PUBLICIDADE

Vírus ameaça tartarugas verdes da Grande Barreira de Corais

24 nov 2011 - 11h57
(atualizado em 26/11/2011 às 07h30)
Compartilhar

Um vírus que produz tumores está dizimando a população de tartarugas-verdes da Grande Barreira de Corais, situada ao norte da Austrália, onde a sobrevivência da espécie corre perigo pela falta de alimentos e pela deterioração ambiental do habitat.

Além do aumento na presença do fibropapilloma, as tartarugas também sofrem com a deterioração do ambiente de seu habitat
Além do aumento na presença do fibropapilloma, as tartarugas também sofrem com a deterioração do ambiente de seu habitat
Foto: Divulgação

As tartarugas-verdes ("Chelonia mydas"), animais que povoaram a Terra há mais de 100 milhões de anos e que aparecem no filme Procurando Nemo, foram reconhecidas internacionalmente como espécies em perigo de extinção em seu habitat natural, os mares tropicais e subtropicais. Capazes de viajar 2,6 mil km na época de migração, essas tartarugas habitam várias áreas do norte da Austrália, entre elas a Grande Barreira de Corais, uma das grandes reservas mundiais de fauna marinha.

Fatores como o desaparecimento de alimentos, a progressiva poluição da água, doenças, o desenvolvimento urbano no litoral australiano e o uso das redes por parte dos pescadores aumentam a ameaça da espécie. Há sete anos, os especialistas descobriram que o novo inimigo da tartaruga-verde é uma doença denominada "fibropapilomatose", um herpes-vírus que produz tumores na superfície e muitas vezes no interior do animal, explica a pesquisadora Ellen Ariel, da Universidade James Cook (Austrália).

Algumas tartarugas afetadas pela doença sobrevivem durante certo tempo quando os tumores são externos, mas estes causam perda de visão, o que dificulta cada vez mais o animal a buscar alimentos e fugir dos predadores. Quando são interiores, os tumores obstruem os órgãos até causar a morte. Uma vez contraído, o vírus pode ficar incubado durante anos, assim como a herpes labial nos seres humanos, mas qualquer circunstância estressante vivida pela tartaruga pode motivar sua manifestação, destaca Ellen.

Por isso, segundo ela, os cientistas acreditam que a doença seja causada por "estresse ambiental", e aparentemente muitas tartarugas doentes ficam em zonas específicas. A pesquisadora acrescenta que o desafio agora é determinar a origem da doença.

Neste ano, no nordeste australiano, houve grandes inundações e a passagem do ciclone "Yasi", desastres que custaram muitas vidas de tartarugas-verdes, diz o diretor-executivo da representação australiana da ONG internacional WWF, Dermot O'Gorman. Muitos leitos vegetais litorâneos, considerados uma importante fonte de alimentos das tartarugas-verdes, foram cobertos com sedimentos e poluição depois das inundações e da passagem do "Yasi".

Nessas condições, as tartarugas doentes não têm a energia para buscar alimentos e morrem. "Muitas tartarugas sobreviveram, mas agora estão morrendo devido aos prolongados períodos de crise de fome", conta Ellen.

Estudos recentes revelam que mais da metade das tartarugas-verdes que habitam a baía Brisk, no litoral da Grande Barreira de Corais, tinham fibropapilomatose, em um nível altíssimo se comparado com as que vivem em outras zonas, nas quais a incidência do vírus é de 5%. O fato de o vírus ser quase endêmico na baía de Brisk levantou a hipótese de que o detonante da doença poderia ser o uso de pesticidas e outros poluentes industriais.

Segundo o WWF, tanto na baía Brisk como em outras partes do mundo, entre elas a Flórida (EUA), o vírus está mais presente em áreas próximas aos assentamentos humanos. Comunidades aborígenes, autoridades, a Universidade James Cook e o WWF uniram forças na região da Grande Barreira de Corais para tentar salvar as tartarugas-verdes e realizar estudos, incluindo a etiquetagem que permite identificar os animais, para poder assim analisar a fundo suas doenças.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade