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Cientistas questionam censura a artigo sobre vírus mortal

19 jan 2012 - 18h12
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Os pesquisadores Ron Fouchier e Ab Osterhaus, do Centro Médico Erasmus, de Roterdã, na Alemanha, defenderam em artigo na revista especializada Nature a publicação de um estudo sobre a criação em laboratório de uma forma do vírus da gripe aviária mais perigosa que a conhecida.

A Nature e a Science sofreram pressão do governo americano e não publicaram a pesquisa. As duas revistas estudam a possibilidade de publicar de forma parcial. Fouchier e Osterhaus afirmam que não questionam a recomendação do Conselho Consultivo Nacional sobre Ciência e Biossegurança (NSABB, na sigla em inglês), que pede que os pontos principal do artigo não apareçam para evitar o uso por terroristas que poderiam causar uma epidemia da doença.

"Mas fazemos questão de saber se é adequado ter um país que domine uma discussão que tem impacto sobre os cientistas e autoridades de saúde pública em todo o mundo", escrevem Fouchier e Osterhaus na revista. Os cientistas afirmam que essa decisão deveria ser feita com especialistas de todo o planeta, e não cair nas mãos apenas dos Estados Unidos.

"Não há um equivalente global ao NSABB, mas muitos especialistas europeus que foram citados pela imprensa acreditam que a pesquisa deva ser publicada integralmente. Nós não saberemos a opinião global até um grupo de especialistas de toda a parte do globo seja formado. Uma questão tão grande não deve ser decidida por um único país, mas por todos nós", dizem os cientistas.

Os críticosA Nature publicou 10 comentários sobre a possibilidade de publicação do artigo. Entre os críticos da possibilidade de publicação completa da pesquisa, Richard H. Ebright, da Universidade de Pittsburgh (EUA), afirma que a criação de um vírus de gripe aviária (chamado de H5N1) que poderia levar a uma pandemia seria uma "arma biológica suprema, desconhecida mesmo na ficção científica".

"A maior preocupação é com uma liberação acidental, por exemplo através da infecção de um funcionário de laboratório que infecte outros. Liberações deliberadas através de um trabalhador de laboratório descontente, bioterrorismo e guerra biológica também são preocupantes", diz o pesquisador.

Fonte: Terra
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