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Sedimentos no México sustentam teoria de impacto extraterrestre

5 mar 2012 - 20h36
(atualizado às 21h00)
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Uma equipe internacional de cientistas identificou no lago Cuitzeo, no centro do México, materiais inusitados em um sedimento que sustentam a teoria de um impacto extraterrestre há cerca de 12,9 mil anos, indica um artigo publicado nesta segunda-feira pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

A equipe, liderada por Isabel Israde Alcantara, da Universidade Michoacana, no México, afirma que a camada de sedimento lacustre negro é rica em carvão e contém nanodiamantes e microesferas que datam do início do período denominado Dryas recente. Esta foi uma breve fase de 1,3 mil anos de esfriamento climático ao final do período pleistoceno. Os materiais encontrados em uma amostra de 27 m de comprimento obtida do solo mexicano são interpretados como resultado de um "impacto extraterrestre".

Além de Isabel, fizeram parte da equipe Gabriela Domínguez Vázquez, da Universidade Michoacana, do México, e cientistas da Universidade Nacional de Taiwan, das universidades americanas da Califórnia, Oregon e Harvard, e do Instituto para Ciência de Materiais de Tsukuba, do Japão.

O lago de Cuitzeo, que cobre de 300 a 400 km quadrados e tem uma profundidade média de 27 m, localiza-se entre os estados de Guanajuato e Michoacán de Ocampo e ocupa o segundo lugar em extensão no México. Os cientistas extraíram a amostra com o objetivo de obter um registro do clima da antiguidade além do período interglacial.

"Nossa atenção logo focou em uma camada anômala, de uns 10 cm de espessura e 2,8 m de profundidade, que data de aproximadamente 12,9 mil anos atrás e coincide com várias mudanças ambientais e bióticas anômalas, reconhecidas independentemente em outras sequências de amostras lacustres regionais", destaca a nota. Essas mudanças, obtidas em conjunto, produziram a camada mais notória de delimitação dos sedimentos ao final do período quaternário. A camada, explicaram os cientistas, contém uma acumulação diversa e abundante de materiais que se relacionam com um impacto e, além dos nanodiamantes e esferas de carbono, há esferas magnéticas.

No artigo, os pesquisadores trabalharam com diversas hipóteses que pudessem explicar essas observações e chegaram à conclusão de que a presença de tais materiais "não podem ser explicadas por qualquer mecanismo terrestre". Entre as hipóteses analisadas, figuram a "chuva cósmica" - queda de meteoritos sobre a Terra -, a origem vulcânica desses sedimentos, a produção humana e até a identificação errônea dos materiais encontrados.

Cada uma dessas hipóteses é discutida detalhadamente no artigo, que chega à conclusão de que "o impacto cósmico é a única hipótese viável". "Embora a origem desses sedimentos continue sendo tema de especulação, há atualmente um só acontecimento conhecido, um impacto cósmico, que pode explicar a acumulação diversa e amplamente distribuída desses materiais", complementam os autores.

O exoplaneta Gliese 581g - no primeiro plano desta imagem artística, com três outros que compõem o sistema - foi considerado o mais parecido com a Terra, em uma lista dos planetas mais propensos a abrigar vida extraterrestre
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Foto: Lynette Cook/ Nasa / Divulgação
EFE   
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