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UE: pior crise do século 21 não é a financeira, mas a climática

7 dez 2011 - 15h41
(atualizado às 16h10)
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A verdadeira crise do século 21 não é a financeira, mas a decorrente do aquecimento global, advertiu nesta quarta-feira Jo Leinen, chefe da delegação do Parlamento Europeu na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas realizada em Durban, África do Sul.

Centenas de crianças formam uma cabeça de leão em uma praia em Durban para chamar a atenção para a questão ambiental
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Foto: EFE

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"Não há dúvida de que a crise financeira passará, mas a crise climática ainda está por vir", declarou Leinen em entrevista coletiva, na qual a União Europeia (UE) voltou a pedir que se alcance em 2015 um acordo global vinculante para combater a mudança climática. Leinen lembrou que, na próxima sexta-feira, ocorre em Bruxelas uma cúpula para enfrentar a crise financeira, e expressou o desejo de que a conferência de Durban, que termina também na sexta, seja merecedora da mesma atenção midiática.

"Todos sabemos que, no ano passado, houve 5% a mais de emissões que em 2009, e que não há perspectivas que isso mude neste ano ou no próximo", assinalou o representante do Parlamento Europeu, ao insistir na urgência das medidas. Os esforços atuais da comunidade internacional não servirão para manter o aumento das temperaturas médias mundiais daqui até o final de século abaixo dos 2 graus centígrados considerados perigosos, dizem os especialistas.

As principais tarefas da cúpula de Durban são decidir o futuro do Protocolo de Kyoto, único tratado existente sobre o corte de emissões - que expira em 2012 -, e dar início aos trabalhos do Fundo Verde para o Clima que deve ajudar os países menos desenvolvidos a combater a mudança climática. Kyoto, que entrou em vigor em 2005, impõe metas de cortes de emissões de gases do efeito estufa a 37 nações desenvolvidas, mas não foi ratificado pelos EUA, maiores poluidores do mundo, e isentou Brasil, China e Índia de obrigações por serem consideradas economias em desenvolvimento quando o documento foi assinado em 1997.

Em Durban, os únicos que se mostraram dispostos a pactuar um segundo período de compromisso de Kyoto são os países da União Europeia (UE), enquanto que o Japão, Rússia e Canadá decidiram não renová-lo. Leinen e a comissária de Meio ambiente da UE, Connie Hedegaard, vincularam nesta quarta-feira a adesão do bloco europeu a um segundo período de Kyoto a um compromisso por parte dos demais países a alcançar um acordo global vinculante sobre corte de emissões, com datas fixadas.

Para Bruxelas, esse novo tratado seja negociado em 2015, algo que ainda não conta com o aval de Washington, que antes exige um esforço similar da China, nem Pequim, que alega a necessidade de as nações ricas que mais poluíram até agora serem as únicas submetidas a compromissos vinculantes. "Precisamos com urgência que os países assinem um plano que leve a um acordo global vinculante em 2015. O recorrente jogo de pingue-pongue de acusações entre EUA e China já não é aceitável e deve terminar", afirmou Leinen.

O parlamentar europeu também enfatizou a importância que, na cúpula, se inicie o Fundo Verde para o Clima estipulado no ano passado na conferência de Cancún. A partir de 2020, o Fundo deve proporcionar US$ 100 bilhões anuais aos países mais pobres para enfrentar a mudança climática. Uma parte do financiamento poderia vir de um imposto sobre o transporte marítimo, proposta que figura na minuta em debate entre os delegados dos mais de 190 países presentes em Durban.

EFE   
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