Centro de física teórica coloca Brasil como referência na América do Sul
Com novo instituto de física teórica, Brasil será centro de excelência do continente
12 fev2012 - 09h36
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Um espaço para discutir e avançar nas pesquisas físicas, além de possibilitar o contato com cientistas de renome, como os laureados do prêmio Nobel de física. Pensando em desenvolver a pesquisa de alta qualidade na América do Sul, o Centro Internacional de Física Teórica (ICTP, na sigla em inglês) com sede em Trieste (Itália), em colaboração com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), inaugurou na última semana uma unidade no Brasil, a primeira fora da Europa.
De acordo com o diretor do centro, Nathan Berkovits, no mundo inteiro existem espaços como este para o aprofundamento do conhecimento na área da física teórica (que engloba, entre outros, os estudos de cosmologia, gravitação, física nuclear, física atômica e física de partículas), mas existia uma lacuna da área nos países sul-americanos. Agora, a unidade brasileira ajudará a fomentar a qualificação de alto nível em todos os países da América.
O diretor da nova unidade conta que há cerca de 20 anos o ICTP busca expandir sua atuação para além das fronteiras europeias, mas apenas recentemente o interesse científico conseguiu acompanhar os investimentos necessários. "Foi no início de 2010 que a proposta do instituto foi feita à Unesp, que com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), conseguiu ser concretizada neste ano", conta.
Além disso, a existência do Instituto de Física Teórica (IFT), uma unidade complementar da Unesp que existe desde 1952, serviu de estímulo para a escolha do nosso País. O IFT tem aproximadamente 70 alunos de pós-graduação e 23 professores fazendo pesquisa na nesta área.
Em relação à qualificação dos profissionais brasileiros, Berkovits avalia que há áreas em que existe atuação de físicos de alto nível e outras não. Segundo ele, o problema no Brasil é que todas as universidades têm o mesmo padrão de salário e atividades. "Não há centros de referência; todas as instituições acabam tendo professore bons e ruins", explica.
Com o instituto, seu diretor acredita que o Brasil poderá desempenhar papel semelhante ao do ICTP na Europa, quando fundado. "Quando o ICTP foi fundado, em 1964, pelo falecido físico paquistanês Abdus Salam - que recebeu o Nobel de física em 1979 -, a ideia era reunir pesquisadores para desenvolver teorias científicas da física. O instituto deve ter esta mesma função para a América Latina".
Vinculado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o ICTP recebe mais de 5 mil visitantes por ano e conta com mais de 40 pesquisadores. Após 45 anos de existência, foi além da física teórica e hoje acumula atividades que envolvem desenvolvimento de tecnologia de ponta.
Atividades
Ao contrário do que se possa imaginar, o novo instituto não vai precisar de laboratórios. O espaço é dedicado a cursos rápidos temáticos - conhecidos como escolas avançadas - e workshops voltados especialmente para a formação de nível avançado de alunos de pós-graduação. O instituto também tem um importante papel de promoção de intercâmbio entre cientistas brasileiros e estrangeiros.
Com a inauguração da unidade do ICTP no Brasil, fórmulas e teorias da física serão compartilhadas e debatidas com pesquisadores de todas as partes do planeta, atraindo o interesse de futuros cientistas sul-americanos e possibilitando contato próximo com experts da área. Estima-se que, no primeiro ano, 180 alunos façam os cursos do instituto e mais 30 pesquisadores participem das atividades como visitantes de pós-doutorado.
Berkovits conta que os cursos terão vagas para cerca de 50 pesquisadores por turma e que o processo para participar inclui análise do currículo e carta de intenção do professor orientador. Os alunos interessados precisam apenas enviar as candidaturas pelo site da instituição (www.ictp-saifr.org).
O Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) é o maior acelerador de partículas do planeta e teve custo avaliado em cerca de US$ 10 bilhões
Foto: Cern / Divulgação
O acelerador tenta reproduzir as condições do universo logo após o Big Bang
Foto: Cern / Divulgação
Um dos objetivos dos cientistas no LHC é tentar descobrir o bóson de Higgs, a única partícula do modelo padrão da física de partículas que ainda não foi confirmada
Foto: Cern / Divulgação
O modelo explica o comportamento e as interações das partículas fundamentais que constituem a matéria ordinária, da qual somos feitos
Foto: Cern / Divulgação
O LHC faz as partículas darem voltas em um túnel de 27 km na fronteira entre Suíça e França
Foto: Cern / Divulgação
Viajando a 99,9% da velocidade da luz, as partículas colidem com outras na direção oposta e os cientistas observam os resultados
Foto: Cern / Divulgação
Existem quatro locais onde ocorrem as colisões ao longo do túnel, cada um com um enorme detector
Foto: Cern / Divulgação
Somente o CMS (sigla em inglês para solenoide compacto de múons) pesa 12,5 mil toneladas
Foto: Cern / Divulgação
O CMS e o Atlas são os dois detectores que buscam o bóson de Higgs. Segundo a agência BBC, o CMS custou US$ 458 milhões
Foto: Cern / Divulgação
O Atlas tem 45 m de comprimento, 25 m de altura e 7 toneladas
Foto: Cern / Divulgação
Além do bóson de Higgs, o Atlas busca dados sobre outras dimensões de espaço - além das três que estamos acostumados -, matéria escura e outros
Foto: Cern / Divulgação
Foi no Alice que os cientistas registraram colisões de átomos de chumbo, em sua busca pelas condições iniciais do universo
Foto: Cern / Divulgação
Essas colisões chegaram a temperaturas inéditas em experimentos realizados pelo homem: 10 trilhões de °C
Foto: Cern / Divulgação
A estrutura cilíndrica do Super-Kamiokande é formada por 50 mil t de água pura rodeada por mais de 13 mil tubos fotomultiplicadores
Foto: Kamioka Observatory, ICRR (Institute for Cosmic Ray Research), The University of Tokyo / Divulgação
O Super-Kamiokande é observatório de neutrinos localizado a 1 km debaixo da terra, em uma mina na cidade de Hida, no Japão
Foto: Kamioka Observatory, ICRR (Institute for Cosmic Ray Research), The University of Tokyo / Divulgação
A estrutura cilíndrica tem 42 m de altura e 39,3 m de largura
Foto: Kamioka Observatory, ICRR (Institute for Cosmic Ray Research), The University of Tokyo / Divulgação
O Super-K, como também é chamado, para procurar por decaimento de próton, detectar neutrinos de qualquer supernova que possa existir em nossa galáxia e estudar neutrinos solares e neutrinos atmosféricos
Foto: Kamioka Observatory, ICRR (Institute for Cosmic Ray Research), The University of Tokyo / Divulgação
O Super-Kamiokande é o maior detector de radiação Cherencov aquático do mundo
Foto: Kamioka Observatory, ICRR (Institute for Cosmic Ray Research), The University of Tokyo / Divulgação
Radiação Cherencov é uma radiação eletromagnética que pode ser visível
Foto: Kamioka Observatory, ICRR (Institute for Cosmic Ray Research), The University of Tokyo / Divulgação
Essa radiação provém da interação de um neutrino com os núcleos dos átomos das moléculas de água
Foto: Kamioka Observatory, ICRR (Institute for Cosmic Ray Research), The University of Tokyo / Divulgação
A construção do Super-K começou em 1991 e a primeira observação foi feita em 1996
Foto: Kamioka Observatory, ICRR (Institute for Cosmic Ray Research), The University of Tokyo / Divulgação
A operação do Super-Kamiokande é feita com a colaboração de 110 pessoas e 30 institutos do Japão, Estados Unidos, Coreia, China, Polônia e Espanha
Foto: Kamioka Observatory, ICRR (Institute for Cosmic Ray Research), The University of Tokyo / Divulgação
Um dos propósitos do experimento é revelar as propriedades do neutrino
Foto: Kamioka Observatory, ICRR (Institute for Cosmic Ray Research), The University of Tokyo / Divulgação
Em 1998, os cientistas descobriram mudanças nos tipos de oscilações de neutrinos no voo na observação de neutrinos atmosféricos
Foto: Kamioka Observatory, ICRR (Institute for Cosmic Ray Research), The University of Tokyo / Divulgação
A observação das propriedades do neutrino pode ajudar o entendimento de como a matéria foi criada no começo do Universo
Foto: Kamioka Observatory, ICRR (Institute for Cosmic Ray Research), The University of Tokyo / Divulgação
O Supercondutor Supercolisor (SSC, na sigla em inglês) seria o maior acelerador de partículas já criado pelo homem
Foto: Fermilab / Divulgação
Ele começou a ser construído perto de Waxahachie, no Estado americano do Texas
Foto: Fermilab / Divulgação
O projeto, que começou a ser construído em 1991, custaria US$ 12 bilhões. A ideia é que ele fosse capaz de recriar as condições do Big Bang
Foto: Fermilab / Divulgação
O SSC aceleraria prótons através de um tubo de 87 km a uma velocidade aproximada à da luz
Foto: Fermilab / Divulgação
Em 1993, o Congresso americano cancelou a construção - que já havia gastado US$ 2 bilhões e criado 12 km de túneis -, por achar o SSC caro demais, e decidiu priorizar outro projeto: o da Estação Espacial Internacional
Foto: Fermilab / Divulgação
Em 31 de outubro de 2000, um foguete partia do cosmódromo Baikonur, no Cazaquistão - com três tripulantes a bordo. Eram os primeiros ocupantes a viver na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês)
Foto: AFP
A ISS foi construída com os esforços das agências espaciais japonesa (Jaxa), canadense (CSA), americana (Nasa), russa (Roscosmos) e 11 membros da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês): Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Holanda, Noruega, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido
Foto: AFP
A ISS tem 419.857 kg, o equivalente a 320 carros. O espaço interno é de 900 m³, o equivalente ao de um Boeing 747
Foto: AFP
Em 10 anos de ocupação ininterrupta, foram mais de 600 experimentos realizados na estação
Foto: AFP
Segundo a agência EFE, estima-se que o custo total da ISS tenha chegado a US$ 100 bilhões
Foto: Getty Images
O próximo projeto megalômano? Um dos candidatos é uma viagem a Marte. O presidente americano, Barack Obama, já afirmou que espera que a viagem seja feita em 2035
Foto: Nasa / Divulgação
Na Rússia, a agência espacial do país (Roscosmos) e a europeia (ESA) já realizam uma simulação de um possível voo ao planeta vermelho, com décadas de antecedência
Foto: ESA / Divulgação
Astronautas passam pelas mesmas condições que teriam em uma nave espacial - com exceção da falta de gravidade
Foto: ESA / Divulgação
Simulação tem direito a "descida" em Marte
Foto: ESA / Divulgação
Astronautas passam por exames - conduzidos por outros astronautas, já que ninguém pode entrar nas instalações durante os 520 dias do experimento.