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Fórum Social Temático debateu temas para conferência Rio+20

29 jan 2012 - 13h37
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O Fórum Social Temático, realizado em Porto Alegre, debateu temas prioritários para a conferência Rio+20, marcada para junho deste ano no Rio de Janeiro. Questões polêmicas, como Código Florestal e Belo Monte, dominaram as discussões.

Presidente Dilma Rousseff foi uma das presenças no evento e defendeu os objetivos do Rio 20
Presidente Dilma Rousseff foi uma das presenças no evento e defendeu os objetivos do Rio 20
Foto: Roberto Stuckert Filho / PR / Divulgação

Cerca de 200 entidades nacionais e internacionais reuniram-se no sábado para encerrar os debates do Fórum, evento integrante do Fórum Social Mundial. As mais de duas mil pessoas reunidas na assembleia internacional dos movimentos sociais manifestaram a necessidade da construção de uma agenda que tenha como base ações comuns de combate a desigualdades em geral. Mas a sustentabilidade dominou o debate e atuou como demanda comum, acima das reivindicações de cada grupo.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores do estado do Rio Grande do Sul, Celso Woyciechowski, disse à DW Brasil que o diálogo formado pelas diversas vozes presentes foi o maior ensinamento que o Fórum poderia deixar. "A divergência é extremamente importante para a busca de ação unitária para aquelas questões que são fundamentais. A defesa do meio ambiente tem sido um dos pontos-chave de unidade dos movimentos sociais na sua coletividade e na sua pluralidade", avaliou.Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental foi o tema do Fórum, que este ano serviu também de preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. "O Fórum foi uma espécie de laboratório para que a sociedade civil se encontrasse para criar uma plataforma de debates para que, na Rio+20, já exista uma agenda de demandas e questões a serem levantadas para a cúpula oficial", disse Pedro Torres, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, em conversa com a DW Brasil.

Segundo ele, toda a discussão da agenda relacionada a água, energia e agricultura, entre outros, teve como foco a maneira como a sociedade civil vai se organizar para mostrar ao mundo como está o panorama atual no Brasil. O país, segundo Pedro Torres, tenta construir uma imagem de nação sustentável, mas enfrenta atualmente uma série de contradições significativas.

Os dois casos considerados mais preocupantes, segundo a avaliação do Greenpeace Brasil, são a reforma do Código Florestal e a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. A construção da usina, localizada no rio Xingu, no estado do Pará, é encarada como projeto prioritário pelo governo, mas está rodeada de polêmicas.

O governo afirma que a usina vai gerar emprego e desenvolvimento para a região, além de ter potencial para ser a terceira maior hidrelétrica do mundo em capacidade instalada. Mas ambientalistas, entidades de defesa dos direitos indígenas e o Ministério Público argumentam que muitas etapas de consultas e estudos de impacto foram esquecidas.

Atualmente, a mineradora brasileira Vale também faz parte do consórcio responsável pela construção da hidrelétrica. Na sexta-feira, a Vale recebeu o prêmio de pior corporação do mundo. Segundo o Public Eye Awards, que concedeu o título à empresa através de votação popular, ela é a campeã em problemas ambientais, sociais e trabalhistas.

O resultado do prêmio foi anunciado durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, e a notícia repercutiu no Fórum Social Mundial no Brasil. "A Vale tem grande interesse em uma série de questões dramáticas relacionadas à pauta ambiental no Brasil", comentou Torres.A reforma do Código Florestal Brasileiro também preocupa entidades que participaram do Fórum. A nova lei está em discussão no Congresso brasileiro e representa, segundo os movimentos sociais, um retrocesso na legislação ambiental brasileira em pontos como a diminuição das áreas de preservação permanente e da criação de penas consideradas mais leves para desmatadores.

Torres alerta que o país precisa escolher qual modelo de desenvolvimento prefere adotar. "Se o Brasil quer realmente crescer nesse grupo seleto das seis maiores economias do mundo, repetindo modelos predatórios dos séculos 19 e 20, ou seja, investindo em matrizes poluentes, desmatando a floresta; ou se a gente quer mostrar ao mundo que é possível fazer um mundo diferente com um desenvolvimento verde e limpo", opina.

No final do Fórum Social Temático também foi divulgada a convocação para a Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, evento que acontecerá paralelamente à conferência da ONU. O foco, segundo Woyciechowski, será "acompanhar passo a passo a conferência Rio +20, pressionando para que ali se aprove e se tenha contrapartidas necessárias" para um desenvolvimento sustentável.

A ideia da cúpula é fazer com que a conferência vá além das discussões e proponha ações para um mundo mais justo. "Independentemente de a gente acreditar que sairá da conferência oficial um papel positivo ou não, a gente tem que fazer nosso papel como sociedade civil, que é apresentar alternativas, apontar os erros, e pressionar governos e empresas para que tenhamos um futuro melhor", disse Torres.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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