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Pesquisa: continuidade genética entre bascos definiu idioma

9 mar 2012 - 16h43
(atualizado às 17h04)
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Os bascos da atualidade têm uma "continuidade genética" com aqueles que viviam em sua região há milhares de anos, o que explicaria por que seu idioma é único em seu tipo, sugere um estudo publicado nesta sexta-feira. Tomado em seu conjunto, o genoma dos bascos é similar ao de outros europeus. Mas alguns estudos, às vezes contraditórios, põem em evidência o fato de que predomina uma sequência genética bem particular, "o haplogrupo H".

Lluis Quintana-Murci, cientista do Centro Nacional de Pesquisas Científicas francês (CNRS) no Instituto Pasteur, e sua equipe recuperaram amostras de 908 indivíduos de 18 locais geográficos diferentes, em regiões de língua basca de França e Espanha, mas também nas vizinhas onde não se fala o basco.

Para determinar melhor suas pesquisas sobre a população de origem basca, eles levaram em conta o patronímico (sobrenome de família) e o local de nascimento de cada indivíduo, de seus parentes e seus avós, privilegiando as pessoas maiores de 60 anos. Concentraram suas análises genéticas no genoma mitocondrial, parte do patrimônio genético herdado exclusivamente pelo lado da mãe, este DNA permitiu recentemente estabelecer uma datação mais precisa da pré-história humana na Europa.

Em 45% dos casos estudados (420 amostras) encontraram o haplogrupo H. Entre todos estes indivíduos com o haplogrupo H, foram identificadas em seguida seis linhagens "presentes com pouca frequência, mas específicas da região franco-cantábrica e particularmente populações de língua basca", explicou Quintana-Murci.

Estas seis variações representam no total 36% dos indivíduos com haplogrupo H da amostra. Mas chegam de 44% a 54% do total nos indivíduos estudados entre os de língua basca de França ou Espanha, quando são de apenas 10% a 14% nas províncias de língua espanhola vizinhas e de 28% nas províncias de língua francesa, segundo o estudo, publicado no American Journal of Human Genetics.

Mais interessante ainda, a análise destas "linhagens autóctones" sugere que se separaram geneticamente de seus mais próximos ancestrais europeus há 8 mil anos, antes da suposta chegada de populações indoeuropeias e, por fim, das línguas indoeuropeias de ambos os lados dos Pirineus.

"Em consequência, nosso estudo proporciona argumentos a favor da hipótese de uma continuidade genética parcial entre os bascos contemporâneos e as populações que viviam na região" desde o fim da última glaciação (há 13.000 anos), "o que poderia ter contribuído para preservar a língua basca, única em seu tipo", avaliam os cientistas.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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