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Cientista: Brasil não está preparado para epidemia mortal

28 out 2011 - 16h17
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Um vírus letal que se espalha rapidamente por todo o planeta, causando pânico e caos entre a população. O tema do filme Contágio, em cartaz nos cinemas brasileiros, foi debatido nesta sexta-feira por especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio. A iniciativa do debate foi da Foundation for Vaccine Research, dos Estados Unidos.

De acordo com o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde do Rio, Marcio Garcia, o Brasil tem experiência e conhecimento em vigilância e investigação, que faz do País capaz de dar resposta razoável contra um vírus letal.

"Temos uma rede nacional de alerta e resposta que, inclusive, é conectada com a sala dos CDC Centers for Disease Control and Prevention (Centros de Controle de Enfermidades dos Estados Unidos), que aparece no filme, em uma rede internacional. Também temos um programa especializado em investigação de surtos, que é o Epsus, com mais de 100 pesquisadores formados", disse ele.

A infectologista Patrícia Brasil, da Fiocruz, discorda da análise. Ela disse que O Brasil é um País que não consegue conter o avanço de doenças já conhecidas e que podem ser combatidas, como a tuberculose e a dengue, e sequer tem condições de responder a um vírus como o do filme.

"Na verdade, ninguém está preparado para um vírus como esse (do filme Contágio). E nós temos nossos próprios pesadelos, como a tuberculose. Na epidemia de dengue de 2008, foram mais de 300 mil casos, mais de 40% de mortes de crianças. Temos a reintrodução da malária. São muitos os desafios de saúde pública ainda. Nosso sistema de saúde já é caótico, não só o público, com emergências lotadas. Imagine com uma epidemia de vírus letal?", pergunta a pesquisadora.

O pesquisador Mauro Schechter, da UFRJ e membro da entidade que promoveu o debate, lamentou que se invista tão pouco em pesquisa de novas vacinas. Ele defendeu o financiamento de organismos multilaterais em estudos nessa área "Vacina não dá dinheiro. A não ser que seja para algumas patologias, como HPV, cuja vacina é muito cara. Mas criar uma vacina para tuberculose ou malária não é rentável, por exemplo. O Estado tem outros problemas para resolver, como garantir saúde, educação, segurança e transporte para a população. Por isso, há a necessidade de esforços internacionais conjuntos".

De acordo com Schechter, especialista em HIV, para desenvolver uma vacina contra a Aids em dez anos seriam necessários investimentos adicionais de U$ 5 milhões a US$ 10 milhões por ano sobre o que já se investe hoje em pesquisa. "O que é feito hoje é insuficiente", lamentou o pesquisador.

Agência Brasil Agência Brasil
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