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Pandas chineses quadruplicam nº de visitantes em zoo escocês

28 fev 2012 - 11h35
(atualizado às 11h47)
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Angela Joenck Pinto

Escoceses criaram até um tartan, tradicional tecido quadriculado dos kilts que indica os diferentes clãs do país, em homenagem aos pandas
Escoceses criaram até um tartan, tradicional tecido quadriculado dos kilts que indica os diferentes clãs do país, em homenagem aos pandas
Foto: Jon-Paul Orsi, Zoológico de Edimburgo / Divulgação

Apesar do alto investimento, que consiste no pagamento de cerca de US$ 1 milhão por ano para as autoridades chinesas (e com a manutenção necessária perfazendo quase outro milhão de dólar), os pandas que chegaram ao Zoológico de Edimburgo em dezembro estão provando que a fama dá lucro. Segundo Rachel Goddard, assessora de imprensa da instituição, a visitação ao local quadruplicou desde que Tian Tian ('Docinho') e Yang Guang ('Raio de Sol') se mudaram para lá. E nada foi feito sem planejamento.

"Pesquisas mostram que outros zoos, como os de Atlanta e Adelaide, atingiram um aumento de 70% no número de visitantes após o primeiro ano com os pandas. Estimamos que eles tragam um milhão de visitantes a mais do que o esperado durante os 10 anos de estada no Reino Unido", afirma a administração do zoológico.

O esforço para ter os animais na Escócia exigiu envolvimento de políticos e um forte trabalho diplomático que durou cerca de cinco anos para ser concluído. "Ter garantido o empréstimo é uma grande honra para nosso país e um símbolo da nossa amizade com a China. Sem dúvida, os pandas atrairão muitos visitantes, beneficiando a economia e o setor do turismo. A relação da Escócia com a China é imensamente importante e os pandas representam uma fantástica oportunidade de aprofundar nossas relações econômicas, culturais e diplomáticas", declarou a ministra escocesa Nicola Sturgeon, que garante que o interesse do país na China não para nos pandas.

"Estamos estabelecendo novas áreas de cooperação e progredindo desde que criamos nosso "plano-China", em maio de 2008. Buscamos oportunidades de gerar crescimento e é vital que nosso governo, nossas agências, empresas e instituições de ensino façam tudo que puderem para fortalecer nossa ligação com a China", declarou.

No fim de janeiro, até mesmo a criação de um tartan, o tradicional tecido quadriculado dos kilts que indica os diferentes clãs da Escócia, foi comissionado e revelado em homenagem aos pandas. A estampa foi aprovada pelo órgão oficial do país - o Scottish Registrar of Tartans -, e consiste na combinação do branco, preto e cinza (simbolizando a pele dos animais), verde (que lembra o bambu, principal alimento deles) e vermelho, que representa a bandeira chinesa.

Inicialmente, a população não se mostrou convencida e criticou duramente o investimento do país para ter os pandas. Porém, o Zoológico de Edimburgo esclarece que o dinheiro dos impostos não está sendo usado para a manutenção do projeto, que é inteiramente subsidiado pela Royal Zoological Society of Scotland (RZSS), uma instituição sem fins lucrativos, além de doações e patrocínio de empresas privadas.

Até mesmo a logística de traslado dos animais foi feita através de doação: a FedEx Express transportou gratuitamente os pandas em um Boeing 777 fretado. A aeronave foi escolhida por permitir que os animais viajassem da China até a Escócia sem escalas, garantindo que eles passassem o menor tempo possível no ar.

Adaptação

Para garantir a adaptação dos animais no novo país, dois viveiros idênticos, com custo de 285 mil libras, foram construídos. Isso porque os pandas vivem isolados durante a maior parte do ano, e se encontram apenas quando a fêmea entra no cio.

Dentro dos viveiros, paredes pintadas de verde, vidros antirruído, troncos de árvore, cavernas de pedra e fontes de água fresca garantem o conforto dos animais. Como os pandas são ótimos "alpinistas", eles podem escalar estruturas especialmente instaladas para que os hábitos naturais não se percam durante a estadia no zoológico.

E cada movimento dos bichos pode ser monitorado via internet, através de câmeras escondidas dentro dos viveiros. Ativos dia e noite, pandas passam 41% do tempo - cerca de 10 horas - dormindo, mas suas sonecas só duram 2 horas.

"Eles têm se adaptado muito bem. Ambos estão comendo e dormindo normalmente", diz Allison McLean, veterinária responsável por Tian Tian e Yang Guang. O inóspito clima da Escócia, frio e tradicionalmente chuvoso, agradou aos bichos. "Eles gostam do clima e da temperatura. Na sua cidade natal, Ya'na (literalmente, Cidade da chuva), esta época do ano é sempre chuvosa e fria, então eles se sentem em casa", revela McLean.

Normalmente, pandas em cativeiro pesam entre 80 e 125 kg. Mas consumindo 50 kg de bambu diariamente, a expectativa é que os animais de Edimburgo ultrapassem essa média em breve. O zoológico prevê que os animais devorem 18 mil kg da planta por ano, ou 20 galhos de 3 metros todos os dias. Durante 2012, 25 diferentes espécies de bambu serão servidas a Tian Tian e Yang Guang, encorajando uma dieta variada e reproduzindo os alimentos encontrados nas montanhas chinesas.

Obviamente, muita comida gera muitos detritos, e uma equipe de 14 funcionários teve que ser mobilizada desde a chegada dos pandas no zoológico para manter toda a estrutura funcionando. "Os dois pandas juntos podem defecar até 40 vezes por dia. A fêmea produz de 6 a 8 quilos de detritos diariamente, e o macho, de 16 a 19 quilos. É muita coisa!", diz Alison McLean.

Sendo uma das espécies mais ameaçadas na natureza, o grande objetivo dos veterinários é fazer com que os pandas procriem."Eles 'vocalizaram' durante a vinda para a Escócia, o que é um bom sinal. Mas ainda é muito cedo para pensarmos em reprodução", declarou a veterinária. "A chegada dos pandas é o início de uma parceria de longo prazo, que irá liderar um programa internacional de educação, ciência e conservação. Nutrição animal, genética, embriologia e imunologia são áreas vitais de pesquisa, e a Escócia tem muita experiência nesses campos. O progresso poderia levar até mesmo a reintrodução da espécie na vida selvagem nos próximos 10 anos", diz a representante do zoológico.

Pandas pelo mundo

Pandas em cativeiro vivem em média de 20 a 30 anos, e o registro do animal mais velho é de 37 anos e 3 meses. A melhor chance de sobrevivência da espécie se dá através cuidadosos programas de reprodução, que trabalham ao mesmo tempo com os animais selvagens, protegendo o seu habitat natural.

Fonte: Especial para Terra
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