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Cientistas estão perto de resolver o enigma das partículas elementares

13 dez 2011 - 17h26
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Os cientistas estão mais perto que nunca de responder ao enigma do chamado bosón de Higgs, segundo o qual existe uma partícula que explicaria o comportamento das partículas elementares e a origem da massa, e em cuja busca foram investidos grandes esforços e recursos.

Representantes do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern, na sigla em inglês) apresentaram nesta terça-feira os resultados obtidos neste ano e que revelam indícios "intrigantes" da eventual existência da também conhecida como "partícula de Deus", considerada crucial para entender a estrutura da matéria em nível subatômico.

A conclusão preliminar é que "é muito cedo" para dar uma resposta definitiva, mas a previsão empírica é que no ritmo em que avança a pesquisa a questão será elucidada no mais tardar até o final de 2012.

O físico britânico Peter Ware Higgs formulou em 1964 o chamado bosón de Higgs, que estabelece a existência de uma partícula desconhecida que explicaria o funcionamento sobre o qual se baseia a física atual.

Os detectores CMS e ATLAS, do Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) a buscam em paralelo, e de maneira independente um do outro, e em 2011 chegaram a resultados que se encontram dentro de uma mesma categoria, mas que estatisticamente ainda não permitem anunciar sua descoberta.

"Foi um ano fantástico (...), mas são necessárias mais colisões para sabermos se (o bosón de) Higgs se confirma ou não. No entanto, realizamos um progresso extraordinário e reduzimos a janela (onde a partícula poderia ser encontrada)", declarou o diretor-geral do Cern, Rolf-Dieter Heuer.

Para encontrá-la, milhões de prótons por segundo são lançados no LHC para se chocarem entre eles e criar uma incomensurável quantidade de dados que, após um primeiro filtro, são analisados pelos cientistas do ATLAS e do CMS.

O nível de energia em que funciona o LHC é o mais intenso jamais alcançado e possibilita que os prótons deem 11 mil voltas por segundo pelo anel de 27 quilômetros de circunferência do acelerador, enterrado a uma profundidade de entre 50 e 150 metros, exatamente na fronteira entre Suíça e França.

Encontrar a partícula de Higgs não seria para a ciência como encontrar uma agulha em um palheiro, mas literalmente como encontrar uma agulha em 100 mil palheiros, como ilustrou um cientista do Cern em uma conferência recente.

No entanto, a porta-voz do ATLAS, Fabiola Gianotti, sustentou em entrevista coletiva posterior à apresentação dos resultados que se descobrissem que a partícula de Higgs não existe seria "tão emocionante" quanto o contrário.

"Preferiria que existisse, é uma partícula que buscamos há muitos anos, que acreditamos que tenha características diferentes das outras e que permitiria resolver problemas no modelo padrão da Física, mas se não estiver ali, deve haver outra coisa", comentou.

Sobre estes avanços, o físico espanhol Juan Alcaraz Maestre, pesquisador no CMS, disse à Agência Efe que com os dados de 2012 "poderemos definir o que está acontecendo realmente, se estamos diante de uma oscilação estatística ou se há uma partícula".

"Como cientista prefiro não pensar se existe ou não. Seria interessante encontrá-la, mas não encontrá-la onde pensamos que está também abriria caminhos muito interessantes e excitantes", acrescentou.

Javier Cuevas, professor de Física Atômica na Universidade de Oviedo e responsável pela análise de dados no detector CMS, frisou que há muita satisfação na comunidade do Cern "pelo bom funcionamento do detector".

O aparelho "demonstrou uma grande eficiência no recolhimento de dados. Foi melhor do que esperávamos", considerou Cuevas.

Para dar uma ideia da magnitude do experimento, o cientista detalhou que o detector CMS pesa 12 mil toneladas, ou seja 30% mais que a Torre Eiffel.

EFE   
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