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Degelo no Ártico pode redesenhar mapa geopolítico global

3 abr 2012 - 16h05
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O frenesi deste ano em torno da exploração de petróleo e gás nas águas do Ártico, que recentemente se tornaram acessíveis, pode ser o arauto de mudanças mais radicais ainda por vir. Caso, como preveem muitos cientistas, as linhas marítimas atualmente inacessíveis no topo do mundo se tornem navegáveis nas próximas décadas, elas poderão redesenhar as rotas do comércio global, e talvez a geopolítica, para sempre.

Imagem divulgada pela Nasa mostra a camada de gelo que cobre o Oceano Ártico
Imagem divulgada pela Nasa mostra a camada de gelo que cobre o Oceano Ártico
Foto: Nasa / Divulgação

Esse verão (no Hemisfério Norte) terá a maior movimentação humana no Ártico jamais vista. A gigante de petróleo Shell participa de uma grande exploração e se espera um novo aumento na pesca, no turismo e na navegação regional. Mas isso, advertem especialistas, também aumenta o risco de um desastre ambiental, sem mencionar a atividade criminosa decorrente desde a pesca ilegal até o tráfico e o terrorismo.

"Ao trazer mais atividade humana ao Ártico, você traz o bom e o mau", disse na semana passada o tenente-general Walter Semianiw, chefe do Comando do Canadá e um dos mais experientes militares responsáveis pelo Ártico, ao Centro para Estudos e Estratégias Internacionais, sediado em Washington. "Vocês verão a mudança, queiram ou não."

Com o relato das populações indígenas, dos pesquisadores e das forças militares denunciando que o recuo do gelo está mais rápido do que muitos esperavam, algumas estimativas sugerem que a calota de gelo polar poderá desaparecer por completo no verão até 2040, talvez antes.

Isso deve reduzir o tempo de uma viagem da Europa aos portos chineses e japoneses em mais de uma semana, provavelmente diminuindo o tráfego pela rota do Canal de Suez. Porém, como se acredita que muitas dessas importantes rotas marítimas que passam por águas já disputadas contenham boa parte das reservas mundiais de energia, alguns já temem um aumento no risco de confronto.

Há sinais claros de uma cooperação cada vez maior -a primeira reunião da história de chefes de Defesa de países do Ártico no Canadá no final deste mês e a realização de exercícios conjuntos para operações de resgate e busca organizados pelo Conselho do Ártico. Mas também há uma inquietação crescente. A Noruega e o Canadá, por exemplo, passaram os últimos anos reequipando em silêncio seus militares e movimentando as tropas e outras forças para bases novas ou ampliadas cada vez mais ao norte.

Com a retirada da maioria das forças americanas da região depois da Guerra Fria, autoridades e especialistas afirmam que os Estados Unidos estão redescobrindo o significado da região. Por enquanto, porém, Washington não tem planos concretos para construir nem mesmo um novo navio quebra-gelo, em parte porque especialistas estimam que o preço de um único navio pode chegar a US$ 1 bilhão.

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