Cientista espera que Stephen Hawking consiga 'falar' com a mente
7 jul2012 - 08h44
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Philip Low, neurocientista de 32 anos e executivo-chefe de uma empresa de San Diego (EUA), espera fazer com que o físico Stephen Hawking consiga, neste sábado, se comunicar de uma maneira mais fácil - e, a partir dessa experiência, quer revolucionar a forma com que pessoas com problemas parecidos tenham como externar seus desejos e pensamentos - além de ajudar em condições como apneia do sono e depressão. Low usará em Hawking um equipamento portátil chamado iBrain, que lê as ondas cerebrais sem a necessidade de eletrodos ou cabos. O americano espera que o equipamento decodifique o pensamento do britânico e transforme a simples tarefa de pensar em letras ou palavras em fala sintetizada por um computador. O teste ocorrerá na Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Hawking ficou conhecido no meio científico por seu pioneirismo no estudo dos buracos negros e do Big Bang e fez fama em todo o mundo por seus populares livros sobre ciência para leigos e por sua história de vida. O britânico sofre de uma doença que lhe tirou os movimentos do corpo. Os médicos chegaram a dizer que o cientista viveria poucos anos, mas, mesmo assim, Hawking conseguiu chegar aos 70.
Em 1985, ele perdeu a fala devido a uma traqueostomia. O especialista em computadores Walt Woltosz criou então a conhecida cadeira de Hawking, que faz com que ele consiga escolher letras em uma tela simplesmente piscando um olho (hoje, ele apenas movimenta parte do rosto) e um sintetizador fala pelo físico.
O computador usado é trocado cerca de uma vez por ano por um mais recente e já conta com internet 3G. Curiosamente, durante anos Hawking não aceitou atualizar o sistema operacional, já que seu programa preferido de voz (Equalizer by Words-Plus) só funcionava em DOS. Foi a Intel que converteu o software para Windows para que o britânico pudesse usar.
A cadeira ainda conta com poderosas baterias, similares às de carro, para que o professor de Cambridge mantenha suas viagens. Ela ainda tem programas que permitem a Hawking fazer ligações, controlar as portas, luzes e itens eletrônicos (TV e aparelho de som, por exemplo) do trabalho e de casa.
Como os cientistas esperam que Hawking se comunique
O iBrain faz parte de uma nova geração de equipamentos portáteis e algoritmos que monitoram a atividade cerebral e diagnosticam condições como apneia do sono, depressão e autismo. Criado por Low, o aparelho seria uma alternativa aos eletrodos e cabos usados em laboratórios e coletaria dados em tempo real enquanto o paciente faz coisas comuns do dia a dia - como ver TV ou dormir.
"A ideia é que Stephen possa usar a sua mente para criar um padrão consistente e repetível para o computador traduzir em, digamos, uma palavra ou letra ou um comando", diz o pesquisador ao jornal The New York Times.
Os cientistas viajaram para o escritório do britânico em Cambridge e colocaram o aparelho em Hawking. Eles então pediram para que o físico imaginasse que estava apertando uma bola com a mão direita. "Claro que ele não consegue movimentar sua mão, mas o córtex motor no seu cérebro ainda pode emitir o comando e gerar ondas elétricas", diz Low. Um algoritmo conseguiu distinguir os pensamentos de Hawking das ondas cerebrais que não interessavam.
A ideia tenta ajudar o famoso físico britânico a continuar se comunicando. Após cinco décadas de luta contra a doença, Hawking agora precisa de sensores cada vez mais precisos para captar seus cada vez mais diminutos movimentos faciais. Low espera assim ajudar uma das mentes que mais fascinam o mundo atual a não ficar presa ao próprio corpo, que deve perder em breve a capacidade de movimentar os poucos músculos da face que ainda comanda.
Nascido na cidade inglesa de Oxford em 8 de janeiro de 1942, Stephen Hawking sempre acreditou que a ciência era seu destino. Para comemorar o 70º aniversário do físico mais famoso da atualidade, o Terra preparou uma galeria especial sobre a sua trajetória
Foto: Divulgação / AFP
Retrato mostra Stephen Hawking em 1963, quando tinha 21 anos; neste ano, o jovem britânico que havia se graduado em física pela Universidade de Oxford descobriu que era portador de uma doença degenerativa
Foto: Howard Grey / Divulgação
Ainda sem nenhuma sequela aparente da esclerose amiotrófica, doença que iria lhe deixar em uma cadeira de rodas, Hawking sorria para a foto feita em 1963; neste ano, os médicos lhe deram apenas dois anos de vida, mas contrariando as expectativas, no dia 8 de janeiro de 2012, o astrofísico mais famoso completa seus 70 anos
Foto: Howard Grey / Divulgação
Foto sem data divulgada pela agência espacial americana (Nasa, na sigla em inglês) mostra o jovem cientista, que apesar da doença não desistiu dos estudos, até se tornar Ph.D em cosmologia em Cambridge
Foto: Nasa / Divulgação
Quase duas décadas depois, imagem mostra o já reconhecido cientista, que de 1979 a 2009 ocupou a mesma cadeira que um dia foi de Isaac Newton na Universidade de Cambridge
Foto: Getty Images
Imagem de 1983 mostra o professor da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, reconhecido como um dos mais brilhantes físicos vivos
Foto: Getty Images
Em 1990, o físico posou para fotos ao lado da primeira mulher, Jane Hawking
Foto: Getty Images
No começo da década de 1990, o físico já apresentava sequelas mais avançadas da doença; para se comunicar, ele passou a utilizar um sintetizador de voz
Foto: AP
Pouco tempo antes, no final da década de 1980, o pesquisador foi responsável por lançar um livro de divulgação científica que vendeu milhares de exemplares pelo mundo: 'Uma Breve História do Tempo'
Foto: Getty Images
A fama conquistada a partir do livro foi tamanha que incluiu participações especiais em séries de TV como 'Star Trek', como mostra a imagem de 1993
Foto: Getty Images
Imagem de 15 de setembro de 1995 mostra o casamento de Hawking com a sua segunda mulher, a enfermeira Elaine Mason
Foto: Getty Images
Em 1997, o presidente da Microsoft, Bill Gates, participou de um encontro com o professor Hawking, na Universidade de Cambridge, na Inglaterra
Foto: Getty Images
O físico famoso falou sobre o futuro da ciência durante uma conferência com o então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, em 1998
Foto: AFP
Responsável pela descoberta sobre a radiação térmica emitida pelos buracos negros, Hawking sempre conciliou as pesquisas e a vida familiar com um extenso programa de viagem; foto de 2001 mostra o físico em Mumbai, na Índia
Foto: AFP
Em Nova Déli, no ano de 2001, Hawking falou sobre os buracos negros; segundo estudiosos, uma das grandes contribuições do físico é levar para o grande público informações sobre questões técnicas que envolvem a ciência
Foto: AFP
Hawking recebe o carinho da mulher, Elaine Mason, durante conferência na Alemanha em 2005
Foto: AFP
Hawking sorri ao lado da mulher antes do lançamento do seu novo livro Uma nova História do Tempo, em outubro de 2005
Foto: AFP
Em 2005, Hawking fez uma apresentação sobre A Origem do Universo, durante uma conferência em Berlim, na Alemanha
Foto: AFP
As maratonas de viagem do físico britânico incluiram Hong Kong, onde foi recebido por crianças durante visita em 2006
Foto: AFP
Stephen Hawking desembarcava de um ônibus no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, em uma foto de 2007 que mostra os preparativos de um voo à gravidade zero
Foto: AFP
Hawking experimenta a sensação da gravidade zero; a missão organizada pela Nasa aconteceu em abril de 2007
Foto: AP
Imagem de setembro de 2007 mostra o físico na companhia de sua filha Lucy (dir.) e de Christophe Galfard; os dois ajudaram Hawking a escrever o livro que explica as teorias do espaço para as crianças
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'As pessoas são fascinadas pelo contraste entre minhas capacidades físicas extremamente limitadas e a imensidade do universo com o qual trato', escreveu o pesquisador para o seu site; na foto, ele aparece num evento de comemoração dos 50 anos da Nasa, em 2008
Foto: Nasa / AFP
Paralisado pela doença, Hawking continua trabalhando incansavelmente para revelar os mistérios do universo, como mostra a imagem de 2008, quando participou de conferência da Nasa
Foto: Nasa / AFP
Em 2008, o líder da África do Sul Nelson Mandela recebeu visita do pesquisador britânico em Joanesburgo
Foto: AFP
Hawking recebe homenagens na Universidade de Cambridge em 2008, local onde começou suas pesquisas sobre buracos negros há cerca de 50 anos
Foto: AFP
Também em 2008, Stephen Hawking recebeu a bênção do papa Bento 16 durante visita ao Vaticano; dois anos mais tarde, o cientista causou polêmica ao afirmar em um novo livro que 'Deus não tem mais lugar na criação do universo'
Foto: AFP
Hawking foi recebido pelo presidente americano Barack Obama, em agosto de 2009, durante cerimônia de entrega da Medalha da Liberdade, a maior honra civil do país
Foto: Casa Branca / Divulgação
No mesmo ano, Hawking foi recebido pela Rainha da Inglaterra, Elizabeth II
Foto: Casa Branca / Divulgação
Hawking ainda mantém a preocupação de tornar acessíveis ao maior público possível os complicados conceitos da física
Foto: AFP
O físico mais famoso da atualidade é casado e tem três filhos e três netos
Foto: AFP
A atriz Jane Fonda beija o físico antes de uma apresentação de teatro em Los Angeles, nos Estados Unidos, em 2011
Foto: AFP
Para comemorar o aniversário do físico, o Museu da Ciência, de Londres, divulgou fotos inéditas no dia 5 de janeiro de 2012; o museu prepara uma exposição com retratos, que inicia no final de janeiro, para contar a história de vida de Hawking
Foto: AFP
Em foto divulgada pelo Museu da Ciência, de Londres, o físico aparece em seu escritório na Universidade de Cambridge; aos 70 anos, Hawking é é diretor do Departamento de Matemática Aplicada e Teorias Físicas, fundador do centro de Cosmologia Teórica e ocupou a mesma cadeira que um dia foi de Isaac Newton na universidade