Cientistas descobrem crocodilo pré-histórico de 9 m nos EUA
1 fev2012 - 14h27
(atualizado às 15h40)
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Uma nova espécie de crocodilo pré-histórico foi descoberta por cientistas dos Estados Unidos. Classificado como Aegisuchus witmeri, a criatura extinta foi apelidado de "crocodilo-escudo", por causa da grossa proteção óssea que envolvia a cabeça. As informações são da Agência Fapesp.
A descrição da espécie foi publicada na revista PLoS-ONE, da Public Library of Science, e, de acordo com os autores, amplia a compreensão sobre a evolução dos répteis e poderá ajudar a encontrar novas formas de proteger espécies atuais de eventual extinção.
"O 'crocodilo-escudo' é o ancestral mais velho dos crocodilos modernos já encontrado na África. Sua descoberta mostra que os ancestrais desses répteis eram muito mais diversos do que estimávamos", disse Casey Holliday, da Universidade do Missouri, um dos autores da descoberta.
O Aegisuchus witmeri viveu há cerca de 95 milhões de anos, durante o Cretáceo Superior. A espécie foi identificada a partir do estudo de um pedaço de crânio fossilizado, descoberto no Marrocos e mantido por vários anos no Royal Ontario Museum, no Canadá.
Por meio da análise de sinais de vasos sanguíneos na peça, os pesquisadores verificaram que o animal tinha uma estrutura no topo da cabeça, que lembra um escudo. A disposição dos vasos, que levavam sangue a uma área circular da pele sob o escudo, é algo nunca antes observada em crocodilos. Os cientistas estimam que a estrutura de proteção também era usada para atrair parceiros na hora do acasalamento e para regular a temperatura na cabeça do animal.
Por meio da comparação do crânio do Aegisuchus witmeri com o de outros crocodilianos, Holliday e colegas concluíram que a nova espécie tinha um crânio mais chato do que os demais. Segundo eles, o 'crocodilo-escudo' deve ter tido mandíbulas finas e provavelmente se alimentava de peixes, não devendo ter enfrentado os dinossauros da época.
Os cientistas estimam que a espécie analisada tinha cerca de 9 m de comprimento com uma cabeça de 1,5 m. "Achamos que ele usava essa cabeça longa como uma espécie de armadilha para peixes. Talvez ele ficasse deitado de boca aberta, esperando que peixes passassem à sua frente para então fechá-la e se alimentar sem muito esforço e dispensando a necessidade de mandíbulas fortes", disse Nick Gardner, da Universidade do Missouri, também autor do estudo.
O dinossauro foi descoberto em 2004, mas foi classificado somente agora
Foto: Gabriel de Mello/Ulbra / Divulgação
Paleontólogos de quatro universidades brasileiras - Ulbra, Ufrgs, USP e UFMG - trabalharam no estudo
Foto: Gabriel de Mello/Ulbra / Divulgação
Os cientistas nomearam o dinossauro como Pampadromaeus barberenai
Foto: Sergio Cabreira e Lucio Roberto da Silva/Ulbra / Divulgação
O primeiro nome faz referência ao pampa - a típica paisagem de campo gaúcha - e a palavra grega para corredor (dromaeus)
Foto: Sergio Cabreira e Lucio Roberto da Silva/Ulbra / Divulgação
Já o segundo nome homenageia pesquisador e paleontólogo brasileiro Mario Costa Barberena, um dos fundadores do Programa de Pós-graduação em Paleontologia do Instituto de Geociências da Ufrgs
Foto: Gabriel de Mello/Ulbra / Divulgação
O fóssil descoberto tem 228 milhões de anos
Foto: Gabriel de Mello/Ulbra / Divulgação
É um dos mais antigos representantes da linhagem dos sauropodomorfos, no qual se destacavam dinossauros de pescoço longo geralmente herbívoros e grandes - como os titanossauros, muito diferentes da espécie descoberta
Foto: Gabriel de Mello/Ulbra / Divulgação
O dinossauro gaúcho, apesar de pertencer ao grupo, tinha apenas 1,2 m e era onívoro (comeria pequenos animais, inclusive insetos, e vegetais)
Foto: Gabriel de Mello/Ulbra / Divulgação
O fóssil foi descoberto em Agudo (RS)
Foto: Gabriel de Mello/Ulbra / Divulgação
O animal tinha muitas características do grupo dos terópodos - famosos carnívoros como Tyrannosaurus rex e Velociraptor mongoliensis -, em especial ser bípede
Foto: Gabriel de Mello/Ulbra / Divulgação
Apesar disso, os grandes predadores terópodos existiram apenas 75 milhões atrás, muito depois do corredor dos pampas
Foto: Gabriel de Mello/Ulbra / Divulgação
A descoberta indicaria que os primeiros sauropodomorfos e terópodos eram muito semelhantes, mas acabaram gerando dinossauros bem diferentes
Foto: Gabriel de Mello/Ulbra / Divulgação
Enquanto os sauropodomorfos levaram ao surgimento dos saurópodos (herbívoros), enquanto os terópodos continuaram com "monstros" como os tiranossauros
Foto: Gabriel de Mello/Ulbra / Divulgação
O estudo incluiu radiografias e tomografias computadorizadas e indicou que ele tinha ossos pneumatizados - mais leves e que permitem acelerações e frenagens mais rápidas -, comuns em dinossauros bípedes e em aves
Foto: Gabriel de Mello/Ulbra / Divulgação
Os cientistas classificaram o animal como bípede, corredor e totalmente endotérmico (de sangue quente, ao contrário dos répteis modernos)
Foto: Sergio Cabreira e Lucio Roberto da Silva/Ulbra / Divulgação