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Cientistas refazem pelo excremento genoma de hiena extinta

Cientistas refazem genoma de hiena extinta pelo excremento

28 mar 2012 - 12h56
(atualizado às 14h13)
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Pesquisadores franceses conseguiram reconstituir uma parte do genoma da hiena das cavernas, uma espécie pré-histórica há muito tempo extinta, a partir do seu próprio excremento, o que confirmou o seu parentesco com o hiena pintada de hoje. Cientistas da Comissão de Energia Atômica (CEA) também descobriram nestes excrementos fossilizados o DNA de veados vermelhos, que serviram de alimento para estas hienas. É a prova de que as fezes antigas carregam uma enorme quantidade de informações sobre carnívoros pré-históricos.

Os primeiros testes de DNA com os restos de animais extintos (ossos, dentes, pelos, etc) foram realizados em 1984, com um quagga, uma espécie de zebra extinta no final do século 19. Mas foi necessário esperar até 2001 para conseguir o primeiro genoma completo de uma espécie extinta, os moas, aves gigantes da Nova Zelândia que desapareceram por volta de 1500.

Os recentes avanços da genética e da informática têm permitido acumular dados mais precisos e descriptografar genomas muito mais velhos como, por exemplo, o do homem de Neandertal e do mamute, a partir de seus restos mortais.

Assim, os "coprólitos", excremento fóssil mineralizado, são de particular interesse para os paleontólogos, pois contêm tanto o DNA dos seus donos quanto o de seus alimentos. Mas este DNA antigo continua difícil de analisar. O processo de digestão adicionando à degradação de sequências de DNA associadas com a passagem do tempo tornam a tarefa complicada.

Por esta razão, nenhuma análise de DNA de coprólitos do período Pleistoceno Médio ou posterior (780 mil anos até 11 mil anos atrás) havia sido realizada até hoje. Os pesquisadores do CEA assumiram o desafio, a começar com a coleta das fezes fossilizadas no solo da gruta de Coumère Ariege (sudoeste da França), atribuídas a hienas das cavernas (Crocuta crocuta spelaea), um animal muito difundido na Europa durante o Pleistoceno.

Das nove amostras coletadas, eles selecionaram duas que pareciam particularmente ricas em DNA exploráveis, explica o estudo, publicado nesta quarta-feira na revista britânica Proceedings of the Royal Society B. Os resultados da análise mostraram ainda que esses excrementos pertenciam a duas hienas distintas. A comparação do genoma extraído com o de hienas modernas "estabeleceu, sem dúvida, a relação de parentesco entre a hiena das cavernas e a hiena malhada" (Crocuta crocuta), que ainda vive no cerrado africano.

Apesar das diferenças significativas na anatomia e tamanho entre as duas espécies, "o genoma da hiena das cavernas tem apenas 115 diferenças com a sequência genética da hiena malhada", afirma o estudo, liderado por Jean-Marc Elalouf, do Instituto de Biologia e Tecnologia de Saclay.

"A distância genética entre a hiena das cavernas e a hiena pintada é notavelmente menor do que entre as diferentes espécies da família das hienas" atuais, acrescentaram os biólogos franceses.

No total, cerca de 50% do DNA encontrado em duas amostras pode ser atribuído a uma hiena das cavernas, uma taxa que rivaliza com os restos de animais conservados em gelo: 40% para um dente de urso polar e 55% para alguns ossos de mamute, por exemplo. Por comparação, as amostras de dentes ou ossos de animais pré-históricos, onde o congelamento não contribuiu para a preservação de DNA, geralmente contem menos de 6% de DNA animal ou humano, revela o estudo.

As fêmeas das pulgas ancestrais mediam mais de 20 mm, enquanto os machos tinham quase 15 mm
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Foto: AFP
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