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Fósseis do 'Homem de Pequim' podem estar sob estacionamento

3 abr 2012 - 10h02
(atualizado às 10h35)
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Após 70 anos de mistério e infrutíferas buscas, um novo estudo histórico realizado por especialistas da China e África do Sul afirma que os restos perdidos do "Homem de Pequim", um de nossos mais antigos antepassados, se encontram enterrados em uma região sobre a qual atualmente há um estacionamento.

Assim afirma o professor sul-africano Lee Berger, da Universidade de Witwatersrand, que ajudado por dois pesquisadores chineses do Instituto de Paleontologia de Pequim tenta acabar com um dos grandes enigmas arqueológicos do século XX, o paradeiro de fósseis fundamentais para entender a origem do ser humano.

Eles foram extraviados durante a Segunda Guerra Mundial, em 1941, quando o Exército americano tentava tirá-los da China para protegê-los dos invasores japoneses, mas sua pista se perdeu no porto de Qinhuangdao, no calor da batalha, como a Arca Perdida ou o Santo Graal nos filmes de Indiana Jones.

Após mais de sete décadas, os especialistas da China e da África do Sul afirmam que os restos do Homo erectus Pekinensis poderiam estar em uma região agora densamente urbanizada de Qinhuangdao (porto do norte da China onde a Grande Muralha encontra o mar), onde naquela época havia uma base militar chinês-americana.

O estudo, publicado este mês na South African Journal of Science e abordado recentemente pelo jornal oficial China Daily, baseia esta teoria em um marine americano da época, Richard Bowen, que afirma ter visto os famosos fósseis em 1947.

Bowen, que agora tem mais de 80 anos, estava na base durante a guerra civil entre os nacionalistas do Kuomintang, apoiados pelos EUA, e os comunistas liderados por Mao Tsé-tung, que rodearam a instalação com 250 mil soldados em seu avanço com direção a Pequim.

Na noite anterior à captura da base, Bowen se lembra de ter visto enterradas caixas com fósseis que agora os especialistas relacionam com os restos do "Homem de Pequim".

"Cavamos vários buracos para colocar metralhadoras, e em um deles encontramos caixas cheias de ossos. Era de noite e ficamos com um pouco de medo, portanto recheamos aquele buraco e fizemos outro. Depois fomos levados a Tientsin (a atual Tianjin) e depois aos Estados Unidos", contou o ex-marine aos especialistas.

Os especialistas acham mais provável que os ossos pertençam aos fósseis, já que seis anos antes estavam nas mãos de militares também americanos e na mesma cidade, então conhecida no Ocidente como Chinwangtao.

Graças às precisas informações do marine, o estudo determinou que o local mais provável onde se encontram agora enterradas essas caixas é um estacionamento de alguns armazéns da Companhia de Exportação e Importação de Comida de Hebei, província vizinha a Pequim onde se encontra Qinhuangdao.

Os restos do "Homem de Pequim", pertencentes a pelo menos seis antepassados (dois deles adolescentes), foram encontrados entre 1929 e 1937 por antropólogos suecos, canadenses e austríacos na jazida de Zhoukoudian, ao sul de Pequim, que desde 1987 está na lista de Patrimônio Mundial da Unesco.

Estes restos de entre 300 e 500 mil anos de idade, segundo alguns paleontólogos, são parentes do "Homem de Java" (embora algumas correntes científicas não o reconheçam como um humano verdadeiro), poderiam ser as primeiras mostras de "Homo erectus" no planeta e dar pistas sobre a expansão do homem pela atual Ásia.

Embora os restos tenham se perdido, os cientistas continuam os estudos, usando fiéis cópias dos fósseis realizadas nos anos 30, assim como novos achados posteriores do mesmo local, já na época comunista, embora não tão completos.

Os restos perdidos, estudados principalmente pelo canadense Davidson Black, desapareceram em 1941 em Qinhuangdao, quando o Exército dos EUA tentava enviá-los por navio ao país para protegê-los da invasão japonesa, com a permissão expressa do Governo da República da China (Kuomintang).

Há teorias para todos os gostos, desde a que afirma que os japoneses roubaram os fósseis e estão com eles atualmente, até que traficantes de fósseis, um grande mercado negro no mundo, esperam a melhor oferta para tirá-los do esquecimento.

Tanto o Governo dos EUA como da China lançaram campanhas de busca durante décadas, e inclusive ofereceram grandes recompensas a quem pudesse recuperar estes importantes restos de nossos antepassados.

Embora por enquanto os fósseis não tenham sido encontrados, talvez em breve, sob um estacionamento, seja possível resolver o grande mistério.

O fóssil do dinossauro foi descoberto em um depósito de calcário na Alemanha em 1861
O fóssil do dinossauro foi descoberto em um depósito de calcário na Alemanha em 1861
Foto: AFP
EFE   
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