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Astronautas voltam à Terra após meses de estudos e marco histórico

Astronautas voltam à Terra após meses de estudos e marco histórico

1 jul 2012 - 08h23
(atualizado às 10h33)
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Desde dezembro do ano passado na Estação Espacial Internacional (ISS), os astronautas - ou cosmonautas, como preferem os russos - Andre Kuipers (Holanda), Don Pettit (EUA) e Oleg Kononenko (Rússia) retornaram hoje à Terra. Entre inúmeros experimentos no mais caro laboratório construído pelo homem (valor estimado em US$ 100 bilhões), os primeiros três membros da expedição 31 viram a primeira nave privada a chegar à estação e tiveram a fama catapultada pela internet.

A Nave russa Soyuz TMA-03M aterrissou na Terra com sucesso neste domingo
A Nave russa Soyuz TMA-03M aterrissou na Terra com sucesso neste domingo
Foto: EFE

Tuitando do espaço

É verdade que Andre Kuipers não é o primeiro homem do espaço a ficar conhecido por suas fotos da Terra divulgadas na internet. Soichi Noguchi fez isso muito antes. Contudo, ele mostra como os astronautas sabem aproveitar a internet para fazer sua fama. No caso de Kuipers, ele ficou conhecido em vários países, mas é só olhar os comentários no Twitter e Flickr para ver que seu público mais fiel é da Holanda.

Fotos da Terra vista do espaço, como é o dia a dia na ISS e até brincadeiras, como um quiz com os internautas ajudaram a tornar conhecido o simpático europeu.

Pettit também gosta da rede, mas é mais discreto. Através do blog Letters to Earth, ele coloca imagens (em uma frequência menor que o colega holandês), comentários sobre a vida no espaço e até poemas. Em um dos últimos posts, o americano comenta, por exemplo, a curiosa etiqueta no espaço "quando convidar os outros membros da estação para jantar".

"Sempre coloque fita nova. A mesa tem sempre vários pontos com velcro para prender os pacotes de comida. Contudo, nem todos os pacotes e bolsas têm pontos de velcro para eles, o que significa que não podem ser colocados na mesa. Tiras de fita adesiva, cuidadosamente dobradas para que a parte adesiva fique para fora, permitem que esses pacotes sejam presos na mesa", diz uma das dicas para o caso de você fazer um jantar no espaço. "Ao seguir estas simples regras, você vai garantir uma noite deliciosa com seus convidados. E lembre, na fronteira espacial, o livro de etiqueta ainda está sendo escrito", brinca.

Ciência

Mas não é só de diversão que vivem os homens e mulheres de fora da Terra. Afinal, como dissemos no início, a ISS é um laboratório - e um bem caro. Por isso, a rotina espacial é de experimentos. Um desses, conduzido por cientistas japoneses, tenta evitar a perda de massa óssea no espaço.

Ocorre que, sem gravidade, nossos músculos e ossos ficam fracos (afinal, eles não precisam suportar mais nosso peso). A diferença é tanta que, nesse ambiente, os ossos expelem para a corrente sanguínea (que, por sua vez, expele pela urina) 10 vezes mais cálcio que pacientes que sofrem de osteoporose. A cada mês, os astronautas perdem 1,5% da massa do fêmur. Aquele cálcio da urina pode ainda formar pedras nos rins. Para diminuir esse quadro, são duas horas de exercício por dia.

Mas isso não é suficiente. Para tentar evitar a perda de massa óssea, um médico japonês (Toshio Matsumoto) propôs o uso de bifosfonatos, que já são usados no tratamento de osteoporose. Os astronautas foram então divididos em dois grupos - um que tomou o remédio antes de sair da Terra e outro que toma enquanto está no espaço.

Outro experimento ligado aos ossos é chamado de Edos (sigla em inglês para "detecção prematura de osteoporose no espaço"). Pesquisadores europeus acreditam que estudar a perda de massa óssea pode ajudar a entender a osteoporose na Terra. Para isso, uma empresa desenvolveu um novo tipo de exame e os primeiros testados serão os astronautas, assim que pousarem, para atestar a qualidade do equipamento.

Mas a lista de estudos ainda é longa. Um deles tenta entender, por exemplo, como organismos patogênicos se comportam em microgravidade. Para isso, a Nasa levou para o espaço a salmonela (Salmonella typhimurium) e um tipo de verme (Caenorhabditis elegans). A primeira será usada no segundo, assim, os cientistas querem entender qual é a evolução das infecções no espaço (onde o sistema imunológico está enfraquecido). Dessa forma, a agência espacial espera se preparar melhor para uma viagem espacial de longa duração e também melhorar nosso conhecimento para aplicações na Terra.

Naves espaciais

Durante esses seis meses, o trio ainda viu passar pela estação diversas naves. O veículo ATV-3, por exemplo, é uma cápsula europeia não tripulada que leva mantimentos e equipamentos para a estação.

Mas nenhuma nave gerou tanto alvoroço quando a Dragon - a primeira particular a ir à ISS e que teve seu lançamento adiado várias vezes, uma delas quando a contagem regressiva já estava chegando ao fim. Contudo, quando finalmente foi, teve sucesso. Afinal, a empresa SpaceX tinha de honrar um contrato de nada menos que US$ 1,6 bilhão com a Nasa para abastecer a estação nos próximos anos.

Como o ATV, a Dragon não é tripulada, mas a companhia espera que possa levar astronautas nos próximos anos com algumas modificações. No dia 31 de maio, após completar a viagem para levar uma carga de 1 t à ISS, a Dragon amerissou (pousou na água) no Pacífico. A missão é considerada um marco para o futuro dos voos espaciais privados.

Assim, após seis meses de experimentos, "twittagem" e de presenciar um momento histórico no espaço, Pettit, Kuipers e Kononenko voltam à Terra. Agora, é esperar a próxima carona. No espaço, permanecem os demais membros da expedição: Joe Acaba(EUA, Gennady Padalka (Rússia) e Sergei Revin (Rússia), que chegaram em maio. Eles viagem em trios, pois é a capacidade máxima das naves russas Soyuz, as únicas que ainda podem levar o homem para a estação espacial.

Fonte: Terra
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