África do Sul e Austrália disputam direito de abrigar telescópio
2 abr2012 - 18h51
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Rivais nos campos de rúgbi, de críquete e no setor de mineração, a África do Sul e a Austrália agora protagonizam uma nova disputa: ambos querem ter o direito de abrigar o telescópio mais potente do mundo. Os dois países são finalistas de uma concorrência para ter em seu território o equipamento, conhecido como SKA (Square Kilometre Array), que será 50 vezes mais sensível e 10 mil vezes mais rápido do que qualquer outro telescópio do planeta, de acordo com o consórcio internacional que financia o projeto de 2 bilhões de euros.
A briga ficou séria. A África do Sul acusa a Austrália de jogar sujo e os australianos questionaram a segurança de se desenvolver um projeto tão caro na África do Sul, um país com altas taxas de crimes violentos. A África do Sul acusou a Austrália inclusive de vazar dados sobre o que deveriam ser deliberações secretas a fim de dar força à sua candidatura.
Reportagens na mídia australiana sugerem que a África do Sul deverá se sair vencedora menos por razões científicas e mais pelo impacto econômico que o projeto terá para as economias emergentes africanas. "Embora alegue respeitar a integridade do processo de seleção, essa não é uma tentativa muito sutil de enfraquecer o rigor científico e técnico do processo de julgamento do local, ao sugerir que a relatada superioridade da candidatura da África do Sul nada mais é do que uma 'decisão por compaixão'", disse o Ministério das Ciências sul-africano na semana passada.
O jornal Sydney Morning Herald relatou no mês passado que um painel de especialistas recomendou que a África do Sul fosse a anfitriã do telescópio e que a Austrália - em uma candidatura conjunta com a Nova Zelândia - não conseguiu convencer o painel. "Acho que temos uma posição superior e vamos continuar argumentando e pressionando até que a decisão seja tomada e esperamos que ainda possamos vencer a seleção", disse o senador australiano Chris Evans na semana passada em uma entrevista coletiva.
Autoridades da África do Sul afirmaram que o país tem know-how científico e capacidade técnica para sediar o projeto, que se estenderia a outros países africanos.
De tempos em tempos, telescópios fazem novos registros de objetos astronômicos bem conhecidos. Nesta imagem, à direita a imagem mais famosa da nebulosa da Hélice (ou Helix). À esquerda, um novo registro divulgado na quinta-feira pelo observatório ESO que mostra a nebulosa em outras ondas do espectro eletromagnético
Foto: ESO/VISTA/J. Emerson. Acknowledgment: Cambridge Astronomical Survey Unit / Divulgação
A Hélice é uma nebulosa planetária complexa, composta de poeira, material ionizado e gás molecular arranjados em um formato que lembra uma flor - ou um olho. No centro, uma estrela anã-branca (o núcleo que sobrou de uma supernova após sua explosão) emite luz ultravioleta
Foto: ESO / Divulgação
A nova imagem, do telescópio Vista, no Chile, mostra a luz em infravermelho. Ela registra principalmente linhas formadas por gás frio que são invisíveis na imagem clássica da nebulosa. Apesar de parecerem finas, essas linhas tem largura parecida com a do Sistema Solar
Foto: ESO/VISTA/J. Emerson. Acknowledgment: Cambridge Astronomical Survey Unit / Divulgação
Esta imagem em infravermelho feita pelo telescópio Spitzer, da Nasa, mostra a região chamada de RCW 120. O registro mostra o anel de poeira por causa de duas gigantescas estrelas que são invisíveis nesta região do espectro eletromagnético
Foto: Nasa / Divulgação
O telescópio Herschel, da Agência Espacial Europeia (ESA) também fez registros em infravermelho de RCW 120, mas em diferentes comprimentos de onda. Além de mostrar muito mais gás e poeira, esta imagem revela uma gigantesca estrela em formação, que causa o brilho na parte direita da região azul. A observação do Herschel mostra que o "embrião" de estrela já tem entre oito e 10 vezes a massa do Sol, e está crescendo
Foto: ESA / Divulgação
Esta imagem, do telescópio Apex, do ESO, registra ondas submilimétricas em azul e ópticas em azul, verde e vermelho. A nebulosa é criada por uma gigantesca estrela em seu centro, que emite gás e poeira que levam à criação de novas estrelas
Foto: ESO / Divulgação
O telescópio Subaru, do Japão, fez esta imagem em luz visível da galáxia NGC 5055
Foto: Observatório Nacional do Japão / Divulgação
O Spitzer mostra a NGC 5055 em infravermelho. A poeira, que aparece escura no registro óptico, aqui brilha em vermelho. Nessas regiões, nascem novas estrelas
Foto: Nasa / Divulgação
A imagem mostra a galáxia Messier 83 como ela é mais conhecida, em luz visível
Foto: ESO / Divulgação
Já este registro mostra Messier 83 em infravermelho. Nessa região do espectro eletromagnético, a poeira que cobria muitas estrelas fica quase transparente
Foto: ESO / Divulgação
Este registro do ESO mostra a nebulosa de reflexãoMessier 78 no espectro de luz visível com o uso de diversos filtros, inclusive um para destacar a luz emitida pelo hidrogênio
Foto: ESO / Divulgação
Já o infravermelho do Spitzer mostra um pouco mais de Messier 78, inclusive estrelas que estava escondidas na poeira (em vermelho). As duas regiões verdes na verdade são buracos em uma nuvem de poeira maior
Foto: Nasa / Divulgação
Andrômeda é uma das galáxias vizinhas à Via Láctea e aqui é vista no espectro visível da luz
Foto: ESA / Divulgação
Já esta imagem combina três registros da Andrômeda feitos pelos telescópios Herschel (laranja) e XMM-Newton e pelo astrônomo amador Robert Gendler (luz visível). O segundo mostra em raios-X estrelas que estão perto do seu fim (em azul)
Foto: ESA/Nasa / Divulgação
O Herschel registra o extremo infravermelho e ondas submilimétricas que mostram material frio, o estágio inicial da formação de estrelas
Foto: ESA / Divulgação
Este registro do Spitzer também mostra a poeira em infravermelho, inclusive as linhas que se concentram no centro da galáxia
Foto: Nasa / Divulgação
Esta outra imagem, também do Spitzer, mostra apenas as estrelas velhas de Andrômeda
Foto: Nasa / Divulgação
Esta imagem combina os dois registros do Spitzer
Foto: Nasa / Divulgação
Um dos objetos astronômicos mais conhecidos, as Antenas são duas galáxias em colisão. A imagem foi feita pelo Hubble
Foto: Nasa / Divulgação
Este registro combina um dos primeiros do telescópio Alma, que fica no Chile, com uma imagem em luz visível
Foto: ESO / Divulgação
Aqui, as galáxias Antenas são registradas durante a fase de testes do Alma, longe de sua total capacidade. A imagem mostra nuvens de gás quente onde as estrelas se formam. O telescópio registra principalmente monóxido de carbono e hidrogênio, que geralmente são invisíveis aos telescópios ópticos
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