipe encontraram pequenas quantidades de fósforo nas suas amostras e concluíram que era insuficiente para a bactéria se desenvolver. Já os novos estudos indicam exatamente o contrário. Eles acreditam que o extremófilo (como são chamados os seres vivos que vivem em condições em que a maioria não conseguiria) sobrevive exatamente por conseguir fósforo em um ambiente tão hostil.
A revista afirma o processo é natural na ciência: novos estudos tentam replicar o resultado de um para indicar que eles são verdadeiros. Apesar da negativa, a Science afirma que a descoberta de GFAJ-1 deve ser de interesse de novos estudos, principalmente os que pesquisam mecanismos de tolerância ao arsênio.
Descoberta também muda a maneira de pensar sobre o que são "ambientes habitáveis" no universo. Na imagem, o micro-organismo que usa arsênio no lugar de fósforo na constituição de seu DNA
Foto: Nasa / Reprodução
A nova forma de vida substitui fósforo por arsênio em seu metabolismo
Foto: Nasa / Reprodução
O brasileiro Douglas Galante, coordenador do Laboratório de Astrobiologia da USP acredita que, no Brasil, ambientes vistos como "inabitáveis" também merecem estudo mais detalhado
Foto: Getty Images
Para pesquisadores, descoberta expande o horizonte de possibilidades de busca de vida fora da Terra
Foto: Divulgação
O arsênio é uma substância que, dentro do corpo humano, pode matar todas as células. No entanto, ela faz parte da constituição do DNA deste micro-organismo
Foto: Getty Images
Nasa afirmou que descoberta é somente um ponta-pé para uma série de dicussões e expansão da maneira como o espaço era explorado até então
Foto: Nasa / Divulgação
Um time de quatro pesquisadores, liderados por Felisa Wolfe-Simon (à esq.), que descobriu o micro-organismo, liderou a coletiva de impresa da Nasa nesta sexta-feira, às 17h
Foto: Divulgação
Para Nasa, forma de vida encontrada significa uma descoberta impactante na busca por vida extraterrestre
Foto: Getty Images
Site holandês havia especulado, horas antes do anúncio oficial da Nasa, sobre descoberta de micro-organismo no Mono Lake, na Califórnia
Foto: Getty Images
Segundo pesquisadores, público pode ter se frustrado por Nasa não apresentar um "ET", como na ficcção científica
Foto: Getty Images
Na imagem, a pesquisadora Felisa Wolfe-Simon trabalha com lama do Mono Lake para estudar o micro-organismo
Foto: Nasa / Divulgação
A descoberta, no entanto, é um enorme passo para a comunidade científica, sendo categorizada como "fenomenal" pelos pesquisadores
Foto: Getty Images
O grupo de quatro pesquisadores comentou que o mais importante, a partir de agora, é procurar por mais "exceções" de vida no universo
Foto: AFP
Felise e mais dois pesquisadores procuravam por evidências de que organismos vivos pudessem ser constituídos por outros elementos químicos no lugar do fósforo
Foto: AFP
Felise comentou, no entanto, que a pesquisa se encontra em um estágio muito inicial e que é impossível tirar grandes conclusões neste momento sobre a vida no universo
Foto: AFP
Bem humorada, pesquisadora Felise Wolfe-Simon brincou ao afirmar que as escolas precisarão mudar seus livros didáticos a partir de hoje
Foto: AFP
A descoberta de Felise abre uma nova perspectiva sobre o que é necessário para a constituição de vida dentro e fora do planeta Terra
Foto: AFP
Na imagem, pesquisadores recolhem do lago tóxico Mono, na Califórnia, ainda na fase de estudos sobre a possibilidade da descoberta de vida dentro do arsênio
Foto: AFP
Na imagem, a microfotografia mostra, aplificadamente, o micro-organismo que possui o elemento até então considerado tóxico para a vida, o arsênio, dentro do seu DNA